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— Hey Gwen, pode falar agora? — Era uma voz tão conhecida.

— Aimée? — Indago surpresa a encarando e a mesma concordar sorrindo de lado, visivelmente nervosa. — Meu turno termina em cinco minutos, se puder esperar. — Sugiro sem jeito limpando o balcão de vidro.

Há alguns, bons, meses atrás Claudia havia pedido para sair então cubri o meu turno e o dela por algum tempo até que outra pessoa fosse achada para ocupar o seu lugar.

A um mês também havia pedido para sair, então estava trabalhando apenas até outra pessoa pegar no meu turno. No caso, na próxima semana, era minha última sexta. Era melancólico. Depois de dois anos.

É, um período de tempo já havia se passado. Virei praticamente uma moradora do Hotel e acabei ganhando descontos não pagando quase nada pelo quarto alugado lá. Estava trabalhando ainda no cinema, bom até hoje, guardei dinheiro para a faculdade mas como posso dizer isso, os planos mudaram.

Billia estava fazendo faculdade de gastronomia. Meio inesperado, mas estava tentada a também virar tatuadora. Nós estávamos conversando bastante sobre isso ultimamente.

Finneas, bom, a gente brincava muito com a sua fama, esta que é verdadeira e extremamente grande.

— Pronto. Quer tomar um café perto daqui? — Convido acenando brevemente para o funcionário do turno seguinte.

— Claro. — Concorda.

Fomos em passos calmos até uma cafeteria próxima, não falamos muitas coisa no caminho.

— Como estão você e Billie? Quer dizer vocês estão junta né? — Pergunta ficando envergonhada após dar um gole em seu cappuccino.

— Sim, estamos noivas desde o segundo ano do High School. — Revelo para ela a vendo erguer a sobrancelha direita surpresa.

— Sobre tudo o que aconteceu dois anos atrás. Me desculpa, me encontro em uma fase da vida onde estou revendo minhas escolhas e conceitos. Não fui justa, nem sincera com você. — Começa e concordo com a cabeça. — Gostava de você naquela época, e sendo honesta, ainda gosto um pouco. Mas sei que você e Billie são feitas uma para outra, e desejo que fiquem juntas. Queria me desculpa pelo afastamento, nem sequer quis olhar para você e conversar. Sei que aquele período foi difícil para vocês as duas, me desculpa por ter as deixado sozinhas, porém, não foi fácil 'pra mim também. — Explica e continuo a encarando compreensiva. — Preciava perceber e resolver os meus sentimentos sobre um "a gente" que não existiu e nem nunca iria existir, com toda aquela situação acontecendo. Só... — Suspira antes de continuar. —...Só queria dizer que estava sendo complicado e pedir perdão. Se pudesse voltar a ser minha amiga, como erámos, no início claro. — Sorri de lado constrangida.

— Claro que te perdoo. Senti falta de você, por todos esses anos. Você foi e é uma amiga incrível, obrigada pela ajuda que me deu em algumas das vezes que precisei e também por me deixar colar dos seus, os trabalhos difíceis. — Digo a fazendo rir. — Quero muito manter contato mesmo que de longe. — Falo.

— Longe? — Indaga confusa.

— Irei me mudar 'pra Londres, com Billie e a sua família, em algumas semanas. — Revelo. — Mas podemos manter contato e quando, sei lá, não estiver trabalhando ou estudando, pode ir 'pra lá. Vamos te mostrar tudo, ser suas guias de turismo. — Digo sorrindo.

É, iríamos nos mudar, todos. Apesar de tudo ter acabado, todas as coisas ruins para mim, Billie e sua família ainda estavam marcadas. Como se fossem tatuagens em nossas almas.

Óbvio que esses últimos dois anos foram incríveis e marcados por várias conquistas e bons momentos, mas, ainda assim carregavamos um segredo e naquele lugar todos de alguma forma pareciam saber.

A fatídica impressão por todo mundo se conhecer há anos.

Havia achado um apartamento bonito, pequeno e compacto. Era Billie e eu. Ninguém mais, seria o suficiente.

Londres era linda, uma cidade que me trazia um incrível aconchego e calor em um dia frio de inverno. Estava satisfeita com nossas escolhas e principalmente esta.

— Agora tem meu número de telefone, me mande mensagens quando quiser. — Falo a Aimée enquanto saíamos da cafeteria após botar todos os papos em dia acompanhadas de uma enorme xícara de cappuccino.

— Irei. Boa viajem, Gwen. — Se despede me abraçando.

— Obrigada, se cuida por aqui. — Sorrio retribuindo a breve demonstração de carinho.

Ando na direção contrária a sua após a acenar, chego em poucos minutos a estação e pego um metrô para perto do Hotel.

[...]

— Olha quem chegou! — Billie diz, jogada na cama em meio a inúmeros resumos e livros, assim que me vê passar pela porta.

— Eu cheguei amor. — Sorrio fechando a porta e a trancando para largar minha mochila sobre um móvel próximo. — Muitas provas? — Pergunto curiosa tirando o meu par de All Star surrados os deixando próximo a porta.

Uma das coisas que os anos me trouxeram foi sem dúvidas organização e rotina. Minha vida melhorou, juro, saia para correr pela manhã, lia livros, ia na terapeuta. Estava muito realizada internamente.

— Não muito, essa é a última, quero aprovar 'pra poder transferir 'pra Londres caso não queira virar tatuadora. Você sabe, 'tô amando essa ideia. — Diz sorridente.

— Amor, o que quiser fazer. Pode ser os dois, lá será uma nova etapa pode se dividir e fazer os dois, tem potencial 'pra que isso aconteça. — Dou de ombros retirando minhas roupas.

— Seria uma boa ideia, passar o dia tatuando e chegar em casa 'pra fazer um jantar incrível 'pra nós. Participar de pequenos concursos de culinária, ia ser demais. — Devaneia.

— Mas 'pra que isso aconteça volta a estudar. — Repreendo rindo. — Antes de voltar, Aimée foi no cinema hoje e pediu 'pra conversar. Explicou os seus motivos e agora somos amigas novamente. — Conto fazendo Billie me encarar.

— Isso é ótimo! Quer dizer, depois de dois anos é algo que surpreende, mas é incrível. Ela sabe que vamos embora né?— Questiona.

— Sabe. Até a convidei 'pra tirar férias lá um dia desses. — Compartilho.

— Seria bom. — Concorda e fecha seus livros.

— Vai estudar Billie. — Digo baixo a vendo se levantar e rapidamente vir em minha direção.

— Todo mundo te pediu favores e se aproveitou de você. Agora é a minha vez.
— Sorri maliciosa passando as mãos pela minha cintura.

— Só se me prometer que depois vai voltar a estudar. — Indago entrelaçando meus dedos em sua nuca.

— Prometo qualquer coisa. — Sorri mostrando os dentes antes de me beijar.

Aquela banheira era nossa segunda cama.


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