Esperei tanto por isso...

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    Mas o bom é que eu me recuperei rápido o suficiente para continuar curtindo o passeio, aliás, graças ao cara que nunca ficaria comigo, meu passeio acabaria no próximo dia.

     Então, eu não deveria ficar amargurada. Eu já deveria saber que não se deve ter relacionamentos com caras comprometidos ( independentemente da situação atual de seu relacionamento ). Mas eu ainda estava intrigada com o nunca. Eu não poderia negar que passei a meia hora seguinte pensando em um motivo decente para aquele nunca ser uma palavra definitivamente bem intensificada no contexto do Dylan.

    Posso dizer que ele se aproveitou de mim, e eu continuei sentindo a sua língua passeando de modo imaginário pela minha pele. E seus dedos em minhas costas... E senti saudades. Mas o nunca me tocou mais fortemente. Era isso.

    Me imaginei sozinha num futuro bem próximo, mas uma vez, o que era ridículo todo esse pessimismo em relação ao sexo oposto. Mas pelo jeito era isso. A gente se apaixona e alguém parte nosso coração mas, a ingenuidade fala mais alto, e na nossa mente ela sussurra: " vai, tenta só mais uma vez ". Acontece que, quando chegamos ao limite, buscamos uma outra alternativa. E a mais usual é se apaixonar outra vez. Que burrada, uai! Eu não queria me livrar de uma paixão que me machucou? Então por qual motivo eu procurei sentir uma outra dor?

    Eu deveria estar feliz por me livrar de mais uma possível decepção enquanto fosse cedo. O " beijo de amor verdadeiro " teria que ficar para depois. Então iniciei o processo de me realizar individualmente.

     A partir daquele momento, eu ao menos tentaria não sentir o que meu coração estava fadado a sentir pelo Dylan. Eu decidi colocar como prioridade, se e somente se, a minha futura carreira, a Medicina. Para quê um namorado se minha única preocupação naquele momento era os milhares de diferentes casos clínicos para aprender a desvendar? Era isso, eu queria um futuro, não um retardamento emocional.

    Passamos o restante da tarde indo de um lado ao outro das praias nas imediações, eu não estava nem um pouco interessada no que o guia tinha para me dizer, e qualquer oportunidade eu aproveitava para tirar fotos para o meu Instagram. Eu estava irritada, e era isso que eu fazia quando estava brava, fotografava bastante.

    Em um dado momento, me afastei para curtir uma foto encima de uma pequena ponte. Me encostei no parapeito de madeira e fiz biquinho para a foto. Dylan surgiu do nada ao meu lado e se apoiou de frente para o mar.

   - Você quer participar de uma pequena confraternização em volta da fogueira?

    Olhei para ele e respondi, sucinta.

   - O que vamos confraternizar, e com quem? - perguntei, já odiando ser interrompida em minha sessão de fotos.

   - Nada em especial. É um costume dos hospedeiros locais. Achei que gostaria de ir.

   - Verei a situação da minha agenda mais tarde. - respondi sarcástica e lhe dei as costas.

    Ouvi o Dylan falar:

   - Você não consegue ficar brava, e na verdade, não há motivos para revolta.

    Eu poderia ter estralado um dos meus dentes pela maneira em que os apertei após ouvir aquilo. Continuei parada, de costas.

   - " Não há motivos para revolta "?

   - Dak, é um assunto que envolve mais pessoas do que você imagina. Eu não posso sacrificar tudo agora. - Sua voz era de pesar. Estava ele de casamento marcado? Não era mais da minha conta. Eu também não sacrificaria tudo naquele momento. Nem depois.

Virtualmente FalandoWhere stories live. Discover now