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— Gwen o que houve? Já estamos aqui há muito tempo e você não fala nada. — Pergunta pela décima vez durante essa última hora.

— Minha mãe morreu. — Respondo direta.

— Ah, eu... eu sinto muito. — Fala baixo.

— Não sinta. — Rebato séria e levanto, pegando minhas peças de roupas para vesti-las.

— Sinto sim, é a sua mãe. — Diz me seguindo.

— Billie, quer saber? — A olho após terminar de vestir minhas roupas e a vejo arquear a sobrancelha esquerda. — Vai se foder você também. Enquanto nós fodemos, eu fodo o meu psicológico imaginando que estamos juntas ou iremos ficar um dia. E sabe de uma coisa, não vamos ficar juntas. Porque não quero viver assim, muito menos com você. — Não desvio nossos olhares em nenhum momento. — Então me esquece, me deixa em paz. — Finalizo e calço meus tênis.

Bato a porta com força e saio o mais rápido do local. Não era tão longe, mas ainda sim renderia uma longa caminhada.

[...]

— QUE PORRA VOCÊ FEZ JAKE?! — Grito entrando na sua "casa" que mais parecia um barraco misturado com um laboratório químico.

— G, precisa se acalmar primeiro. — Pede se levantando.

— ME ACALMAR? VOCÊ ENTENDE O QUE DEIXOU ACONTECER? EU 'TÔ FODIDA! — Grito desesperada. — FO-DI-DA! — Soletro.

— G não aja como se não me conhecesse. Nunca deixaria algo assim acontecer com você. — Fala tentando me tocar mas me afasto brusca.

— VOCÊ MATA PESSOAS AS VICIANDO NESSAS MERDAS 'PRA GANHAR DINHEIRO. ACHA MESMO QUE TE CONHEÇO? — Questiono.

— Nós sempre fomos diferentes. — Insiste calmo.

— NÃO. EU, EU FUI DIFERENTE. MAS PARECE QUE CONFIAR EM VOCÊ SENDO DIFERENTE NÃO MUDA NADA, VOCÊ APODRECE AS PESSOAS. MEU DEUS, VAI A MERDA. PUTA QUE PARIU. SEU MERDA! — Surto o disferindo tapas.

— Entendo o que está sentindo. Me desculpa por não estar aqui 'pra proteger você. Nunca irei me perdoar por fazer isso. — O ruivo me abraça, impedindo meus tapas de continuarem. — Você é como a minha irmãzinha que deixo em casa todos os dias antes de vir 'pra cá. E como ela, só quero te proteger, me desculpa por falhar. — Me permito chorar.

Não sabia ao certo o motivo do meu choro. Minha mãe sempre foi um trabalho a mais que a vida me deu, além de todo o resto, é eu sei destino de merda ela teve. Mas não estou triste, algo em mim dizia que mais cedo ou mais tarde, da forma que fosse, as drogas seriam o motivo de todas as suas possíveis mortes. E aqui estamos nós. O choro era uma forma de alívio, tudo tinha finalmente acabado era como se pudesse começar do zero, mas estava perdida, por onde começo?

— O que eu faço Jake? — Pergunto olhando para o nada com a cabeça em seu pescoço.

— Sai daquela casa. Ninguém pode saber que sua mãe morreu ou vão te entregar 'pro Estado. — Diz.

Por mais filha da puta que ele possa ser, levo todos os seus concelhos a sério.

— 'Pra onde vou? — Indago.

— Vou te dar dinheiro até você arrumar um emprego. O verão 'tá chegando, tenta pegar um turno no cinema do Centro. Conheço o dono te recomendo 'pra ele, se for uma boa funcionária você tem chances de ficar lá o ano inteiro. — Fala e concordo com a cabeça. — Fica em um hotel. Sem muitos detalhes, o que tem perto da sua escola, não perguntam idade. — Conta sorrido de lado travesso.

— Quer foder comigo? — Sugiro o encarando.

Ele é bonito. Podem acreditar em mim, alguns aninhos mais velho, deve ter vinte e poucos. Não conversamos sobre isso. Ruivo, alto, tem uma voz suave, barba rala. Não me importo de abrir as pernas para ele.

— G, que isso. Você é tipo a minha irmã. — Diz rindo.

— Mas não sou, fode comigo. Só essa noite. Já vende drogas mesmo, matou a minha mãe. Cuida de mim essa noite, do jeito que preciso. — Mordo seu pescoço.

— G... — Me repreende.

— Mete em mim. Não precisa fazer nada, só deixa eu sentar em você. — Falo.

— Não é certo. — Fala firme.

— Não é certo mas está duro. — Dou risada. — Qual é? — Começo a rir.

Meu riso é cortado com seus lábios encostando os meus. Nunca transei com tanta raiva na minha vida, tinha a leve impressão de que não conseguiria andar direito no dia seguinte. Não era como se nunca tivesse acontecido, sempre faço caber.

[...]

— Bom dia! — Fala Aimée abrindo o seu armário ao lado do meu.

— Bom dia. — Sorrio sem mostrar os dentes.

— Como foi fazer aquele trabalho? — Pergunta curiosa.

— Trabalho? — Pergunto perdida.

— De matemática. O último. — Fala me olhando confusa.

— Deixa eu copiar do seu? — Peço.

— É agora no primeiro período. — Sorri de lado triste.

— Eu tiro foto, copio embaixo da arquibancada e finjo que cheguei atrasada. — Sorrio. — Viu o plano perfeito. — Arqueio as sobrancelhas a arrancando uma risada.

— 'Tá bom. Vai logo já vai dar o sinal. — Avisa abrindo a mochila.

— Obrigada. — Agradeço.

[...]

Caminho apressada para a quadra não queria ser pega, meu plano não poderia dar errado. Bato com força no ombro de alguém. Olho para trás para me desculpar, era Billie.

— Vai se foder Qwendoline. — Diz áspera.

— Claro. Com o seu irmão, uma delícia. — Rebato a dando o dedo do meio, sigo o meu caminho.

Será que o irmão dela tem cabelos loiros e olhos azuis? Porque se tiver não me negaria de transar com ele. Sorrio de lado. Eu não prestava. Talvez essa tenha sido a minha herança de família.

Se quiserem saber, consegui entregar o trabalho, última nota antes das férias garantida. Estava mancando um pouco, mas nada que uma mentira como: "Ah caí na escada da minha casa." Não engane. Aimée era tão inocente, deveria me sentir mal por estar mentindo para ela, mas ultimamente tenho me sentindo mal por coisas demais. Tem problemas que não são meus e não irei lidar como se fossem. Sim, isso é um enorme e decidido foda-se.

College • Billie Eilish Where stories live. Discover now