Capítulo-8

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Dom me entrega um copo d'água. Eu realmente não esperava que meu primeiro passeio de moto me deixasse assim. Estou tonta e um pouco enjoada.

— Está se sentindo melhor? — Ele me pergunta depois de eu bebericar alguns goles.

— Sim... — Rio sem graça. — Desculpe.

Dominic ri e senta ao meu lado no sofá. Não há sinal de Kall, ele deve estar dormindo na minha cama.

— Não se preocupe com isso. — Ele pega o copo da minha mão e o coloca sobre a mesa de centro. — Preciso te contar uma coisa.

— Se for sobre sua namorada... O Ryan me contou...

Ele não pareceu surpreso, apenas me encara sem mostrar nenhuma emoção.

— O que ele te disse?

— Que ela... Morreu de overdose.

Dominic simplesmente concorda com a cabeça e fica com um olhar vazio. Vê-lo assim me corta o coração.

— Dom... Você não tem culpa pelo que aconteceu. — Seguro seu belo rosto entre minhas mãos.

— E como você pode saber disso?

— Eu conheço você...

— Não, Katherine. Você não me conhece.

— Então deixe-me conhecê-lo...

Ele parece em agonia.

— Fiz coisas... cruéis... Terríveis... Coisas de que vou me arrepender pelo resto da minha vida. Eu não era esse cara que você conhece hoje...

Fico em silêncio, esperando que ele me conte mais.

— Ryan e eu moramos em Camden até os oito anos... Nossa mãe era uma prostituta, Kat, ela... — Ele respira fundo. — Ela foi espancada pelo cafetão. Ryan e eu presenciamos tudo. Depois... Depois que ela morreu fomos para um abrigo. — Uma lágrima solitária escorre pela sua bochecha e ele a enxuga como se estivesse com vergonha de chorar na minha frente. — Fomos transferidos para a Fundação Reveil. Nunca fomos adotados. Até que o nosso pai biológico foi nos procurar, a gente tinha uns 13 anos na época... Um pouco depois ele nos introduziu na MS-13.

— MS-13?

— Mara Salvatrucha... a máfia, querida.

— Meu Deus... O pai de vocês fez isso?

— Ele era e ainda é um dos subchefes da MS-13. Ryan será o sucessor.

Sinto-me empalidecer.

— Se você quiser que eu vá embora eu entendo. — Dominic começa a se levantar, mas eu seguro seu braço.

— Continue.

— Mas...

— Continue, Dom. — Olho dentro dos seus olhos, mostrando firmeza. — Eu quero ouvir tudo.

Ele passa as mãos pelos seus cabelos, os deixando em completa desordem.

— Era eu quem cobrava as dívidas e lidava com os traidores, o executor... Não me obrigue a falar o que eu fazia com eles...

— Dom...

— Espere... deixe eu terminar de falar.

Concordo com a cabeça.

— Eu cobrava as dívidas, lidava com a merda... e o Ryan traficava. Ele era muito bom no que fazia... ainda é.

— Meu Deus...

Ligados ao Passado (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora