Prefácio

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            Eu nunca pensei muito em como iria morrer. Não! Na verdade eu pensei sim.
Sempre pensei em como isso aconteceria. Talvez fosse pela forma como eu encarava a vida, ou, como me fizeram enxerga-la. Parece que eu estive dormindo por mil anos e mesmo acordada ainda sinto que estou adormecida.

Minha mãe costumava dizer que: "Boas moças nem sempre possuem boas intenções. Tal como as moças perversas, nem sempre são mal intencionadas."

Acho que ela dizia isso para que eu não guardasse ressentimentos quando algo saísse do controle.

Mas eu tinha essa sensação de estar flutuando fora do meu corpo, olhando para mim. Um telespectador em minha própria vida.

Me deixe em paz!

Por favor!

Calem a boca!

E eu não estava com medo. Eu só não sentia nada.

Meus olhos nadavam em lágrimas que escorriam pelo meu rosto naquela madrugada, enquanto eu estava encolhida em minha própria escuridão sentindo meus ossos gélidos perfurarem minhas entranhas.

O choro estava entalado em minha garganta me sufocando de maneiras apavorantes, dentro daquele pequeno quarto.

Eu estava enlouquecendo, aquelas vozes eram turbulentas e ensurdecedoras, não cessavam e não me deixavam em paz.

Respirei pesadamente ainda ouvindo aquelas vozes, todas ao mesmo tempo, como um simples sussurro em meu ouvido.

-Chega, por favor!- Peço suplicante em um murmúrio, apertando os olhos fortemente tentando afastar todas aquelas vozes.

Todo começo tem seu fim trágico e o meu não poderia ser diferente. Foi assim que eu concluí que finais felizes só acontecem em filmes.

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