[extra] Ressaca (parte 03)

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5h antes.

Uma vez, num filme, vi uma frase muito interessante: Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.

Quero saber quando é que eu começo a voar, soltar laser pelos olhos, ser super rico (o superpoder do Batman – claramente o melhor de todos), porque responsabilidades eu tô tendo aos montes, poder que é bom, nada.

Então, não acreditem nisso aí. Grandes responsabilidades não necessariamente trazem um super poder, o que é uma droga, eu sei.

Agora, a pessoa que disse que a vida não é justa, essa sim estava coberta de razão.

Estávamos todos sentados na recepção do National Hospital, o pronto socorro que ficava mais perto da boate. Ninguém fazia ideia do que tinha acontecido com o pé de Jessie, incluindo ela mesma, então esperávamos além de encontrar Ian chorando agarrado com a perna do médico, implorando para ir embora (o que era a cara dele, vamos combinar), que ele nos desse algumas respostas.

— Eu deveria tanto ter ficado na festa da Olive. — Hillary murmurou, emburrada, sentada na cadeira do hospital onde aguardávamos o atendimento do Dr. Stan Harris, o médico que tinha atendido o pé contundido de Jessie na noite anterior. Infelizmente, Ian não estava no hospital em coma, então ainda não sabíamos onde ele estava. — Embora eu fosse provavelmente tentar me matar de tédio com o garfo de plástico do bolo, às 22h eu estaria deitava na minha cama e sequer sonharia em ser drogada e perder um dos meus sutiãs preferidos. Mas Ian não podia ter um número decente de amigos que me permitisse isso. Não. Ele tinha que ser o Simmons que deu errado.

— Não fale assim do seu irmão. — Jessie disse, dando um empurrão no ombro direito de Hillary, o que fez com que ela esbarasse no meu ombro. — Ele é peculiar, mas é o meu melhor amigo.

— O meu melhor amigo. — Murmurei.

— Você não se enxerga mesmo, não é, Franklin? — Jessie disse, se colocando de pé na minha frente. Ela não era muito imponente no alto de seu 1,60m e mancando como um pato. — Vamos deixar as coisas bem claras aqui: Se Ian fosse Ted Mosby, eu seria Marshall Eriksen e você Barney Stinson, aquele que acha que é o melhor amigo.

— Eu acho que vocês dois são os melhores amigos de Ian e pronto. — Jimmy disse.

— Você está errado. — Jessica disse.

Jimmy deu de ombros, voltando a ler uma revista velha que ficava na recepção. Tinha uma criança chorando, que parecia ter decidido que aquele era o momento para testar o quão alto podia berrar.

Eu não podia fazer nada, porque quando eu ofereci um pirulito para que ela parasse de gritar, a mãe me bateu com um jornal enrolado, me chamou de tarado e ameaçou chamar a polícia. Acho que ela não entendeu de que pirulito eu estava falando. E tudo ficou ainda pior quando a criança continuou chorando, mas dessa vez apontando para mim e gritando "tio, me dá o pirulito". Nada legal.

Felizmente, não demorou muito para que o médico chamasse Jessica. Todo mundo olhou estranho para nós quando os quatro levantaram para ir à sala. Eu estava sujo de chão de boate, então, se tem algo que eu não sou nesse momento, é obrigado.

Entramos na sala do Dr. Stan e eu notei claramente quando um olhar de reconhecimento se fez visível em seu rosto.

— Vocês voltaram! — O médico disse, indicando as cadeiras para Hillary, Jimmy e eu enquanto guiava Jessie para uma maca, no canto.

— Você se lembra de nós? — Jimmy perguntou, ficando de pé num ímpeto.

O médico parecia tão complacente que eu quase consegui visualizá-lo com uma auréola.

Você e Eu (Concluído).Where stories live. Discover now