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#LaranjeiraLimao

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#LaranjeiraLimao

•• Gabriela •••

— Puta merda Gabs, você precisava mesmo trazer todos os livros? Sua mãe está te expulsando?

— Na real ela está me deserdando por achar que estou fazendo pouco caso de todos os anos que fiquei lá, então para acabar logo com isso eu acabei trazendo tudo. Afinal, essa é a minha casa agora!

— Nossa casa, foi isso que você quis dizer.

Pelo amor do bom pai, homens só reclamam! Já estamos terminando de trazer a mudança e eu vou desempacotar tudo isso sozinha, fora que fui eu que passei anos trancada, era para estarem radiantes por eu finalmente ter uma vida normal.

Eu estou me sentindo perdida? Mais do que a minha vida inteira. Ninguém vai me avisar que dia eu preciso passar pano na casa, deixar eu dormir na cama quando eu tiver pesadelos, não vão brigar pelo tempo que eu passo no banheiro e nem me cobrar de sair um pouco de casa! Mas, ao mesmo tempo, eu não poderia me sentir mais animada, eu agora posso organizar a casa do jeitinho que eu decidir (com o Sora) e ter mais… “palavra” dentro do meu lar.

Entrei no nosso pequeno apartamento e deixei a quarta caixa de livros no chão, assim que o fiz,sentei-me no aconchegante sofá marrom que, segundo Sora, foi a melhor porém última compra cara que ele fizera.
 
Passei um curto tempo apenas olhando aquele monte de caixas lacradas e nomeadas que encontravam-se descansadas no peludo e cinza tapete da sala, apenas tendo um leve ataque interno por toda essa situação ainda me parecer surreal. Quer dizer, eu imaginei um momento parecido por muitos anos, mas eram apenas metas inalcançáveis e agora eu não sei como reagir a tudo isso.

Na real, esse momento em si está sendo a maior loucura da minha vida. Sim, eu já tenho vinte e um anos, era de se esperar que isso acontecesse, mas não na minha casa, eu não podia nem ir no portão direito, que dirá me mudar! Meus pais sempre foram superprotetores, eu tinha tudo que eu precisava em casa, mas eu não me sentia completa e particularmente, eu não faço a mínima ideia do que caralhos aconteceu, não sei se foi uma decisão tomada em um momento não lúcido, se foi a faculdade ou um pico de rebeldia, mas eu só cheguei um dia no Sora e “Amigo, arruma as malas aí porque vamos morar juntos, bo?” e agora eu tô aqui: sentada no meu primeiro sofá, do meu apartamentozinho, surtando e com uma mãe muito brava casa.

— Hummmmm eu conheço essa carinha.

Eu não precisei tirar a falsa concentração que meu olhar tinha nas caixas do chão, eu reconheceria aquele leve sotaque francês e aquela presença gritante até mesmo em outras vidas.

— Finja que não viu, passe reto e sem contato visual para que eu não enfraqueça. 

— Você é a minha metade, bobona. Eu saberia que está toda confusa mesmo se eu estivesse agorinha na França e no meio de uma apresentação.

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