Prólogo

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Não tenho noção de como eu vou começar isso. Ou se deveria.

Não. Definitivamente eu deveria. As últimas vezes que acontecimentos épicos aconteceram na minha vida eu me neguei a reescrevê-los no meu diário ou na tela do meu computador porque imaginei que a grandiosidade do momento permaneceria eternamente em minha memória. E não foi isso que aconteceu; eu me arrependi amargamente.

Acontecimentos depois que se tornam memórias passam a ser substância fluída no consciente e com o número crescente de informações que a gente recebe, dia após dia, essa memória vai ficando distante. Aqueles detalhes, pequenos detalhes que fazem a diferença no conto da história se perdem gradativamente. Pouco a pouco ela vira uma recordação qualquer. Mesmo que a gente não queira.

E eu não posso deixar que isso aconteça novamente – minha melhor amiga me mataria, na realidade. A esta história eu dedicarei minhas melhores horas dos dias, mas não prometerei uma história de cinema, cheia de reviravoltas, muito menos prometerei uma técnica refinada. Porque tenho pressa. E vocês entenderão em breve o motivo. Eu narrarei talvez os dias mais intensos da minha vida social. As experiências sociais às quais fui exposta me fizeram ver que eu não estava bem e precisava de ajuda. Refizeram-me quase por inteiro e me deram motivos para voltar à terapia, ao mesmo tempo ainda sinto como se eu devesse sumir de Aracaju por um bom tempo. Uma segunda vez. Encarar a verdade que machuca nunca é uma coisa fácil.

Todos nós iremos experimentar isso, mas apenas alguns irão se conectar com as próximas palavras.

Eu não sei exatamente como eu posso definir essa história para você. O que posso dizer – algo que eu tenha completa certeza no mar de incertezas e perguntas sem respostas é que é uma história sobre amizade. Sobre isso eu posso te dizer que aprendi muito. O resto do que pode ser, eu deixo esse serviço para o olhar crítico de vocês. Dou-lhe a liberdade de julgar e indicar a melhor solução possível.

Sem mais enrolação, os próximos parágrafos referem-se a uma pequena viagem para uma casa de praia no interior do meu estado que eu fiz com meus amigos no começo do verão de 2020. 96 horas. 5.760 minutos. Em cinco dias, eu me apaixonei pelo cara errado, briguei com a garota errada e perdi o meu melhor amigo.

O que Eu Gostaria de Dizer Antes do FimWhere stories live. Discover now