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                           _Isadora_

Acordei em cima da hora e já fui me enfiando no banheiro, fiz minhas higienes e me troquei rapidinho. Comi um pão rapidamente e literalmente joguei o suco goela a baixo.

Desci o morro quase correndo e precisei chamar um uber, que não demorou muito para chegar. Assim que entrei na doceria, a Naja me repreendeu com o olhar e eu fui direto para o vestiário, em seguida, cheguei a cozinha e recebi uma bronca do Lucas.

***

O expediente foi corrido, mas felizmente conseguimos finalizar os pedidos a tempo, quando ia saindo com a Letícia e a Bruna, avistei uma moto do outro lado, veio se exibir com uma moto diferente.

- Eu vou indo por aqui gente, beijo! — eu cumprimentei as duas e fui andando em direção a moto, achei estranho ele não ter feito nenhuma gracinha e estava calado, apenas de braços cruzados e com uma jaqueta.

- Imaginou que eu vinha? — quando ele retirou o capacete, meu sorriso se desfez, era o Rodrigo.

- Que merda você faz aqui? Tá me seguindo? — comecei a me alterar e tentei relaxar.

- Precisava falar contigo, tu me bloqueou em tudo, não atende ligação.

- Quer vir entregar o convite do seu casamento? Pois enfie ele no seu rabo! — ele me olhava sério.

- Não, Dora.. é sobre isso, queria te pedir desculpas pela infantilidade da Natália, não queria que soubesse daquele jeito.

- Se veio me pedir desculpas por me trair e estar prestes a se casar com uma mulher que tem a idade mental de uma adolescente de doze anos, peça desculpas a si mesmo!

- Ela não é como você, porra, eu te procuro em cada canto daquela casa, te procuro nela, e eu nunca encontro.

- Me procura depois de me mandar pra longe, né?! Faça-me o favor, Rodrigo. Não adianta choramingar que ela não é como eu, ela é ela, somos pessoas diferentes, você estar com ela não significa que ela é o erro, o erro foi você trocar por noites de transa a vida que até então teríamos juntos.

- Não tem noção do quanto eu tô arrependido.

- Tá arrependido e vai se casar? — gargalhei. - Pare de ser um merda e de usar essa mulher para aliviar o vazio do buraco que você cavou no próprio peito, Rodrigo. Boa sorte. — eu me virei e ele me puxou. - Ah, e vá a merda! — ele ficou com uma cara péssima e me soltou, eu saí andando e entrei no meu ônibus, que felizmente, já estava no ponto.

Quando comecei a subir o morro, uma moto parou ao meu lado, era ele.

- Que susto, idiota!

- Sobe aí. — ele foi curto e eu subi. Eu que não nego carona!

Quando ele estacionou na minha casa e eu desci, ele desceu junto.

- Virou bagunça? — cruzei os braços.

- Virou bagunça tu fazer eu deixar vapor meu dar saidinha no asfalto?

- Entra, brutamontes! — revirei os olhos e nós entramos.

- Tava te gastando, vou te cobrar nada não, a não ser que você queira. — ele me olhou de cima a baixo e sorriu malicioso.

- Vou ignorar o que disse e vou tomar meu banho! — ele assentiu e sentou no sofá.

Eu tomei um banho e coloquei logo meu pijama, estava com uma cólica fodida e queria o maior conforto do universo, o contrário daquela calça jeans apertada. Quando desci ele olhava o celular ainda.

- Demorei? — ele me olhou e gargalhou.

- Demorou e ainda voltou com um pijama de vaquinha? — ele riu. - Tem quantos anos, dez?

- Me deixa! Se tem tamanho adulto, é pra vestir! — revirei os olhos e sentei no sofá.

- Tá com essa cara de cu por quê?

- Estresse, Tpm é um saco e... — eu pensei e acabou não saindo nenhuma palavra da minha boca.

- E? — ele me olhava esperando eu falar.

- Sabe o cara que eu te contei? Aquele que me traiu.. — ele assentiu. - Ele foi no meu trabalho hoje, eu achei que era você, quando cheguei era ele, pediu desculpas e... — eu fitei o chão.

- Precisa falar não, fica suave. Fala pra ele que se ele te incomodar eu estouro a cara dele, belê?

- Belê. — eu o imitei e sorri fraco.

- Enfeitiçou minha coroa. — ele mudou de assunto. 

- Quê?

- Não para de falar de tu, que tu é uma boa menina, faz doce e mimimi. Não imagina que faz o filho dela de cavalo.

- Para de ser insensível! — dei um tapa no braço dele.

- Mó fome pô.

- Para de mandar indireta, vai lá e faz!

- Suave, vai ver que mais gostosa que minha comida só você.

- Vai logo! — ele gargalhou e foi para a cozinha.

Ouvi os barulhos de panela e ele resmungando, demorou em torno de meia hora pra ele avisar que estava pronto, o mesmo havia feito um macarrão ao sugo com queijo ralado.

- Vou ter que admitir que ficou bom. — eu falei após engolir uma garfada.

- O pai amassa, patricinha.

- Aham, amassa no teu prato e come, vai.

Nós comemos e eu pedi para que deixasse a louça e eu lavei, quando voltei a sala ele estava olhando o celular.

- Tô com sono já.

- Tá me expulsando? — ele me olhou.

- Não, seu dramático.

- Vou ficar até tu dormir então.

Eu assenti e nós subimos, eu sei que não podia me apegar a ele, mas eu não estava bem, precisava dele ali. Eu deitei no peito dele e conversamos por um tempo até eu acabar adormecendo.

RecomeçarWhere stories live. Discover now