Clareza

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Eram por volta de umas nove e pouca da manhã quando Tord havia acordado. O sol havia nascido faz um bom tempo, iluminando o jardim e o interior da barraca. Thomas ainda estava do seu lado, adormecido. Ele tinha dormido primeiro, logo não tinha ideia de até que horas o britânico havia acordado. Parecia até mesmo uma pedra de tão pesado que era seu sono. Nem sequer parecia se mover, se dissessem que ele estava morto ali não seria nenhuma surpresa. Enquanto esfregava os olhos com suas mãos e bocejava o mais silenciosamente possível para não acordá-lo, o encarou por alguns instantes. Por algum motivo, vê-lo dormir era algo extremamente agradável. Fitar seu rosto naquele estado tão calmo e confortável trazia até uma sensação de tranquilidade. Embora algumas vezes não nos lembramos deles, sonhamos todas as noites. Quando você apaga, é como se por algumas horas ficasse distante de toda a realidade e se prendesse por um tempo no paraíso gerado dentro de sua cabeça. Paraíso destruído em pedaços quando você finalmente abre os olhos. As vezes estamos simplesmentes cansados de toda a ilusão e ser quebrados todos os dias. Então é por isso que sempre resolvemos matá-los. Mas seria necessário?

O norueguês poderia permanecer ali por horas, mal pode ver o sorriso crescer em seu rosto aos poucos. Mas quando notava sua feição alegre parecia se tornar completamente desordenado. Quando finalmente encontrava a resposta de uma pergunta, parecia que mais cinquenta apareciam. Suspirou enquanto colocava as mãos sobre seu rosto. Estava de fato drasticamente apaixonado pelo seu colega de quarto que jurava odiá-lo faz pouco tempo. Mas não tinha a menor ideia do que faria a seguir. Talvez se ele tentasse ignorar o sentimento ele iria desaparecer por completo? Sem chance, era uma péssima ideia. Aquilo já tinha tomado conta do rapaz por inteiro. Só queria que tudo parasse.
Ele tinha milhares de dúvidas, e tudo o que tinha certeza era de que nunca iria conseguir resolvê-las sozinho.

Talvez com ajuda.

Com todo o cuidado pegou seu celular na mochila, felizmente ainda tinha bateria o suficiente. Apesar de bem fraco, ainda tinha sinal. Sem pensar duas vezes mandou mensagem para Paul e Miyu seguidos um do outro.

- Pai, eu posso passar aí na hora do almoço?

Mordeu os lábios impacientemente, felizmente este obteve uma resposta rápida.

- Claro. Qual a ocasião?
- Preciso conversar sobre algo importante. Eu só vou pra casa me arrumar e já chego aí.
- Pra casa? Onde você está??
- Eu te conto depois.
- Certo, estamos te esperando.

Assim que terminou aquela conversa, não pôde nem mesmo esperar dois segundos até mandar outra mensagem para sua amiga.

- Miyu, eu posso passar aí mais tarde?
- Piá, eu tenho visita hoje. Então talvez você precise vir um pouco mais tarde.
- Sem problemas, que horas eu posso aparecer aí?
- Posso te ligar depois do almoço pra te avisar?
- Perfeito, por mim tudo bem.
- Se cuida, baixinho.
- Miyu, eu sou mais alto que você.
- Vai continuar sendo meu pequeno Tord. - Enviou com um emoji de coração ao lado.

O de agasalho vermelho revirava os olhos numa risada nasal. Balançou a cabeça para os lados antes de meter o aparelho dentro da mochila novamente. Se sentia um pouco melhor do que a poucos minutos atrás. Confiava nos outros dois mais do que em si próprio. Tinha a esperança de que conseguiria resolver todos os seus problemas naquele dia. Mas se caso quisesse fazer isso, precisaria sair dali naquela hora. Afinal, já eram nove e quarenta e cinco e ele precisaria pegar um ônibus pra casa, se arrumar, pegar outro ônibus e chegar na casa de seus pais ao meio dia. Além de ter que pegar outro ônibus de volta pra onde moravam e ir até a casa da Miyu a pé. Céus, estava totalmente exausto apenas de pensar. Mas é, faria tudo para se resolver com si mesmo e achar as respostas que precisavam. Então levante, raio de sol! Vai ser um grande dia pela frente.

Tomtord - We don't believe whats on TVOnde histórias criam vida. Descubra agora