10° capítulo

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Alessandro

Sento-me ao sofá, observando Christian polir a lâmina de uma faca suspensa entre seus dedos. O cuidado e dedicação ao limpar o objeto, era algo a ser admirado. Seus olhos analisavam cada simples detalhe da faca, brilhando ao ver seu rosto refletido na lâmina bem limpa.

— Pretende usá-la? — Pergunto, cruzando levemente minhas pernas.

Seus olhos me encontram. Christian se acomoda na poltrona e encolhe os ombros. Indiferença refletida em seu rosto.

— Vou dar umas aulas à filha de Enrico. A menina praticamente implorou — Um sorriso discreto se forma em meus lábios ao imaginar que Enrico sequer suspeita que sua filha pediu tal coisa a Christian. Com seu instinto protetor, Enrico enlouqueceria.

Arqueio as sobrancelhas, desinteressado em continuar a conversa. Impaciente, eu apenas queria que Diana terminasse logo seus cuidados matinais. Uma desculpa nada relevante para o momento que compartilhamos. Se Diana me quiser longe, terá que subestimar sua inteligência.

Sua irmã em breve estaria em nossa casa. Meus homens estão comunicando todo o caminho feito com a mais velha Barbiera. Com a presença de Elisa, eu poderia aproveitar para resolver os problemas com a prostituta em territórios da camorra. Eu não poderia deixar Diana sozinha novamente, não depois de quase perdê-la. Sabia que estava sendo descuidado com minha esposa, relaxado com a única pessoa que jurei proteger.

— Chefe? — A voz de um dos soldados toma minha atenção — A irmã de sua esposa está aqui — Agradeço com um leve aceno de cabeça, me levantando logo depois.

Não estava em meus planos recebê-la sem a presença de Diana, mas Christian sentado ao meu lado deixava o ambiente menos constrangedor.

Não demora para que Diana desça. Seus olhos claros brilhando ao ver sua irmã ali, sentada esperando por ela. Diana tropeça em seus pés, caindo em um abraço apertado a sua irmã. Olho para Christian por um momento, que parecia longe o suficiente para se sentir desconfortável com a situação.

— É bom vê-la. Parece que se passaram anos — Elisa diz ainda abraçada a sua irmã. Diana retribui suas palavras com um sorriso sincero.

As duas logo se sentam, conversando sobre coisas irrelevantes de forma inaudível. Aquilo parecia irritante o suficiente até para mim, capaz de aturar horas em uma reunião, rodeado de homens fúteis e soberbos.

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— Acha que pode ser beneficiado com isso? Preciso de armas e você de um bom aliado — Mariano se acomoda sobre a cadeira. Seus olhos procurando os de seu pai, e quando o faz, um sorriso de orgulho banha seus lábios.

— A Cosa Nostra era segura de si o suficiente para negar um pedido de aliança feito por meu falecido pai.

— Aron era seguro de si o suficiente para achar que podia passar a frente de todos — Desvio meus olhos a Emiliano.

— Vocês nunca foram amigos da nossa família — Mariano sorri e coça levemente a cabeça.

— Não seria agradável ser amigo do homem que se casou com a mulher que estava separada para mim — O sarcasmo estava evidente em suas palavras.

— Não devia levar isso para o lado pessoal, Mariano. Às vezes precisamos lidar com a derrota — Meu tom carrega a mesma proporção de deboche.

— A única que saiu perdendo aqui foi a sua esposa.

Suas palavras resultam em minha faca, puxada rapidamente do coldre da minha calça e cravada em sua mão sobre a mesa. Apenas um resmungo dolorido abandona os lábios de Mariano, me surpreendendo. O sangue escuro não demora a rodear o ferimento. Sua respiração irregular e seu olhar furioso me fuzilando. Retorno meus olhos a Emiliano, notando a expressão neutra em seu rosto. A postura ereta e os olhos semicerrados.

Stuck For Family - Livro I (Degustação) Where stories live. Discover now