Capítulo 2

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Olá darlings,

Como estão lidando com a quarentena? Por favor, caso não sejam trabalhadores essenciais, se mantenham a salvo e em casa!

Sem mais delongas, boa leitura!


-x-


Zelda é uma mulher que nunca estava perdida. Ela sempre iniciou e finalizou as conversas mais importantes de sua vida, sempre provou seu ponto de maneira dramática e segura em qualquer discussão. Mas ali, na sala de sua própria casa, a matriarca dos Spellmans se sentia perdida. Seu peito doía enquanto lembrava que a entidade de cabelos escuros, agora descoberta, tinha ido embora sem lhe direcionar nenhuma palavra, em passos pesados e decididos, sem nem por um segundo olhar para trás.

Sua mente trabalhava a todo vapor, criando hipóteses para o significado daqueles quatro meses.

Eu não poderia ter sentido tudo sozinha.

Tão rápido quanto conseguiu, a ruiva se teletransportou para o quarto, sem se preocupar em dar alguma explicação a ninguém e trancando a porta. Naquele momento, foi conveniente saber que Hilda tinha trocado de quarto e não a veria daquela maneira.

Enquanto retirava a roupa e trocava por seu vestido de noite, deixou sua memória vagar e a mesma, extremamente traiçoeira, seguiu diretamente para olhos azuis.

Nas primeiras semanas que conversaram, os olhos da mulher de cabelos escuros soavam mais escuros pra Zelda tendo um azul nunca visto pela bruxa. Ele era belo e perigoso, exatamente como ela imaginava as chamas do inferno, mas depois disso algo mudou.

A primeira vez que elas dormiram juntas, Zelda não prestou atenção em como as írises se comportavam, quase esquecidas em meio a dilatação da pupila. Mas ela sabe que quando chamava Mary, ou melhor, Lilith, para tomar uma bebida, compartilhar um almoço ou até lhe acompanhar na biblioteca, onde tudo o que faziam era deitarem uma em cima da outra e acariciarem suas raízes, aqueles olhos eram outros.

Era um azul não menos belo, porém mais puro. Era a cor que ela imaginava que o Falso-Deus tinha escolhido para o mais belo dos céus, e, embora tivesse vivido mais de um século, nunca tinha olhado pra cima e encontrado tamanha beleza.

A concubina preferida de Satanás sentiria afeto por mim?

Sua mente gritava, exigindo uma resposta que ela sabia que não teria, a menos que a buscasse e assim ela faz.

Zelda ligou durante semanas para a casa e para o número de celular de Mary Wardwell, desejando falar com a entidade. Mas o que ela não soube foi que Lilith se livrou dos aparelhos quando as primeiras ligações se iniciaram.

A ruiva também se teletransportou para a casa da professora centena de vezes, tentando ter uma conversa com a fugitiva do Jardim do Éden. Entretanto, Lilith fabricou e obrigou o corpo de Mary a usar um anel escuro que impossibilitou a bruxa ruiva de vê-la ou senti-la. E assim as esperanças da ruiva se esvaem, como areia escorregando de um punho fechado.

Lilith quer distância da ruiva e a consciência e o corpo de Mary sofrem como se uma parte dela estivesse indo embora. E essa parte é importante demais para ir.

Mas ainda assim, Zelda se vai. As ligações diminuem até que se findam e as visitas inesperadas seguem o mesmo exemplo.

Zelda chora algumas noites e se flagela em outras, na esperança de sentir uma dor maior que a rejeição. A dona das mechas escuras chegou sutilmente e a conquistou tão rápido.

(Two) Woman(s) in LoveWhere stories live. Discover now