Capítulo Setenta e Um

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Maria e Ana têm outra coisa em comum; a paixão pela música. Há uns meses que a banda de Maria ensaio no anexo da casa dela, mas no entanto, ainda não dei nenhum concerto.

Maria sente que a culpa é dela. Porque, por mais que ela ensaie, nunca se sente à vontade de cantar em público. Maria tem uma voz linda, conhece o reportório todo e tem as letras da música na ponta da língua.

Peter, o guitarrista, e Bruno, o beatmaker, não sabem o que fazer para ela enfrentar esse medo. A esperança deles reside agora em Anastásia, que prometeu Maria a ultrapassar esse medo.

- Peter quer estrear a banda num evento do colégio. - conta Maria a Ana, apreensiva. - E eu disse que sim. Mas falta tão pouco tempo...

A aproximação de uma exposição de arte no colégio foi o pretexto ideal para os amigos a convencerem a aceitar o desafio. Maria sabe que chegou a hora de o fazer, mas não significa que já se sinta preparada.

- Eu ajudo. Vai correr tudo bem. - diz Ana, transmitindo confiança para ela.

E, nessa noite, Anastásia assiste, pela primeira vez a um ensaio. Maria canta, Peter toca e Brinco faz milagres no computador. Os três soam lindadamente e, ao ouvir-los Ana lembra-se do porquê é que gosta tanta de música.

Enquanto tocam e cantam, os três amigos têm expressões de absoluta felicidade. É como se o mundo, com os seus problemas, deixassem de existir. E era exatamente assim que Ana se sentia quando cantava.

- Boa meninos! Vocês são excelentes. Vai ser um concerto inesquecível.

A música tinha recarregado as energias de Ana, o que era importante para enfrentar o dia a dia na casa dos Grey. A alvorada é bem cedo, e antes que as crianças acordem, a cozinha é transformada num autêntico centro de operações. Há sempre tanta coisa para preparar.

- Tem que se organizar melhor! - diz Rosa, com o seu mau humor habitual. - Eu percebo que não esteja habituada a trabalhar com crianças, ainda mais cinco, mas eu não posso ficar à espera que você me dê as indicações no próprio dia.

- Peço desculpa se houve alguma falha da minha parte. Estou a tentar dar o meu melhor. Quais foram as indicações que eu me esqueci? - pergunta Ana, diplomaticamente.

Gail assiste à conversa com o quem assiste a um torneio de pingue-pongue. Ana-Rosa-Ana-Rosa-Ana-Rosa. A bola salta de um lado para o outro, e nenhuma das duas está disposta a deixar cair.

- Os horários dos meninos. Se você está impedida de conduzir, é óbvio que tenho que ser eu a levá-los e a apanha-los, depois das atividades.

- Certo, Rosa, mas isso tinha ficado tudo definitivo antes de Mia e Ethan partirem de viagem. E, na verdade, você já sabe os horários da escola e das atividades das crianças, melhor que eu.

- E se não sabe, já devia de saber. - intervém Gail, tomando o partido de Ana.

- Nesse caso, Gail, você também devia de saber que, quase todos as semanas, há mudanças de horários. Se Anastásia foi contratada, tem de trabalhar e assumir as suas responsabilidades.

- Ok. - responde Ana. - Então eu fico encarregada de verificar os horários das atividades. Quer me passear mais alguma coisa?

- Os almoços e os lanches de Alice. Ela quer sempre levar comida especial para a escola e é preciso ver isso, todos os dias, o que é que ela quer.

- Ei, esperem aí! - exclama Gail. - Cozinhar é comigo. Não vai passar todo o trabalho para Ana.

É claro como água, que Rosa só quer implicar. Não se trata de organizar o trabalho e reparti-lo de forma justa, mas sim de testar os limites de Ana.

O que Rosa não sabe é que Anastásia também tem o seu feitio. É a primeira a querer ajudar, mas quando são injustos com ela, ela não se cala!

- Ok, Rosa, eu vou pôr tudo discriminado numa filha, para sabermos quem faz o quê, sem nos atropelarmos umas às outras. - anuncia Ana. - E já agora, você faz mesmo que quê, Rosa?

A pergunta pega a empregada de surpresa e deixa-a nomeadamente sem palavras. Mas só por um instante, pois logo de seguida, Rosa empertiga-se e, de mão na cintura, enfrenta Anastásia.

- Eu?! Eu faço tudo o resto, qual é a dúvida?

- Quero, por escrito, todas as suas funções, por favor - pede Ana de forma firme. - Para eu afixar aqui, na cozinha. Obrigada.

A partida de pingue-pongue é terminada por Anastásia, que gira as costas e sai da cozinha, sem que Rosa tenha a oportunidade de respingar. O público - ou seja Gail - vibra com o resultado do jogo.

- A moça é nova, mas é forte! - elogia a empregada mais velha da casa.

- Uma mal educada, isso sim! - vocifera Rosa.

Ela sabe que Ana ganhou esta batalha, mas isso não significa que vença a guerra. E Rosa não está disposta a baixar a guarda.

"Nem ela sabe o que a espera.", pensa para si.

First Love (CONCLUÍDA)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon