Capítulo 7

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No momento que Lilith pisou no inferno, ela sentiu o poder consumindo suas veias. Era gracioso, eletrizante e a felicidade em finalmente poder senti-lo quase a afogou. Lúcifer recebia esse poder, mas o internalizava, tendo como propósito claro mostrar a grandiosidade de si mesmo em comparação aos ao seu redor. Mas a Mãe dos Demônios não precisava disso.

Ela tinha um exército de filhos que fariam qualquer coisa para defendê-la, então sua ideia primordial é usar a vitalidade que o poder lhe trouxe para melhorar as condições de sua casa.

As outras entidades infernais mantem distância dela, reprovando suas atitudes quando o Inferno é recriado para realizar os caprichos de sua nova rainha, mas nenhum olhar a intimida, apenas a frustra, e assim ela se pronuncia a todos, finando todo e qualquer rumor inadequado.

"Eu toquei a água benta pelo Criador de Tudo e sobrevivi, matei Belzebu e tomei meu lugar de direito. Sou Lilith, Mãe de todos os Demônios, Primeira Mulher, Primeira Bruxa e, agora, Rainha Única e Absoluta do Inferno, e todos neste mundo e nos outros me devem respeito."

O Inferno era feito para ser uma punição a todos, cada alma com um mundo só seu que refletia sua maior dor e seu maior sofrimento por toda a eternidade. Mas Lilith mudou isso, usando seu presente magico para construir alas para si e os que eram dignos da felicidade em seu reinado.

Seus demônios eram fortes e robustos, mas viver por milênios as sombras de Lúcifer os tornaram amedrontados, então ela os deu consciência, bondade e coragem, e a visão dos mesmos, prontos e perfeitos, como ela sonhou por centenas de anos, trouxe lágrimas aos seus olhos.

Sendo a governante que mais se preocupou com o mundo inferior, o Inferno a surpreendeu, transformando Lilith em sua morada também. Ela sentiu enquanto iniciava uma reunião com outras entidades, sua pele, sempre esverdeada e mucosa, agora tinha finas pinceladas avermelhadas, como veias.

Não machucaram, apenas apareceram, mas ainda assim, sucumbindo a instintos naturais, a Rainha do Inferno se recolhe em seus aposentos mais cedo e fura as marcas.

Lilith já tinha visto tanto, conhecido tantas almas e criado tanta vida, mas quando lava quente e enxofre escorreu por sua pele a surpresa foi incalculável.

Não era uma doença, nem uma ameaça. Era uma aliança. Do Inferno com ela e seu modo de governar, apreciando o que ela tinha feito. E assim, Lilith se permite aceitar esse presente até o fim, até que sua pele se torne vermelha, quente e reluzente, assim como a lava do Inferno.

Eventualmente as obras são realizadas sem a ajuda direta de Lilith, afinal, sem Lúcifer, não existia nenhum conflito inesperado para sugar a energia de todos enquanto tentavam não comprometer a ordem das estruturas do submundo.

E livrando a si mesma dessas atividades adicionais, que cobriam boa parte de seu tempo livre, a Rainha do Inferno agora se viu regada a pensamentos sobre quem ainda vive. Assim, ela observa a Igreja Profana e lhes envia um aviso.

É simples e claro. Ela é a Rainha do Inferno.

O sacerdote não acredita e, em um gesto de claro desespero em agradar a Lúcifer — imaginando que o pergaminho mágico era apenas um teste —, tira a própria vida. Mas a Mãe dos Demônios não se importa o suficiente para lamentar pela morte de Faustus, sua única resposta é dada ao corpo sem vida declarando sua alma indigna de permanecer em instalações feitas a feiticeiros.

Assim, seus filhos o jogam no inferno pessoal do homem, um mundo onde sua mente é forçada pelo próprio corpo a seguir e adorar Lilith. O quão irônico era isso?

A Rainha do Inferno gostaria, mas infelizmente não tem tempo para assistir seu sofrimento, preocupada demais com outros entre os que vivem, mais precisamente uma humana de olhos azuis e uma mente quebrada.

(Two) Woman(s) in LoveWhere stories live. Discover now