Capítulo Sete

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David está em silêncio ao meu lado. Desde a saida daquele idiota que fez um escândalo no restaurante e estragou o nosso jantar, ele está assim. Se está se perguntando por que eu saí com o David, aqui está a resposta: David merece uma chance.
Não sou alguém que ele mereça. Jamais, nunca serei uma pessoa tão boa quanto David. Mas ele me pediu para dá-lo uma chance, e eu darei. O silêncio não me incomoda, mas não quero pensar em problemas agora, então decido falar:
- Me desculpe por... por ele. - falo sem olhá-lo. - Por tudo. - concluo.
- Do que está falando? - ele pergunta me olhando rapidamente.
- Daquele idiota no restaurante.
- Ah! O Josh, não é mesmo? - e apenas assinto.
- Liz, vamos esquecer isso. Não foi o escândalo do ano. Está tudo bem.
- Obrigada pelo jantar. - tento mudar de assunto.
- Elizabeth, pare de se desculpar e agradecer por coisas bobas, ta?
- Mas foi importante para mim, sabia? Eu precisava.
- Eu conheço você, Elizabeth, eu já sabia que estava sobrecarregada.
- David, antes de qualquer coisa, quero me desculpar por antes.
- Elizabeth...
- Pare de me chamar de Elizabeth! - peço já um pouco irritada. Ele sempre me chamou de Liz, e eu gosto quando ele me chama assim.
- Tudo bem... eu já esqueci tudo de antes. - ele fala sem me olhar, algo me diz que ele não está mentindo.
- Mas eu não. - sussurro e sinto meus olhos marejarem.
Meu pai me ensinou que as piores cicatrizes podem fechar, se você souber lidar com elas. Ignorá-las não é o bastante mas, aprender a conviver com a dor é essencial para fechá-la.
Depois de um tempo chegamos na minha casa.
- Quer entrar? - pergunto antes que ele se despeça. Ele olha as horas em seu celular.
- Ainda tenho tempo. - diz e abre um sorriso que logo me contagia.
David tem três irmãos: Gabriel, de dezesseis anos, Jéssica de doze, e Jonathan, de oito. Como mais velho ele sustenta a família com o que pode, já que a mãe ficou doente de uns tempos pra cá. Eles moram em um condomínio humilde. Tento ajudá-lo, mas o orgulho dele não aceita nada meu. O pai dele morreu há sete anos e isso o fez crescer. David é bondoso, orgulhoso, forte e protetor. Seus olhos dizem o que ele está sentindo.
Ele abre a porta do carro para eu poder sair e me acompanha até a porta. Abro a porta e vejo que as luzes estão apagadas. Acedo a luz do corredor e da sala para não esbarrar em nenhum móvel.
- Quer um café? - sussurro para ninguém acordar. Ele apenas meneia a cabeça concordando. Depois de preparar o café vou até a sala mas ele não está lá. Olho pela janela e vejo ele conversando no telefone lá fora. Sento-me e espero. Ele entra e bebe um pouco do seu café.
- Gabriel ligou. - ele diz depois de um bom tempo.
- Ah, o que ele queria?
- Ele disse que ia sair. Odeio quando minha mãe faz isso. Gabriel faz o que quer da vida dele enquanto eu trabalho todos os dias! - ele diz já irritado.
- Ei, calma. Se você quiser ajuda, eu estou aqui. - eu o abraço. Sei que ele disse que sou forte por ter aguentado ver meus pai morrerem e cuidar de minha vó e de Ethan. Mas ele faz muito mais do que eu pela sua família.
Ele me beija nos lábios e eu correspondo. Eu não posso ter medo de entregar meu coração ao David. Ele nunca me machucará.
- Está tarde. - ele diz encostando sua testa na minha.
- Não vá... - sussurro com os olhos fechados. - por favor!
- Eu preciso. - ele diz e se afasta. - Até outro dia, Liz. Eu te amo. - ele diz e vai embora sem esperar resposta. Sei que ele teme que eu diga que não o amo, ou que peça para ele parar de dizer que me ama.
- Eu te amo. - sussurro depois que ele fecha a porta. Decido dormir depois de tudo o que houve hoje. Minha vida anda um caos depois que conheci aquele idiota mimado.

######

Acordo e olho o relógio. São apenas 2h16min. Levanto-me e vou até a cozinha para beber água.
Depois de encher o copo viro-me e vejo uma mulher. Eu já a vi antes, mas não me recordo o nome. Ela é ruiva, alta e a pele é branca.
- Olá. - ela diz com um meio sorriso.
- Quem é você? - pergunto pondo o copo de lado.
- Ah, que falta de educação a minha! - ela ironiza. - Eu me chamo Jane Carter. - ela estende a mão para que eu aperte.  Seu sobrenome é familiar para mim.
Carter... Carter... espera! Esse é meu sobrenome do meio! Ela é... minha prima!
Agora lembro-me dela. Ela esteve aqui no jantar. A que eu insinuei ser namorada do David.
Fico muito tempo pensando e ela abaixa a mão.
- Você deve ser a... garota que beijou o Josh! - ela tem malícia nos olhos. - Ah, me desculpe. Eliza... é o seu nome, não é?
- Elizabeth. - corrijo-a secamente.
- Me desculpe, eu...
- E eu não beijei o Josh. - interrompo-a.
- Não foi isso que saiu nos jornais.  ela fala com desdén.
- A mídia mente. Você deveria saber disso. - falo e ela ri.
- Josh devia estar cego para fazer isso. - ela me olha de cima a baixo. - Digo, deixar esse escândalo acontecer.
- Quem é você para chamá-lo assim, com tanta intimidade?
- Sou secretária dele. Fui sugerida pelo Sr. Angel depois que a incompetente da secretária antiga dele saiu. - ela fala vitoriosa.
Eu ouvi falar que ele tinha despedido a secretária mas, não sei o motivo.
- E o que está fazendo na minha casa? - pergunto com tom ríspido.
- Vovó me convidou. - ela diz e sorri triunfante.
- Espero que tenha ganhado algo tomando o meu tempo. - pego meu copo e ando em direção o corredor que dá acesso aos quartos, mas ela me segura pelo braço fazendo-me girar. Sem querer jogo todo o líquido do copo em seu rosto.
- Desculpe! - exclamo e sorrio. Deixo o copo na mesa e vou para o meu quarto.

######

Estou no trabalho e hoje o Sr. Angel tem duas reuniões, mas não vou acompanhá-lo. Vejo o nojento do Henry sorrindo para mim quando vou almoçar, o que, definitivamente, eu poderia dormir sem. Mas não seria o Henry se não estivesse rindo de mim. Ele me odeia. Eu tenho nojo dele.
Termino de almoçar e fico mechendo no celular.
- Almoço agradável, srta. Harris? - alguém sussurra em meu ouvido o que me faz pular na cadeira com o susto que levei. Percebo que é Henry que está atrás de mim. Ele apenas ri e se afasta. Que filho da mãe!
Me recupero do susto e percebo meu celular tocando. É um número desconhecido.
- Alô? - digo com receio.
- Alô, esse é o telefone da Elizabeth Harris? - escuto uma voz doce de mulher.
- Sim, quem está falando? - pergunto desconfiada.
- Liz, que saudades! Sou eu, Lorena! - ela praticamente grita. É Lorena, minha melhor amiga. Éramos um trio quando mais novos. Lorena, eu e David.
- Lorena, como você está? - pergunto com um sorriso enorme. Que saudades eu tenho da minha amiga!
- Estou ótima, e por aí? Como está o David? - Lorena sempre foi apaixonada por David, que sempre foi apaixonado por mim. E não, eu nunca me apaixonei por Lorena para fechar o "ciclo das paixões não correspondidas".
-  Ele está bem, e eu também!
- Eu soube dos seus pais, eu sinto muito! - ela fala triste. - Mas quero que fique bem, Liz. Você e o David ainda estão juntos? - Ok. Está na hora de responder algumas perguntas. Eu e David já ficamos juntos há mais ou menos três anos, mas eu acabei terminando pois não conseguia corresponder aos atos de carinho dele, e não queria machucá-lo.
- Pouco tempo depois de você ir embora para Paris, eu e David nos separamos. Você sabe, eu não conseguia sentir nada por ele...
- Espere aí! O verbo "conseguir" está no passado! Vocês voltaram?
- Estou dando uma chance para nós novamente, Lorena.
- Liz... eu não quero que o machuque de novo. Você sabe o que sente por ele, por favor, só se envolva se for verdadeiro. Não o iluda como antes.
- Eu não quero machucá-lo... nunca. - falo e respiro pesadamente.
- Liz, preciso ir. Na próxima semana estou chegando! Estou morrendo de saudades! - eu sorrio. Ela vai voltar!
- Não demore, eu te amo, amiga.
- Também te amo, foguinha! - ela diz e desliga.
Fico feliz por ela estar voltando. Isso me faz esquecer o idiota número dois, que é o Henry.
As horas no trabalho passam rápido e Sr. Angel mal para no escritório. Stephanie, a antiga secretária do Josh está trabalhando para o Henry, sinto pena dela, apesar de achar que ela já está acostumada pela sua experiência. Stephanie é legal e isso me faz lembrar o que Jane disse. Os olhos azuis dela me dizem algo que não cosigo decifrar, parece dor misturada com raiva. Pego o ônibus para ir para a faculdade. Só tenho aula dia de segunda, terça e quinta, pois estamos no início do ano.
Como hoje é quinta, chegarei tarde em casa. Meu celular vibra e eu vejo que recebi uma mensagem.
Lorena me ligou hoje dizendo que está voltando! Amanhã posso te pegar no seu horário de almoço para conversármos? Eu te amo.
David
Decido responder.
Ela me ligou também! Acha que ela vai ficar chateada quando nos ver juntos? Eu também te amo.
Liz
Fico com aquela duvida na cabeça. Eu não quero ver Lorena sofrer!

######

Chego em casa cansada e vejo Ethan ainda acordado.
- Olá, meu amor. - digo e beijo sua testa.
- Oi, irmãzinha. - ele diz e beija minha testa também.
- O que está vendo? - sento-me ao seu lado.
- Uma série policial.
- Ah. E a vovó?
- Está dormindo.
- Hum...
- Sabe aquele cara que brigou comigo naquele dia?
- O Josh? - pergunto levantando as sobrancelhas.
- Sim! A mulher dele está grávida e eles vão se casar no fim de semana.
Algo nessa notícia me incomoda e me deixa com raiva.
Grávida?

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Oi, oi! Tudo bem com vocês? Esse era o capítulo se sexta, mas não pudemos postar. Hoje ainda tem mais um capítulo!
Não deixem de votar e de comentar, isso nos ajuda muito!
Espero que gostem da Lorena, ela é especial!
Beijos!
Emilly

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