Capítulo-3

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Refinery Rooftop é um dos meus bares favoritos em Nova York. Com uma decoração moderna e confortável, faz o cliente se sentir muito à vontade, o teto de vidro nos permite ver o Empire State, que hoje brilha nas cores vermelho e dourado.

Estou cada vez mais apaixonada por esta cidade.

Lauren está sentada na nossa mesa de sempre, bebericando um drink.

— Está atrasada. — Ela diz assim que eu me acomodo na cadeira à sua frente. — Como foi o treino?

— Foi legal. Vi o Dom no chuveiro. — Comento, despreocupada. Lauren quase se engasga com seu drink de canela.

— Como assim? — Ela arregala os olhos.

— Entrei no banheiro errado. — Falo séria. Ela ri, tossindo sua bebida para todo lado.

— Não ri! Fiquei morta de vergonha! — Lauren está vermelha e com os olhos lacrimejando. Acabo rindo também.

— Assim você me mata! — Ela se inclina sobre a mesa para falar mais baixo. — Me diz uma coisa... O pacote é grande? — Seus olhinhos castanhos brilham de divertimento.

— Lauren! — A encaro fingindo estar horrorizada.

— O quê? — Ela faz cara de inocente.

— Infelizmente tinha uma toalha atrapalhando minha visão.

— Isso é uma pena. — Ela parece decepcionada.

— Pelo menos vi seu tanquinho.

— Quantos gominhos ele tem?

— Oito. — Mordo os lábios quando lembro.

— Jesus...

— Exatamente.

Conto todo o ocorrido, fazendo Lauren dar altas risadas.

O garçom chega para anotar o pedido. Lauren pede mais um drink de canela. Eu peço uma Gim Tônica com limão.

— Como você consegue beber isso? — Faço uma careta.

— É uma delícia, você deveria superar esse seu preconceito contra canela.

— Não é preconceito. Eu odeio canela.

— Frescura.

— Frescura nada. Agora deixa de enrolar e me conta o que a senhorita andou aprontando com o português.

Ela sorri diabolicamente.

— Fui jogar o lixo fora, ele também estava jogando o dele e então veio com um papinho de que, se eu precisasse de ajuda para trocar uma lâmpada ou abrir um pote de picles, era só o chamá-lo. Eu disse que não precisava de ajuda e que se ele quisesse realmente flertar comigo, deveria usar uma abordagem mais original.

— Mentira?! — Eu nunca conseguiria ser direta com um cara dessa forma.

— Verdade! — Lauren ri e toma um gole do seu drink — Então ele foi bem direto ao ponto e eu também, é claro. Ele me levou para jantar e depois fomos para casa dele. — Ela toma mais um gole. — E, aí enquanto estávamos no quarto, o gato dele fez xixi na minha bolsa.

— Xixi na sua bolsa? — Tento segurar minha risada quando o garçom chega com meu drink e eu o provo, gemendo de satisfação ao sentir a acidez do limão na minha língua.

— É. Ele ficou todo envergonhado, disse que o gato estava simplesmente marcando território. Na minha bolsa Prada.

Eu rio.

— E o que foi que você fez? Mandou ele lavar sua bolsa? Aliás, como que se chama esse português?

— O nome dele é Santiago, nome diferente, não é? — Lauren não me deixa responder. — Só disse que ele ia pagar minha bolsa, então eu falei o valor. Santiago ficou abismado, me chamou de fútil por gastar essa quantia de dinheiro numa bolsa. A gente brigou, disse que ele era um idiota egocêntrico e que o gato dele tinha incontinência urinária. Encerrei a noite vestida no meu pijaminha confortável, assistindo Lúcifer na Netflix com a Joanne. Acho que não foi dessa vez que eu encontrei meu príncipe.

Ligados ao Passado (Degustação)Where stories live. Discover now