Prologo

601 20 0
                                    

A Morte disse
Sungjae chorava alto, tentando desvencilhar-se dos braços do pai.
A gritaria daquele lugar estava deixando-o confuso, sua cabeça começava a rodar e doer, enquanto vozes ecoavam dizendo coisas sem sentido.
A vermelhidão e o inchaço dos olhos estavam mascarados pela luz quente e alaranjada que interrompia a escuridão daquela noite. A lua brilhava cheia no céu sem, naquela ocasião, chamar nenhuma atenção.
Todos os moradores daquele bairro estavam com os olhos fixos na grande casa em chamas, a sua frente.
- Eles vão achá-lo, querido, tenho certeza disso. – disse sua mãe, chorando junto.
O menino gritou alto, fazendo força para sair do abraço do pai.
Seu desespero chamava tanta atenção quanto a ambulância a frente da casa que socorria duas das quatro pessoa que, anteriormente, estavam ali dentro.
Um homem e uma mulher tinham leves quiemaduras e algumas poucas escoriações pelo corpo, mas estavam concientes e bem, exceto pela preocupação com uma terceira pessoa.
Yuki Sungjae , estudante de uma universidade, era uma das quatro pessoas que estavam ali dentro, e de todas, a mais segura.
Ele e os amigos haviam ido passar a passagem de ano na fazenda de seu avô a dois dias, mas na casa dos pais de um desses amigos, as férias haviam perdido completamente o sentido... Ou pelo menos estavam perdendo.
Ele queria vê-lo bem, vê-lo a salvo, mas os bombeiros pareciam ter entrado lá há séculos e nada de notícias.
Na lateral direita da casa ouviu-se um alto estrondo e calou a todos os espectadores da tragédia, que antes gritavam, e em seguida houve uma explosão naquele lado.
Era como se uma enorme baleia de chamas saltasse subitamente do chão, dando uma investida na parede da casa e, assim, destruindo-a.
Ouvia-se então apenas o som das labaredas queimando a madeira.
Sungjae gritou novamente, quase sendo chegado pelas próprias lágrimas. Ele, usando as últimas forças de seu corpo exausto, desvencilhou-se de seu pai, correndo em direção a casa em chamas, que agora parecia um grande titã de fogo, diante dos meros olhos mortais daqueles cidadões que não ousavam desafiá-lo.
Ele chutou a porta, que facilmente caiu no chão, quebrada.
Sentiu-se, então, no próprio inferno. Só se via restos do que já haviam sido móveis e a estrutura de madeira da casa, agora fraca e degradada. O vermelho e amarelo pareciam difundir-se sem nenhuma distinçãos diante dos olhos do rapaz.
Ele gritou pelo nome do amigo, desesperado, mas não ouve resposta.
Correu então ao andar de cima, tomando cuidado na escada despedaçada que já caia sozinha.
Correu pelo corredor suspenso do segundo andar, escapando de estacas em chamas por pura sorte. Sentia-se como se houvesse alguém junto de si, exatamente ao seu lado, afastando todo o perigo que ousasse ameaçar sua vida.
Abriu a porta do quarto do amigo com um empurrão e parou de súbito, completamente paralisado, debaixo do batente quiemado. Era como se estivesse debaixo de um arco em chamas, vendo algo que seus olhos denunciavam, mas sua mente não queria aceitar.
O corpo de um dos seus melhores amigos, da pessoa que faltava do lado de fora da casa com ele, jazia no chão em meio ao fogo. As roupas estavam rasgadas e a mão direita tinha uma marca enorme de quiemadura, uma circunfência levemente deformada que fez Sungjae supor que o amigo tinha tentado escapar e acabara ganhando a quiemadura ao tocar a maçaneta quente da porta.
Seus olhos estavam fechados, mas seu rosto não expressava nenhuma dor.
Sungjae deu um passo a frente, mas depois recuou, notando uma enorme silhueta ao lado do rapaz. Era uma enorme sombra que parecia estar de quatro, como um animal selvagem checando a vitalidade da sua presa.
O rapaz pegou um objeto qualquer em cima da cômoda e atirou na sombra, chocando-se ao ver o objeto adentrar a escuridão do semblante assustador, como se tivesse sido absorvido por ele.
O loiro chamou novamente pelo amigo, que não se mexeu. O corpo parecia... Sem vida.
Corajosamente, deu um passo a frente, mas viu a sombra levantar-se imponente e rugir alto, como um urso.
Não calculou-se nem uma fração de segundos entre o rugido do animal, o grito do rapaz e uma segunda explosão, que jogo o corpo de Sungjae por cima da cerca do corredor suspenso do segundo andar, fazendo-o cair direto no primeiro, e ter sua visão apagada, primeiramente por um forte clarão vermelho, e depois por uma densa escuridão.

Dark summer Место, где живут истории. Откройте их для себя