Leonor
Assim que troquei de roupa, levei a mala ao ombro. Estava completamente exausta de física.
O professor era um pouco exigente na disciplina, e só essa já nos cansava para o resto do dia. Havíamos passado praticamente a aula toda a correr. O homem queria avaliar a resistência.
- Eu estou morta.
- comentou a Nádia -Concordei com ela, assentindo.
Ao abandonarmos o ginásio, optamos por ir para o bar. Já estavam lá os da nossa turma, porém, ficamos apenas numa mesa á parte. Apenas eu, a Rebeca, a Nádia e a Marina ficamos numa mesa enquanto o Polo, Christian, Guzmán, Samuel, Omar, Nano e Valério ficaram na mesa ao lado. Um pouco mais á frente, estava a Lucrécia acompanhada com a Carla.
Considerava as nojentinhas.
Desde que entrara para a turma, que me olhavam de lado e comentavam. Daí nunca lhes dei tanta confiança.
Enquanto ouvia a Rebeca - tagarela - a falar algo sobre festas, fiquei apenas pelo Twitter. Na página inicial, acabei por ler algo que me deixou preocupada. O Ander tinha posto um tweet, e não parecia nada bem.
Ander
O que se passa?
Nada
Ander, sem mentir
Vi o tweet, por alguma razão te perguntei
Se quiseres falar estás á vontadeNão se passada nada
Quero estar sozinho, ok?
Também só perguntas quando
vês que há algo de errado comigo
Não preciso da ajuda de ninguémEngoli em seco.
Não queria incomodá-lo. Mas ao ver que algo não estava bem, obviamente queria ajudar e falar com ele. Embora tivesse sido compensada com sete pedras na mão, o que era estranho.
Ele falava sempre comigo.
Optei por nem lhe enviar resposta nenhuma, já que ele estava irritado. Claro que não queria que descarrega-se em mim, mas não não era preciso responder daquela forma.
Deixei escapar um suspiro, o que fez com que olhares caíssem sobre mim.
- O que é que se passa, miúda?
- perguntou a Rebeca. -- Nada. - encolhi os ombros. - Olhem, vamos indo para a aula que já tocou.
Fui a primeira a levantar-me e percorri o corredor sozinha, até entrar na sala. Sentei-me no meu respetivo lugar e quando senti a Marina a sentar-se ao meu lado, a ruiva perguntou se estava tudo bem.
Assenti, mentindo.
Á medida que me começava a aproximar mais do Ander, era algo que se tornava assustador pois podia dizer-se que ele era o meu melhor amigo. E vê-lo a falar rude para mim, era um pouco preocupante.
(...)
Após ter secado o cabelo, apareci no quarto e sentei-me na cama.
Peguei no telemóvel, ficando um tempo nele já que não tinha que me preocupar com tarefas escolares.
Ander
Leonor?
Estás aí?
Olha, desculpa pela
forma que te falei
Não quis descarregar em ti,
muito menos a dizer que não
precisava da tua ajuda
Estou a ter um dia mau
Como todos os outrosTudo bem, eu percebo
Sempre que te sentires assim sabes que podes falar comigo, não sabes?
Eu gosto de te ajudar e quero ver-te bemSó fico quando fumo
E quando estou contigoOh... pára ☺️
Mas agora a sério, fico feliz por saber que te sentes bem comigo
E quero fazer com que te sintas melhor, mas para isso, não me podes excluirFoi de cabeça quente
Eu disse-te, estrago tudo o
que tenho de bom
Até te afastoNão, não te preocupes
Queres que te ligue um bocadinho?Pode ser
Ao menos distraio-me
Eu curto bué de falar contigoO meu rosto aqueceu.
Acabei por procurar o contacto dele e levei o telemóvel ao ouvido, esperando que me atendesse. Ao ouvir a sua voz, um sorriso surgiu no meu rosto. A primeira coisa que disse logo, foi mais um pedido de desculpa.
Para que o clima bom voltasse entre nós, ele perguntou como tinha corrido o dia. Fiz-lhe o mesmo, apesar de saber a resposta.
- Posso estar contigo?
- Hoje?
- Sim..eu não aguento estar em casa tanto tempo, é só acumular stresses.
E tu fazes-me bem.- Depois do jantar?
- Como te der mais jeito.
Acabamos por combinar o nosso encontro, e o Ander disse que não pretendia ir a lado nenhum de espicifico. Apenas queria estar comigo, para poder desabafar.
{ Nove da noite }
Ao avistar o moreno, cheguei-me perto dele. Logo de seguida, senti os seus braços ao redor do meu corpo o que me fez corresponder ao abraço.
Enquanto mantinha o rosto encostado ao seu peito, saboreava o cheiro do seu perfume que se inalava pelo meu nariz. Ele cheirava tão bem.
Quando os nossos olhares se cruzaram, a sua mão pousou na minha bochecha enquanto uma pequena descarga elétrica surgiu no meu interior.
- Desculpa. Sou tão estúpido.
- Está tudo bem, Ander.
O rapaz forçou um sorriso. Ele olhou ao seu redor e pediu para que fossemos para um sítio calmo, onde ele pudesse fumar á vontade.
Atrás da minha vivenda, tinha um espaço calmo. E apesar de ser noite, não tinha tanto medo pois sentia-me protegida ao lado do Ander. Sentamo-nos numas escadas.
O rapaz encostou a cabeça na porta da vivenda e acabou por suspirar. Pousei a mão no joelho dele, fazendo com que o seu olhar pousasse em mim. Não que fosse para chamar a atenção, mas para o acalmar.
- A minha vida está um caos. Desculpa por estares sempre a ouvir as minhas cenas, mas é mesmo só contigo que me sinto bem a falar.
- Chama-me sempre que quiseres. Como te disse, eu quero ajudar-te.
- Por mais gente como tu.