Sieben

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Abril de 2020

Catherine estava no estúdio e tocando piano. Não estava criando nada, apenas tocando "Clair de Lune", porque Holger nunca tinha ouvido, e ele estava no sofá, de olhos fechados e apreciando a música. Parecia perfeita para dormir, mas estava alerta e prestava atenção a cada nota, ainda que não soubesse nomeá-las ou diferi-las. Petros estava deitado perto do piano e olhava para Catherine com uma adoração de fã.

- Espero que não tenha dormido. – Catherine falou ao finalizar, levantando-se do banco, fez um carinho no cachorro e foi deitar com Holger no pequeno sofá do local.

- Claro que não. – Holger sorriu, abraçando o corpo de Catherine e ela lhe deu um beijo demorado no rosto. – E como anda a criação?

- Tenho sete músicas e meia. A da Heidi não anda muito bem. – resmungou.

- É bastante coisa. Quantas faixas você está querendo colocar no álbum?

- Entre treze e quinze.

- E o EP?

- Cinco músicas. Os quatro feats da turnê e um inédito com o Maroon 5.

- Então você deve lançar entre dezoito e vinte músicas?

- Lançar entre aspas, porque os feats todo mundo já conhece, além de "Love is Easy" e "Death of Me". Inclusive, queria saber se você se importa se eu colocar "In Case You Didn't Know" no álbum.

- Me importar por quê? – Holger perguntou confuso.

- Porque ela é meio que escrita por você...

- Não, ela foi escrita, musicada e produzida por você. – Holger respondeu sincero. – Eu soltei várias palavras em uma carta e você fez uma música.

- Ouvi uma música esses dias que lembrei de você. Está em espanhol, mas me lembrou de você...

- Aguardo o dia em que você lembrará de mim com músicas em alemão. – Holger falou em tom implicante.

- Uma vez eu escrevi uma música em espanhol sobre você. – confessou, mas sem olhá-lo nos olhos. – Só que mesmo que o momento tenha passado, não me sinto confortável em cantar pra você, porque ela é... triste.

- Já tínhamos terminado?

- Não. Eu a escrevi no ano novo de 2017, quando estava em Nova York.

- E ela te deixa triste quando canta?

- Um pouco.

- Então não quero ouvir. – Holger respondeu sincero. – Não se te faz sentir isso.

- Eu a compus de uma só vez. A letra veio toda na minha cabeça. Em espanhol. E acompanhada de toda a melodia e da métrica. – Catherine soltou um risinho abafado, escondendo-se mais ainda no abraço do namorado. – Eu não sabia se estava mais assustada com essa rapidez ou pelo que estava escrito.

- Você está me deixando curioso. – Holger fez um carinho nas costas de Catherine, dando um risinho. – Mas gosto de te ver feliz, então sem músicas que te deixam triste ou assustada.

- Então vamos deixar essa de lado por enquanto.

- Mas... lembrou de mim ouvindo uma música em espanhol? – Holger perguntou, apertando o abraço ao redor de Catherine e ela ergueu os olhos para ele pela primeira vez durante aquela conversa.

- Sim. Posso até traduzir depois, se você quiser.

- Então encha meus ouvidos com sua voz, bonitinha. – Holger sorriu, fazendo Catherine sorrir de volta e sair do sofá, indo até o canto em que tinha deixado o violão e aquele instrumento que Holger não conhecia.

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