Bônus: David

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Chego em casa cansado. Jogo minha mochila no sofá e vou até a cozinha. Vejo minha mãe lavando a louça.

- Bom dia. - digo para que ela perceba minha presença.

- Olá, meu filho. - ela sorri. - Como foi no trabalho?

- Cansativo. Como sempre. - respondo despindo meu casaco. - Onde as crianças estão?

- Jessica e Jonathan foram para a escola. - ela fala e baixa a cabeça.

- Mãe - me aproximo dela -, onde o Gabriel está? - pergunto desconfiado.

- Ele... ele...

- Mãe, fala. - já estou vendo onde isso vai parar.

- Gabriel não dormiu em casa. - ela diz e aperta os olhos como se isso amenizasse o impacto daquilo.

- Meu deus, mãe! Eu já disse mil vezes que esse moleque está fazendo besteira por aí! E isso não é culpa minha! Eu bem que queria prendê-lo mais. - passo a mão no cabelo. - Liberdade não é uma coisa boa quando não sabe usá-la. - sussurro e sento-me no sofá.

- Acalme-se, David, querido! - ela corre em minha direção enchugando as mãos.

Vejo um retrato na mesa em frente o sofá. Tem uma garota de cabelos negros e lisos com chocolate nas mãos. Logo ao lado dela há um garoto com o sorriso incompleto, em sequência há um garoto adolescente com cabelos negros e expressão séria. Uma mulher loira e jovem, com um bebê nos braços de pouco mais de um ano de idade, e ao lado dela está um homem alto, cabelos negros iguais aos meus, olhos brilhantes e sorriso fácil. Meu pai. Lágrimas se formam em meus olhos.

- Oh, meu querido! - minha mãe me abraça e depois segura meu rosto com as duas mãos. - Seja lá onde ele estiver, ele está orgulhoso do homem que você é.

Enterro meu rosto em seu ombro e choro. Sei que isso não o trará de volta, mas as lágrimas aliviarão minha dor.

Vou descansar e espero meus irmãos chegarem.

- Maninho! - Jessica grita ao me ver.

- Oi, princesa. - digo com um sorriso forçado.

- Como está? Não o vi sair ontem.

- Eu fui jantar com a Liz e cheguei tarde em casa. - ela me abraça forte.

- E como você está com a Liz?

- Estamos bem. - falo e sorrio lembrando de quando nos beijamos.

- Você a ama, David! Finalmente teve coragem para dizer o que sente! Eu gosto dela, ela é legal e bonita. - ela diz sorrindo.

- Sabe de uma coisa mais?

- O que? - ela pergunta alegre.

- Ela me mandou te fazer um ataque de cóssegas! - começo a fazê-la rir apertando seu joelho.

- Para, para, para! - ela grita e ri ao mesmo tempo.

- Vamos almoçar, mocinha. - puxo-a pelo braço e a arrasto para a cozinha.

Depois de almoçar decido ver Jessica desenhar para não pensar na Liz. Cada segundo eu luto comigo mesmo para não mandar uma mensagem para ela.

Meu celular vibra e vejo um número incomum na tela.

- Quem é? - falo com a voz mais grave para intimidar quem quer que seja.

- É o David? David Williams? - uma voz suave atinge meus ouvidos.

- Lorena? - a reconheci imediatamente. Lorena foi a Paris há anos para estudar e não deu mais notícias.

- Sim, sou eu! - ela exclama eufórica.

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