Capítulo 4

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Abro os olhos e a forte claridade fere minha vista. Meus ombros doem e parece que fui atropelada. Olho atentamente onde estou e percebo que dormi no tapete da sala, minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento.

-Aarg! Não acredito que você me fez beber tanto Kate, você sabe que sou fraca pra bebidas - falo mesmo sabendo que Kate não acordara tão cedo.

A musica começa a fazer sua entrada por toda minha sala, o som estridente do rock alto penetra meus ouvidos e a tarde estressante começa. É todos os dias a mesma coisa, o retardado do meu vizinho passou o mês inteiro escutando essas musicas, serio, não tenho ideia de como ele não ficou surdo ainda. Nunca cheguei a reclamar mas minha paciência ja deu, minha cabeça doe muito mais, ele pegou um péssimo dia para me irritar. Coloco minhas sapatilhas e saio apressadamente, subo no elevador para a cobertura e bato três vezes na porta mas aposto que ele não escutou por causa do som idiota. Aperto a campainha e seguro até ela ser aberta brutalmente por um ogro. A forte claridade vindo da janela não me deixa ver seu rosto apenas um vulto preto.

-Qual é seu problema? - ele grita por causa do som.

-Seu problema? O MEU PROBLEMA É TER QUE ATURAR ESSA MERDA DE SOM TODO SANTO DIA! - grito cruzando os braços.

-Gata, é rock - ele fala abrindo as mãos no ar, fecha os olhos e respira fundo. Como se aquela música fosse um ar santo.

-Gata? Você tem quantos anos panaca? Até um menino de cinco anos sabe diferenciar um bicho de um ser humano.

Ele arregala os olhos e se inclina para longe da luz me encarando de cima a baixo. OH.MEU.DEUS! É ele! Antes que eu possa falar ou fazer alguma coisa, sinto seus lábios macios invadido minha boca. Retribuo o beijo e aproveitando sua distração choco meu joelho bem em suas partes intimas.

-NUNCA.MAIS.ENCOSTE.EM.MIM. - falei na hora que ele se afastou.

-Você continua louca - ele fala rindo com um aspecto de dor. Acho que chutei muito forte.

-Anda me seguindo?

-Eu? Acho que eu que deveria perguntar isso.
-Ah claro! E eu iria adorar seguir um babaca.

-Um babaca que consegue mexer com você - ele fala beijando meu pescoço. Aquilo era muito bom. Alynn! Ele desce mais um pouco e chega com seus beijos em meu ombro.

-Ei.. - começo a falar mas uma forte dor se intensifica pelo meu corpo e fica difícil me manter em pé, iria cair se não fosse por braços fortes me segurando.

-Aylnn! - ouço ele gritar distante.

Uma forte luz me cega e tudo vai se apagando até que não resta mais nada e eu me deixo ir pela escuridão.

-Pai, eu sei que prometi mas surgiu um imprevisto - uma voz fala distante -Não, claro que não. Nunca fugi de meus compromissos.

Abro os olhos e vejo que estou num quarto desconhecido. Suas paredes são negras e vários flocos de neves estão desenhados, o lustre é todo de cristal fazendo parecer que vários flocos de neve estão caindo do alto.

-Está bem, eu prometo - fala a voz.

Me sento na cama e vejo que minhas roupas foram trocadas por uma camiseta grande. Oh.Meu.Deus. O que eu fiz? Vejo minha roupa dobrada em uma cadeira e me troco correndo, depois sigo o caminho que acho ter escutado a voz e encontro uma linda sala. A mesa é toda de... gelo? Passo a mão por ela e me assusto, muito gelada.

-Bom dia - uma voz fala e me viro assustada.

-Como ainda não derreteu? - pergunto apontando para a mesa.

-É um tipo diferente de gelo, você não deve ter visto ele por ai.

-Por que estou na sua casa Jason? - pergunto cruzando os braços

-Vamos tomar café antes - fala se sentando numa cadeira.

-Que tomar café o que! Enlouqueceu?

-Achei que estaria com fome.

-Fome? Eu acordei numa casa desconhecida e você esta pensando em fome? Uma marca estranha aparece no meu ombro, meu cabelo muda de cor, ate meus olhos mudaram, sem falar na dor que senti ontem e advinha?
Meu vizinho todos os dias fica ouvindo musica alta e eu não consigo me concentrar nos estudos, ai vou reclamar com ele e quem aparece...nada mais que o Jason babaca. Aaah! E sabe o que ele faz quando me vê? Me beija! Agora fui beijada três vezes pelo idiota e acordei na cama dele.

Ele abre a boca para falar mas eu o paro com a mão.

-Por que estava usando sua camisa Jason?

-Achei que iria ser mais confortável.

-Aaah...confortável! Foi super confortável acordar e me ver sem minhas roupas.

-Faz mal dormir de jeans - diz dando de ombros.

-Comece a contar como fui parar na sua cama.

-Não se lembra de nada?

Busco em minha mente algo que posso justificar e me lembro do episódio mais cedo.

-Por que doeu tanto? Acho que nunca tinha sentido um dor tão estranha, parecia que algo sai de mim e ao mesmo tempo entrou.

-Foi o beijo na marca, acontece quando encontra seu companheiro.

-Companheiro?

-Nunca ouvi falar em alma gêmea?

-Essas coisas não existem. Além do mais o que tem haver comigo?

-Companheiros de alma, na verdade, só 60% da nossa população consegue achar o seu.

-O que isso tem haver comigo?

-Somos companheiros Aylnn, quando beijei sua marca ontem a dor que sentiu foi a nossa junção- ele diz - Olhe sua marca.

-Você enlouqueceu?

-Olhe logo.

-Não, você é louco.

-Está com medo?

-Claro que não - digo e puxo um pouco a gola da minha blusa.

-OMG! - grito ao ver a marca - Isso não é possível! Eu... eu preciso ir embora - falo me virando para a porta que achei ser a entrada mas sua mão forte me segura antes que possa dar um passo.

-Como você chegou tão rapido?

-Isso não vem ao caso agora, você precisa me ouvir Aylnn.

-Como você sabe meu nome?!

-Você esqueceu sua carteira de motorista no dia do show.

-Devolve!

Ele solta minha mão, pega do bolso minha carteira e me entrega.

-Pode me ouvir, agora? - fala segurando minha mão novamente.

-Eu não quero ouvir, me solta.

-Por favor - fala se aproximando do meu rosto.

-Me deixe ir - digo baixinho.

-Está bem - ele diz e eu me afasto - Aylnn?

-Oi? - pergunto sem me virar

-Não se distancie muito daqui.

Inverno - A Marca do Companheiro (Degustação)Where stories live. Discover now