Cap 10

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- Acho que é essa a casa. – Rose disse.
Eles estavam todos diante de uma pequena casa de madeira. Não havia garagem ou qualquer outro espaço na frente dela. Apenas uma cerca azul clara, que vinha metros antes de uma varanda onde tinha uma cadeira de balanço e a porta de entrada.
- O endereço que estava na contra-capa do livro é esse. – disse Momo , e bateu palmas.
Eles ficaram em silêncio até um senhor de cerca de 70 anos de idade abrir a porta.
- Pois não? – ele disse.
- Senhor...JYP?
- Eu mesmo, - ele disse simpático. – O que querem?
Jungkook deu um passo a frente, esgueirando o pescoço por cima da cerca.
- Senhor, nós queríamos a oportunidade de conversar com o senhor sobre um dos livros que você escreveu. – o velho continuou parado, observando-os. – Er... A lenda Meia Noite.
Mais do que instantaneamente um sorriso surgiu no rosto daquele homem, que assentiu e os convidou para entrar.
Ele os guiou até uma sala pequena e os deixou esperando no sofá, voltando algum tempo depois com uma bandeja cheia de biscoitos e chá.
- Pois então... – disse ele. – O que exatamente querem saber sobre Meia Noite.
Os seis se entreolharam e Sooyoung suspirou alto, voltando o olhar para o homem.
- A lenda... Aquilo aconteceu mesmo?
- Se você perguntar isso para a cidade inteira, provavelmente oitenta por cento dela dirá que sim... Essa é a história quase oficial da origem desse vilarejo.
- Então havia um velho, e ele praticava magia negra?
- Havia tanto quanto havia o totem que vocês já devem ter visto. – velho garantiu.
- E... Bem, - Jungkook disse, hesitante. – Nós queríamos saber como a lenda terminou.
- Nunca terminou... – o homem disse. – Segundo essa lenda, o velho feiticeiro amaldiçoou todo e qualquer estudante que, como aqueles, viessem "fuçar", por assim dizer, nas terras dele. O totem, que segundo outras lendas, de outras partes do mundo, parece ter poderes de proteção presenteou os dois últimos jovens, os dois que namoravam, com poderes especiais que os ajudariam a combater a maldição do homem. Contudo, eles não conseguiram e morreram junto aos amigos. Desde então se costuma dizer que o espírito desse homem vaga pela cidade, procurando pelos jovens que têm o destino de enfrentar novamente a maldição... – o homem fez uma pausa, e encarou sua xícara de chá. – Acredita-se que a lenda só irá parar e esse espírito negro só dormirá, quando finalmente esses jovens sobreviverem à maldição.
- E alguém já conseguiu parar a lenda? – Tom perguntou.
Nos lábios daquele homem, surgiu um sorriso travesso e, ao mesmo tempo, indecifrável.
- Isso quem deve me responder, são vocês.
- Nós? – Rose perguntou, confusa. – Mas nós só queremos saber se a lenda continua.
Sooyoung concordou com a amiga, atraindo o olhar do velho.
- Você, menina, era a prima de Kim Nanjoom ? – ele perguntou, e ela assentiu. – O menino do armazém, também era seu primo?
Ela negou.
- Não, o D.O era só amigo mesmo.
- Certo... E foi com vocês que aconteceu o acidente de ônibus?
Ela, Momo, Rose e Jungkook assentiram com a cabeça.
- Nesse caso, - o homem continuou. – quem deve me responder isso, como eu já disse, são vocês.
- Eu... Eu diria que isso está acontecendo de novo sim...- Momo afirmou, meio insegura. – Quero dizer... Primeiro o Nanjoom , depois o Jungkook ... Não pode ser coincidência.
- Eu também diria isso. – o homem riu, levantando-se. – Ficam para o almoço?
- Ah, não, obrigada. – Momo agradeceu.
- Já é meio dia? – Sooyoung perguntou, voltando a sentiu o estômago implorar por comida.
- Não, mas... – o homem virou-se para um relógio, na parede. – Bom, agora é sim.
- Então vamos embora. – Sooyoung disse se levantando.
O olhar da menina seguiu para o relógio, aonde o ponteiro andava lentamente para a direita, marcando o meio dia.
A tontura que ela sentira dias atrás voltou.
O ponteiro de segundos pareceu diminuir a velocidade com a qual andava pelo relógio.
A casa de madeira do homem começou a rodar diante dos seus olhos. Ela olhou para os amigos e viu, lentamente, os olharem de cada um dele ficarem confusos. Olhou para o homem. Este lhe olhava como se estivesse vendo um acontecimento inédito e fascinante.
Ela fechou os olhos e os forçou, abrindo-os em seguida. Tudo havia parado. Instantaneamente, parado diante dos seus olhos.
O velho que mais um mendigo lhe lembrava estava novamente ali. Havia ódio em seus olhos, um ódio que queimava quase podendo atingir quem o olhava. Logo abaixo do nariz pontudo, os lábios sorriam. Sorriam com malicia e satisfação.
Sooyoung novamente sentiu um frio na espinha. O medo possuir-lhe o corpo quase dolorosamente.
O olhar do homem era quase acusador.
A menina deu um passo para trás, mas o velho permaneceu calado.
Ela correu os olhos para o relógio. Um instinto peculiar implorava para que o ponteiro dos segundos chegasse novamente no número 12.
O homem apagou, dos seus lábios, o sorriso, e levantou o braço, apontando para Heechul. A menina sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, sem ao menos saber o porque. O dedo do velho percorreu a sala, apontando agora para Rose ... Ou Jungkook , daquela direção Sooyoung não conseguia discernir para qual dos dois ele estava apontando.
Ela levou as mãos a cabeça, sentindo um zunido chato e agudo no ouvido. Aquilo tinha que parar. Aquele zunido parecia querer perfurar seus tímpanos.
Ela cedeu os joelhos, mas sentiu o corpo descer lentamente até o chão.
O ponteiro dos segundos atingiu novamente o número doze, e o dos minutos moveu-se para a direita.
O zunido parou, o silêncio também. As vozes dos amigos voltaram a preencher o ambiente.
Seu corpo, que caia lentamente, continuou o trajeto até o chão na velocidade normal, fazendo-a cair de joelhos.
- Sooyoung , você está bem? – Sungjae perguntou de imediato, abaixando-se do lado dela.
O velho largou a bandeja de qualquer jeito na mesinha de centro e foi até a menina.
- Saiam... Saiam! – exclamou ele, pegando nas mãos de Sooyoung e levantando-a. – Você o viu, não viu? Você viu o feiticeiro?
Aquelas palavras caíram como uma luva nas dúvidas da menina. Ela arregalou os olhos, compreendendo a sua visão.
- Vi! – ela disse exasperada – Eu vi ele.
- Como é que é? – Jungkook perguntou, indo até a irmã.
- Ela tem um dos dois poderes cedidos pelo totem. – o homem disse. – O poder de enxergar o espírito do velho feiticeiro sempre que ele vem ameaçar alguém.
- Isso é bom? – Momo questionou, levantando-se e andando até a amiga.
- De certa forma ótimo. – disse o homem, e olhou nos olhos da Sooyoung . – Você tem o poder de prever quem o velho irá matar. Você consegue ver quem será o próximo.
Um frio estranho percorreu a sala.
Os olhos de Sooyoung correram discretamente paraJungkook , sem deixar o menino perceber, e depois lacrimejaram ao olhar para sua direita e ver o irmão, olhando-a preocupado. Os pensamentos mais horríveis que ela poderia pensar lhe invadiram a cabeça. Ela sentiu vontade de chorar, mas resistiu, esperando que ninguém lhe perguntasse quem ela achava que seria o próximo.
- Só por curiosidade... – Sungjae começou. – Qual é o outro poder?
O homem olhou para todos eles, parecendo querer adivinhar qual deles era o que tinha o segundo dos dons do Totem.
- O de enxergar as criaturas do Totem. – disse o homem. – Aquelas que estão tentando proteger vocês... O segundo poder é o de enxergá-las com clareza e perfeição.
Mais do que imediatamente, todos os olharem voltaram-se para Sungjae, que tremia com os olhos arregalados.

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