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"Às vezes é necessário que alguém segure o seu mundo quando ele está desmoronando" - Grey's Anatomy

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Estava tirando as decorações com a Gi e a Lore, e a Morena estava lá fora com os meninos, enquanto a Pietra havia sumido. Bruna e Loirinho foram para a casa dele e ficamos só alguns aqui.

Do nada ouvimos umas vozes altas lá fora e corremos para ver, a Pietra estava sendo segurada pelo Vegas e a Morena falava sendo segurada pelo Lucas.

- Dele eu esperava tudo, Pietra! Mas de você... — ela falava enquanto a Pietra olhava meio sem expressão.

- Eu não posso fazer nada, Morena! eu gosto de você, mas ele me quer e me quis mais do que queria você.

- Ei! Que merda é essa? — eu entrei no meio das duas.

- Pietra tá ficando com Vegas a meses já. — a Morena falou com os olhos marejados e eu olhei a Pietra que não descia a postura, ela me olhava sem expressão.

- Pietra?! Como assim? — eu olhei chocada.

- Não posso fazer nada, Cara! Tô cansada disso já, e se ficar se fazendo de vítima é porque é mal amada! Cansei de vocês já. — ela falou, deu as costas, e saiu junto com o Vegas.

- Qual foi, perderam o quê aqui? — o Zói olhou para os fofoqueiros de plantão que logo entraram dentro de suas casas.

Eu olhei para o Lucas e ele entendeu meu olhar, Félix já havia ido, ele se despediu dela e saiu. O mesmo havia entendido que eu cuidaria da mesma.

Eu fui até a Morena que estava calada, sem demonstrar nenhuma reação.

- Ei, eu tô aqui! Vem, vamos. — eu abracei ela e nós saímos andando, chegamos na casa dela e entramos, ela deitou no sofá e ficou fitando o chão enquanto eu fui buscar uma água.

- Eu considerava tanto ela, Irmã.. — ela se sentou e ficou bebendo a água olhando a parede.

- Eu sei.. eu tô sem acreditar também, não esperava isso dela, e sei o quanto ela vai sofrer na mão dele.

- Se ele não queria o mesmo que eu, não entendo o motivo dele me fazer acreditar que sim. — ela colocou o copo de um lado e deitou no meu colo enquanto eu mexia nos seus cabelos.

- Sabe que ele não merece você, independente disso, não merece a Pietra também. O Vegas é podre e só pensa nele mesmo, Morena. Agora é hora de você deixar ele de uma vez por todas sair do seu coraçãozinho e pensar em você, na Morena em que permitiu que ele magoasse. Você é sua prioridade, nunca esqueça disso.

- Obrigada por estar aqui, Isa.. me desculpa por não ter te escutado antes e continuado com aquilo, eu.. — eu a interrompi.

- Shh, não, não precisa falar nada amiga. Vai ficar tudo bem, acredito na sua força. — ela sorriu. - Vem, vou ficar aqui contigo. — levantamos e fomos para o quarto, ela deitou e me abraçou, foi como se ela tivesse chegado ao seu limite e desabou.

- Eu.. eu achei que eu tinha superado, isa.. eu.. pensei. — ela falava entre os soluços.

- Você vai superar, você é forte, você vai conseguir. Ele vai ser um cara que te serviu de aprendizado, quando o cara certo bater na sua porta, nem vai mais lembrar do cara errado.

Tentamos mudar o assunto e ficamos conversando deitadas, a Morena estava calada, nem parecia a Morena que eu conhecia. Rapidinho ela adormeceu e eu sai de fininho pra deixar algo pronto para ela comer no dia seguinte, deixei uns crepes caseiros prontos e guardei, quando tava saindo da cozinha, ouvi batidas na porta.

Era o Duarte.

- Oi.. o que tá fazendo aqui? — eu o olhei e fechei a porta atrás de mim.

- Fiquei sabendo do b.o lá, como ela tá?

- Ela vai ficar bem.. eu espero.

- Tá bolada? — ele tocou meu rosto.

- Tô preocupada.. queria poder pegar toda a dor dela, sabe? Ela já me ajudou tanto, ela não merecia isso, Duarte.

- Pô, eu tô ligado, mas Morena é mina de aço, vai superar o Vegas.

- Nem fala o nome dele que dá dor de cabeça. — revirei os olhos.

- Suave, quer ir lá no mirante?

- Tudo bem, mas eu preciso voltar pra ficar com a Morena.

- Beleza, bora. — ele subiu na moto e eu fiz o mesmo, logo chegamos ao lugar mais lindo, com a melhor vista possível, nos sentamos em umas cadeiras e eu o olhei.

- Você sabia disso?

- Vegas é meu parceiro, mas ele não falava dessas paradas, tá ligado?

- Entendi.. — eu olhei a vista e ele me puxou para perto dele.

- Ver tu assim é estranho, patricinha. Tu é toda nariz empinadinho, bunda também.. — ele sorriu maliciando e eu olhei séria. - Mas namoral mermo, bora sair desse assunto, tá toda pra baixo já.

- Tudo bem, Duarte, tudo bem. — eu sorri fraco e ele olhou nos meus olhos, ele parou por alguns segundos e então falou;

- Pedro.

- Oi? — falei confusa.

- Meu nome, pô. Meu nome é Pedro. — ele falou e eu sorri. Parecia que ele estava me contando um segredo de que estava escondendo um milhão de reais dentro do colchão, pera, e se ele estiver?

- Uau.. por que tá me falando seu nome?

- Nem eu sei, acho que me pergunto a mesma coisa. Mas, confio em tu, patricinha.

- Tá falando que sou patricinha e ao mesmo tempo que confia em mim? — Ele riu e me olhou.

- Eu confio. Veio toda abusadinha do asfalto, achei que era daquelas patricinhas metidas, tá ligada? Cheia de frescurinha, mas tu chegou aqui como se nunca tivesse sido de outro lugar. — ele falou e eu sorri.

- Sabe o que eu acho? — ele olhou esperando eu falar. - Acho que meu lugar é aqui.. eu me sinto tão bem aqui, você também me.. — eu percebi o que acabaria de falar e desviei do assunto. - Você também me mostrou uma visão totalmente diferente, nas nossas conversas. — eu conclui.

Ficamos conversando até a madrugada, eu estava começando a ficar com sono e minha melhor amiga precisava de mim. Duarte me deixou na porta da Morena, me sentia uma adolescente em um namoro de calçada com beijinho na porta.

Quando cheguei no quarto ela continuava do mesmo jeito em que eu saí.

Morena era importante demais pra mim, nós duas sabemos o quanto já tivemos que segurar a outra para que não caísse. Era a melhor amiga que alguém poderia ter.

Eu me deitei com ela e a abracei, o dia foi cheio, logo adormeci.

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