27. Sentimentos

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É mais fácil morrer afogado em nossas próprias mentiras do que encarar a verdade dolorosa em frente aos nossos olhos. Mas por quanto tempo podemos suportar o peso da máscara?

O sangue corria em minhas veias como fogo e eu me via queimando, tomado pelo raiva que me consumia. Não sei o certo o porquê, como ou qual o real motivo de meu coração bater tão rápido, ou das palmas das minhas mãos estarem molhadas. Tudo o que sabia é que meu corpo se movia sozinho, tomado por uma enxurrada de sentimentos ao qual não estava preparado. E Ele é tudo em que conseguia pensar.

Coloco o celular no bolso da calça desço do carro batendo a porta, já não conseguindo controlar meus reflexos. Sigo em direção ao muro alto já conhecido por mim, e sem qualquer dificuldade o escalo, como costumava fazer quando mais jovem. Meus pés se chocam contra o caminho de pedras próximo ao portão e quase não sinto o impacto em minha pernas.

A casa estaria completamente apagada se não fosse pelo pequeno sinal de luz vindo do última quarto do segundo andar. Ele ainda estava acordado.

Pelo que haviamos conversado mais cedo, Taehyung dormiria na casa de uma de suas garotas, então não teria que lidar com ele ser um empecilho. Mas até onde sabia seus pais estavam em casa, o que era bom de certa forma, pois poderia usar isso ao meu favor.

Paro em frente a porta de madeira da entrada e tiro o celular do bolso, buscando um número específico em minha agenda. Com a chamada encaminhada, espero sem paciência a pessoa do outro lado da linha atender.

- Jungkook? - Disse Jimin com voz arrastada, o que imaginei ser por conta do sono. - O que você quer?

- Abra a porta. - ordenei

- O que?! Como assim a abrir a porta? - sussurrou indignado. - Você não está fala do sério né?

- Não poderia ser mais sério.

Em menos de segundos a janela do último quarto foi aberta, revelando um Jimin incrédulo e um tanto furioso. Ele tinha suas sobrancelhas franzida e os lábios apertados em uma demonstração clara de que não estava feliz com minha presença.

- Vá embora! - disse em um tom autoritário, porém quase inadiável, enquanto direcionava-me seu olhar mais mortal.

- Me deixa entrar - insisti.

Eu não iria embora antes de terminar aquilo que comecei, e não havia nada que me fizesse voltar atrás agora.

- Você só pode estar louco! Eu não vou te deixar entrar - esbravejou de maneira sussurrada.

Caminhei alguns passos me aproximando da porta e posicionei minha mão em forma de punho em frente a mesma, ameaçando a bater. O olhei em um sinal de aviso, e pela expressão em seu rosto ele pareceu receber a mensagem.

- Você não ousaria - indignou-se.

- está me desafiando? - respondi arqueado uma das sobrancelhas.

- Vá em frente.

Ele parecia não ter ideia do que eu seria capaz de fazer naquele momento. Podia ver em seus olhos a total descrença de que eu realmente acordaria seus pais apenas para poder entrar, e isso me irritava. Sem pensar duas vezes bati na porta com toda minha força, fazendo o barulho se espalhar pela casa silenciosa.

- Tudo bem, eu abro - Exclamou as pressas sinalizando para que eu parasse - apenas pare com isso.

Coloquei as mãos no bolso e o vi desaparecer na escuridão de seu quarto. Segundos depois ouvi o trinco sendo destravado e a porta enfim se abriu.

Jimin mantinha uma espressão seria em seu rosto e me olhada de uma maneira que nunca havia feito antes. Com indiferença. Por um momento senti meu peito doer fortemente.

O melhor amigo do meu meio irmão || Jikook || ChatWhere stories live. Discover now