I Always Do

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— Quatro goles pelo seu pensamento — a loira ergueu a garrafa de cerveja em sua mão.

Duas semanas havia se passado desde o dia em que Perrie convidara Jade para almoçar. Se tornaram tão íntimas dentro daquela casa que toda noite se encontravam em seus quartos para conversar — e às vezes beber — até o sono chegar. Esse foi jeito que encontraram para que não se sentissem sozinhas durante aquelas quatro semanas.

As duas estavam sentadas no chão ao pé da cama de Perrie. Sempre se encontravam no quarto que tivesse o frigobar mais abastecido, e naquele dia a loira se certificou de oferecer 30 dólares para uma das madrinhas em troca das bebidas do frigobar. Abastecimento duplo, perfeito!

— Estou bêbada, não deveria se interessar pelo meu pensamento — a decoradora jogou a cabeça para trás.

Perrie balançou a cabeça.

— Tudo bem — Jade se virou de frente para a loira. — Estou pensando que... Seus olhos são ridiculamente azuis.

— Eles são ridiculamente azuis — repetiu fitando os marrons da outra.

— E ridiculamente lindos.

— Justo — piscou antes de levar o gargalo até a boca.

Jade sorriu e se aproximou.

— Perrie...

— Sim?

— Você ainda acha que pode se apaixonar de novo?

— Eu não sei — sua voz saiu falhada. — E você?

— Não sou eu quem perdeu a fé no amor — bufou voltando para a mesma posição de antes.

— Enchemos o frigobar de cervejas, se você não estivesse no mesmo nível que o meu, não estaria aqui.

— Ótimo, uma sessão de terapia. Vá em frente, conclua de alguma forma que tenho propensão ao alcoolismo por traumas em relacionamentos passados.

— Me chame de Dra. Edwards — respondeu próximo ao ouvido de Jade.

Perrie viu o arrepio provocado na pele da outra e gostou da sensação. Sem pensar direito, refez o caminho até a mulher e sentiu sua respiração descontrolada. De repente, provocar coisas em Jade era sua nova brincadeira favorita.

Ela levou uma das mãos até o queixo da outra, delicadamente virando o rosto para si. Os olhos inebriantes da mulher alcançaram os seus e Perrie rapidamente provou do próprio veneno: um arrepio percorreu sua espinha fazendo-a engolir seco. Os rostos já estavam perigosamente próximos e, se Perrie fosse capaz de sentir cheiro do hálito de Jade, poderia apostar que era uma gostosa mistura entre amargo da cerveja com o sabor suavemente ácido e salgado dos cubos de queijo assaltados da cozinha.

Elas não disseram uma palavra sequer, o silêncio parecia a melhor opção. Era como se qualquer palavra ou o menor dos movimentos pudessem arruinar aquele momento. Não entendiam o porquê, mas por alguns instantes aquela intensa troca de olhares era tudo o que importava.

Três batidas na porta foram o suficiente para Jade cair em si e desvencilhar o rosto, fazendo com que Perrie se afastasse.

— Está aberta — gritou ainda observando a mulher.

— Imaginei que estariam aqui quando Mariah me contou que você ofereceu dinheiro pela bebida do frigobar — Olivia bateu a porta atrás de si. — Mike está jogando aquele PlayStation idiota e isso aqui parece uma reunião de mulheres.

— Por que homens são tão obcecados por uma droga de video-game? — Perrie se manifestou depois de respirar fundo e fingir que os segundos anteriores não haviam acontecido. — Às vezes Henry deixava de transar para jogar um desses. No fim dei graças a Deus por ter me traído com uma mulher e não com um joystick.

As mulheres riram.

— Então... Do que estamos falando?

— Nada que vá lhe ajudar a ter coragem de subir no altar semana que vem — Jade respondeu.

— Qualquer coisa é melhor do que assistir um jogo de futebol ridículo.

— Olivia, se quiser desistir, nós estamos aqui. Não é, Pezz?

— Claro, eu consigo um carro. Você pode ficar na casa de Jade, Mike não sabe onde é.

As duas brindaram suas garrafas concordando.

— Não, não. Estou bem, só preciso de sexo e um pouco de álcool.

— Bem-vinda ao clube — Jade riu erguendo a mão.

— Mas vocês podem transar — abriu o frigobar sob os olhos curiosos das outras duas. — Oh, não! Não falo de vocês duas. Quero dizer, vocês podem transar se quiserem, não quero me meter na vida íntima de ninguém.

Perrie não pôde segurar a risada, o álcool já fazia efeito.

— Quis dizer que vocês têm uma casa inteira com quem podem transar, não precisam esperar o cara largar um jogo idiota.

Jade virou mais um gole e Olivia caminhou até a porta.

— Onde você vai? — Thirlwall indagou.

— Vou fazer meu noivo largar o jogo idiota — ergueu a bebida em sua mão.

— Achei que fosse ficar.

— Hm... Tenho outros planos — riu abrindo a porta. — Cuida dela, aí com certeza tem mais garrafas do que ela geralmente aguenta.

Perrie virou o rosto lentamente e sorriu para a mulher ao seu lado. O azul de seus olhos já eram facilmente substituídos pelos grandes cílios pretos e perfeitamente alinhados; Olivia tinha razão.

Jade sorriu de volta e gentilmente tomou a garrafa de sua mão.

— Eu sempre cuido.

WineWhere stories live. Discover now