Capítulos 10 e 11

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Capítulo 10

Fora Jan quem primeiro se desesperara.

— Estamos no meio da rua, com 700 câmeras apontadas para a supervia! Não tem lugar pior para se esconder!

Ed já havia percebido isso também e estava raciocinando sobre uma solução. Acessou seu disco virtual na super-rede, incógnito. A senha era romântica: 51LV1@T0D050NH0T3M35P3RANC@. Verificou o tamanho do arquivo que tinha retirado do espaço da Central dois anos antes, bem como o mapa de pontos cegos que acumulara nos últimos 4 anos, por hobby. O Arquivo de mapeamento tridimensional do sistema de metrô a vácuo era enorme, cerca de 40 Petabytes. Não caberia no seu dispositivo ótico. Precisaria que a namorada baixasse no dela, com muito mais espaço de armazenamento. A menina riu ao pegar a senha e beijou Ed. Baixou o arquivo. Já o mapa de pontos cegos era pequeno e Ed pode baixar no seu próprio dispositivo.

— Procure alguma entrada para uma tubulação desativada. Quanto mais tempo atrás tiver sido inativada, melhor. – Disse à garota.

— Não tem nenhuma entrada por aqui. As tubulações passam sob o morro Dona Marta, mas estão mais de 100 metros para dentro da rocha.

— Procure pelo histórico de 50 anos atrás. Muitas tubulações que foram usadas na época estão desativadas e não aparecem no mapa.

Acessou o ambiente de histórico. Uma visão 3D muito diferente de Botafogo apareceu no seu aparelho.

— Incrível! Quando conseguiu isso?

— Há 2 anos. Verificou alguma entrada?

— Praticamente todas as ruas tinham uma na época da construção. Existem tubulações auxiliares por baixo de todo o morro e também da via. – Mexeu as mãos, avançando e retrocedendo o histórico – As entradas foram demolidas, mas não as estações auxiliares. Creio que dá para acessá-las pelas galerias subterrâneas.

As galerias eram usadas para dar manutenção na rede elétrica e na rede de tubulações coletoras de lixo. Também davam acesso às galerias de conexões de dados, mas estas tinham um espaço próprio, mais novo. As galerias subterrâneas auxiliares eram mais velhas que as primeiras tubulações do metrô a vácuo. Ed verificou o mapa de pontos cegos.

— A 700 metros daqui há uma rua com um ponto cego ao lado de toda a via direita. Vamos por ela. Deve haver um ou mais alçapões de acesso à galeria na própria calçada.

Entraram na rua esfregando as costas nas paredes dos edifícios. Duas senhoras passaram por eles, curiosas. Provavelmente achando que estavam pagando alguma prenda universitária. Fizeram questão de rir, distraídos, para que elas pensassem que se tratava realmente de uma brincadeira.

— Ali. Há uma tampa de aço no chão, junto a parede.

Puseram-se acima da tampa. Havia um dispositivo com uma caixa ao lado e um leitor de íris.

— Uma caixa de acesso. Posso conectá-la, mas não temos como entrar. Não somos da manutenção. – De repente lembrou-se. Acessou o banco de íris e colocou em modo de busca. Procurou pelo local de emprego. “Empresa Pública de Energia do Rio de Janeiro” e pelo cargo “Manutenção”. Apareceu uma lista com mais de 13.000 nomes. Todos os que trabalharam lá há menos de 40 anos. Precisava de alguém que estivesse na ativa há pelo menos 10 anos. Era um pouco difícil, já que os técnicos em manutenção geralmente ficavam no cargo até completar os estudos. Escolheu 10 imagens de íris. Conectou-se à caixa no chão por acesso remoto, da sua própria lente. Usou alguns algoritmos de decriptação para acessar o ambiente de captura de imagem. Facilmente hackeável, já que não dava acesso a nada. Mas através dele poderia inserir a imagem da íris, como se o aparelho a estivesse capturando. Testou várias e somente na sétima conseguiu. Um garoto de 18 anos que agora deveria estar com 28 e ainda na ativa. A porta a vácuo se abriu mostrando uma escada. Um rapaz passou por eles achando aquilo estranho. Nunca tinha visto técnicos de manutenção tão singulares.

Condão (Lista Internacional)Where stories live. Discover now