Lata de recordação

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A folha era um anúncio num design muito mal-feito. Sério, aquilo poderia ser classificado dois níveis abaixo de amador. "Procuro outro aluno para dividir o aluguel da casa. Interessados, por favor chamar o número abaixo para receber mais informações." E em seguida, o tal número de telefone, mostrava o papel.

Thomas arregalou os olhos. Seria o universo lhe dando um sinal, ou era tudo um fruto do destino? Era um milagre! Como se a resposta para seus problemas tivesse caído dos céus, ou melhor, surgido da camada do inferno chamada "Wismound" e entregue em suas mãos.

Seja lá de onde veio, Thomas não estava afim de criar expectativas tão cedo. Ele poderia facilmente se decepcionar com seu futuro colega de quarto, e se isso acontecesse, não haviam outras opções à vista. Entretanto, o jovem não era tão pessimista ao ponto de descartar a possibilidade por uma simples paranóia, principalmente no desespero em que se encontrava.

Westwell poderia tranquilamente ficar plantado na frente do quadro pela manhã inteira sem nem cansar as pernas, mas a voz do ruivo o tirou de seu estado de transe num pulo antes que perdessem as aulas.

Tom demorou alguns segundos até processar a pergunta, gaguejando e olhando para os lados como se não se lembrasse onde estava, o que fazia e nem mesmo quem ele era.

— O que? Você disse alguma coisa? Eu... Eu estava...

E Matt, que não teve paciência para esperar uma resposta, se aproximou do mural de avisos para descobrir por si próprio o que havia deixado seu colega tão chocado.

— Você pretende se inscrever para o time do jornal da escola?? — Questionou Rheaves, curioso.

Thomas bateu com a palma da mão em sua testa, balançando a cabeça para os lados, talvez por negação, talvez por decepção e - muito possivelmente - talvez ambos.

— Não era nada demais, juro. Só estou meio avoado hoje, não precisa se preocupar. — O de olhos vazios voltou a andar, colocando a mão no ombro do sujeito e forçando-o a acompanhar seu passo. — Vem, vamos logo pra sala.

Então instantes após o sardento começar a se locomover por conta própria, o músico rapidamente se afastou e puxou o celular da mochila para fotografar o anúncio, como se fosse invisível e nem Matt ou Edd estivessem notando absolutamente nada de seu comportamento estranho. (Eles estavam)

Matthew olhou para trás discretamente, meio desconfiado. Edd, que observava a cena em silêncio, encarou o ruivo em busca de explicações, mas desistiu quando viu o amigo na mesma incerteza - se não pior - da que a dele.

Viram o humor de Tom se reerguer uns 45%, com um enorme espanto. Como poderia alguém tão abatido se recompor tão de repente? Nenhum dos dois entendeu nada, mas decidiram relevar por enquanto. Considerando sua situação nada estável, quem não garante que ele tinha perdido um ou dois parafusos?

Portanto "rotineiramente", os três subiram até a sala e se sentaram em seus lugares. Tom puxou seu caderno de composições, mas neste dia, o que ele rascunhou entre as linhas não era nenhuma melodia ou estrofe, nem sequer um desenho mal feito, mas sim, um mapa para seu mais novo plano.

Já que um dos seus maiores problemas foi semi-descartado, sua nova preocupação seria o mistério do anunciante anônimo. Porque ao mesmo tempo que Tom não dava a mínima, ele se importava muito. Não faria diferença conviver com qualquer outra pessoa, desde que ela não pertencesse à panelinha popular. Isso sim seria um inferno! Ele definitivamente preferia continuar em sua casa do que ter que apelar pra isso, mesmo se fosse sua única opção.

Só de pensar naquela possibilidade, ele já estava se tremendo de ódio. Aquela gente folgada não deve ajudar em nada e vai largar todas as tarefas pra cima dele. Eles devem ser o tipo de gente que não tira o resto de comida do prato quando coloca na pia e deixa toalha molhada em cima da cama.

Tomtord - We don't believe whats on TVOnde histórias criam vida. Descubra agora