Emboscada - Capítulo 7.

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Dois anos e três meses antes...

- O que está dizendo Geórgia? - Oswaldo começa a rir porém de nervoso. A última vez que havia visto pessoalmente a filha de sua ex-parceira na polícia municipal de Nova Jersey, foi há mais ou menos dois anos. Comparecera no enterro da mãe desta e a fez uma breve visita no hospital depois que ela saíra do coma induzido. Desde então comunicam-se uma vez ou outra por ligação. Uma dessas aconteceu há mais de duas semanas. O homem já considerado idoso por conta dos números que compõe sua idade, mas que aparenta ter menos do que garante sua identidade, olhar sisudo de uma tonalidade escura brilhante, semblante circunspecto, tom misterioso e um tanto quanto reservado e objetivo nas palavras, remexe-se incomodado na cadeira do restaurante ao ar livre de uma ruazinha em Paris, onde está para resolver seus costumeiros negócios de investigação criminal desde que se aposentara há muito tempo.

- Isso mesmo que você ouviu... - Geórgia insiste do outro lado da linha no quintal de sua casa, olhando para os lados de quando em quando vigiando apreensivamente se Alexia não vem, pois não quer que ela escute a conversa. Queria fazer uma chamada de vídeo, infelizmente não tem tempo para isso.

- Você está me pedindo para acreditar numa loucura? Francamente, Geórgia... Eu achei que você fosse a pessoa mais centrada de sua família, mas pelo visto me enganei. - meneia a cabeça negativamente com um suspiro decepcionado. E como ela sabe que ele está em Paris? A perplexidade assombra sua fisionomia. Devia ter contado em algum momento e acabara esquecendo. No entanto, ele nunca fala pra ninguém quando tem que fazer uma viagem por questões de segurança. Havia cometido um descuido e nem percebera?! - Eu tenho mais o que fazer, então, me retorne quando o efeito da droga que você usou terminar e assim conversaremos como dois adultos lúcidos e sensatos. Até breve...

- Duar... – e a ligação é finalizada por ele antes que ela tenha tempo de se explicar.

A negra parruda dá voltinhas na beira da piscina, inconformada. Por este motivo não conta para ninguém sobre sua mais nova particularidade. Todos a tomariam como desequilibrada. Entretanto, não julga. Se alguém viesse contá-la que pode andar pelo mundo dos espíritos durante o sono do corpo e ver coisas que os olhos carnais não são capazes, com certeza ela também riria de sua insensatez e o mandaria no mínimo procurar um psiquiatra. Só que não irá desistir. Está falando de Oswaldo Duarte; o único amigo justo e honesto de sua mãe em quem pode confiar cegamente. Tenta ligar novamente, tanto por ligação de voz quanto de vídeo, porém, o telefone dá caixa postal e ela bufa sentindo-se impotente e culpada por não ter explanado tudo como deveria. Vendo-a nem que seja pela tela do celular talvez ele acredite que ela não está brincando. Provavelmente ele desligara o telefone para não ser aborrecido. Falara eufórica demais e exatamente por este motivo, Duarte achara que ela está fora de si. Ele se encontra do outro lado do Atlântico. Ali agora é 7h da manhã e lá 14h da tarde. Não conseguirá chegar a tempo de evitar uma desgraça.

- Geórgia... Geórgia... – Alexia a chama da longa porta de vidro de correr que dá para a área da casa e ela se vira com os braços caídos ao comprimento do corpo tentando disfarçar a preocupação.

- Oi amor...

- A Vicky sujou todo o chão de leite... E eu tenho que me arrumar para o trabalho. Espero que cuide disso – a loira pisca e sorri de um jeito sensual que faz com que Geórgia seja incapaz de dizê-la um não e se vai rebolando provocante como de costume.

Geórgia olha mais uma vez para o telefone considerando-se péssima e de mãos atadas. Se não é possível ajudar as pessoas de quem gosta, para quê então este dom a serve?! Tem que cuidar da sua família e é isso o que faz. Há esperanças de que Duarte com sua experiência profissional e pessoal no ramo, saia ileso, conta e torce para isso.

Presa a TiWhere stories live. Discover now