Não Quero Saber Dele

307 52 13
                                    

Capitulo Revisado


André

Comecei a ver as propostas de emprego no meu telemóvel, o problema é que parecia que nenhuma chamava-me á atenção, eu neste momento não sabia fazer nada e definitivamente não podia ser advogado, nem o desejava.

Podia ter um curso, algo que a minha mãe diz que nem sabe bem como consegui, pois não era um bom aluno, porém não podia fazer algo que para mim era desconhecido.

Então resolvi mandar currículos como secretário, não era algo tão complexo como advocacia, mas mandei também para os diferentes setores, por isso talvez tivesse sorte.

Resolvi passear pelo jardim enquanto pensava no que o Francisco tinha-me dito, talvez devesse procurar o Diogo e tentarmos engatar a nossa essa amizade.

Peguei numa velha bicicleta que o Francisco disse ser dele, da época de adolescente e pedalei até chegar a cidade, porém não sabia onde ficava o quartel dele, podia ligar a Francisco, mas ele iria fazer piadas, resolvo então ir até ao hospital, pois achava que o quartel não podia ser tão longe dali, por isso fui até lá.

Comecei a pedalar pela cidade a volta até que cheguei a um cruzamento, dei por mim estático olhando a estrada, a minha cabeça começa a doer, e vejo vislumbres de um acidente foi ali o meu acidente parecia que sim, sentia uma tristeza.

Numa das imagens vejo o Diogo olhar para mim e a chorar, senti alguém a abordar-me na rua questionando se eu estava bem, a dor aliviou e percebi que tinha a bicicleta jogada no chão e eu tinha as mãos na cabeça.

André- Sim peço desculpa eu estou, sabe dizer-me se o quartel dos bombeiros fica longe daqui.

O senhor respondeu-me que não, e deu me as indicações.

Eu estava confuso com aquelas imagens, porque o Diogo havia de chorar, ele disse-me que não conhecia-me, não fazia sentido talvez fosse coisa da minha cabeça.




Diogo


Tentava esquecer a merda que tinha feito na noite anterior, tentar apagar aquela sensação de sujidade e traição que eu sentia.

Dei por mim a divagar pensando nos meus momentos com a Mafalda e pedindo lhe desculpas mentalmente pelo meu deslize, porém outra pessoa invadiu a minha mente enquanto pedia perdão o rosto de André apareceu na minha cabeça e recordei a nossa conversa agradável no quarto.

O que se passava comigo, não conseguia superar que ele tinha ido embora, não conseguia superar que havia perdido um amigo, e isso é tão estúpido, as pessoas vão e veem.

Fui interrompido dos meus pensamentos, quando um colega chama-me dizendo que eu tinha visitas, quando olho vejo a Jéssica com a minha filha.

As lembranças da noite anterior pareciam atormentar-me, fora apenas sexo nada mais.

Diogo- Que fazem aqui?

Daniela correu a abraçar-me enchendo me dê beijos.

Jéssica- Ela quis vir, disse que estava com saudades suas e dos seus colegas, que queria vir dar-lhe um beijinho, e perguntar se podíamos ir até ao parque.

Diogo- Mas podias ter ligado, eu estou no trabalho.

Daniela voltou para perto de nós questionando se podíamos ou não ir ao parque, mesmo que pudesse até ter vontade de dizer não era impossível perante o seu sorriso.

Diogo- Claro que podes.

Ela apertou-me forte e deu-me um beijo eu coloquei ela no chão e logo ela correu para a entrada do Quartel.

Então Jéssica aproxima se de mim dá me um beijo no rosto e sorri.

Jéssica- Já disse não precisa de sentir-se assim, sexo é sexo nada mais.

Eu fiquei sem resposta e reação, logo virei costas podendo ver alguns colegas sorrindo para mim e dizendo que eu estava a mandar bem.

Diogo- Voltem ao trabalho seus nabos.


Ainda consegui perceber a minha filha a dizer adeus a alguém, mas não entendi quem.



André


Quando cheguei perto do Quartel, rapidamente pude o ver, mas percebi que não estava sozinho uma loira bastante bonita por sinal estava perto dele, demasiado ao ponto de beijar-lhe o seu rosto, isso desconcertou me um pouco sem entender bem o porquê.

Porém a menina na entrada do quartel chamou-me mais á atenção, era a filha dele eu lembrava-me pela foto que ele mostrou-me.

Aquela mesma sensação, tristeza e nostalgia voltava a afetar me, ela então sorri e acena-me.

Eu fiz mesmo, a dor de cabeça estava de volta então peguei na bicicleta e saí empurrando ela sem olhar para trás.

O que se estava a passar comigo, relaxei num banco de jardim enquanto pensava na cena que tinha visto para quem estava viúvo e em sofrimento recuperava muito rápido.

Mais uma vez não entendia a minha reação, porque incomodava-me, talvez as piadas do Francisco fizessem algum sentido, porém não precisava disso neste momento da minha vida.

Resolvi voltar a casa e continuar á procura de trabalho.

Alguns dias já se haviam passado, algumas entrevistas nada com sucesso e isso irritava-me muito, comecei a correr de forma a afastar os problemas da minha mente e tentava de todos os jeitos lembrar dê quem eu havia sido até ler livros de advocacia eu lia para ver se as memórias vinham, porém nada disso, era uma frustração não saber o que fazer com a minha vida por vezes pensava em voltar, porém o Francisco sempre convencia-me do contrário, com discursos motivadores, eu admirava ele o bastante por tudo o que vivera no lugar dele, eu acho que já tinha surtado faz tempo.

Francisco- O meu marido tem ciúmes de ti.

André- O quê porquê?

Francisco- Sei lá cisma que eu falo muito contigo, que te visito muito. (Risos).

André- E tu achas isso engraçado?

Francisco- Claro que sim significa que ainda ama-me, por isso se ele um dia aparecer aqui a querer um ajuste de contas não te surpreendas.

André- Sério eu sou franzino perto do teu marido ele dá cabo de mim em três tempos além disso não se passa nada somos só amigos.

Francisco- Claro que não se passa nada, além disso tu és hétero não és?

André- Porque sinto que isso foi mais uma pergunta do que uma afirmação.

Ele riu da minha cara.

André- Queres que te responda o que, que não sei. Não realmente não sei, às vezes penso que, a pessoa que diziam que eu era nunca existiu pois não temos nada semelhante nem o gosto da comida.

Francisco- Entendo, olha mas garanto-te pelo que contaste-me se fosses quem costumavas ser não seríamos amigos, gosto de ti assim e se achas que talvez não sejas hétero, aconselho-te a experimentar mais que não seja outras bocas tipo a de um certo paramédico.

André- Não insistas eu não o irei procurar, nem vou beijar a boca dele além disso acho que tem outra pessoa.

Francisco- Como assim, conta me essa história pois disseste que não o tinhas procurado.

Contei lhe tudo o que tinha acontecido até as dores de cabeça.

Francisco- Primeiro voltaste a ter dores de cabeça e não me disseste-me, amanhã quero te no hospital para fazermos alguns exames e segundo não quer dizer nada foi só um beijo no rosto podia ser irmã dele.

André- Sim talvez tenhas razão, mas enfim prefiro ficar no meu canto acho que será o melhor.

Francisco- Acho que tens medo de enfrentar o que realmente possas sentir pelo teu herói.

Ele despediu se de mim e eu voltei a enviar currículos já tendo a certeza que não teria grande sucesso.



Diogo


Eu andava com o meu mau humor de volta e todos reclamavam disso, andava novamente a beber, não todos os dias, porém quase todos, para dificultar ainda mais a minha vida a Jéssica resolvia provocar-me constantemente dizendo que podíamos repetir sem culpa, mas eu não queria ela podia ser bonita porém não a desejava, às vezes pensava em mandar ela embora, só que tinha receio de ser difícil arranjar outra pessoa e a Daniela até gostava dela.

Tentava focar-me no trabalho, porém tudo parecia difícil e complicado, levámos para o hospital uma mulher que estava prestes a dar á luz, quase que fazíamos o parto dentro da carrinha porém chegamos a tempo resolvi beber café, e saí para o exterior para respirar, apanhar ar e foi quando parecia ter visto o André a entrar num táxi, na minha estupidez atirei o café ao chão e comecei a correr, sem sucesso.

Acabei escutando o Fernando a gritar.

Fernando- O que estás a fazer?

Diogo- Nada não, parecia ser alguém que conhecia, já estamos despachados?

Fernando- Andas estranho está tudo bem?

Diogo- Sim vamos embora.

Fernando- Não, falta preencheres os papéis foste tu que a abordaste, há lá dados que és tu que sabes.

Entrei sem dizer nada e dirigi me ao balcão preenchendo o resto quando escuto aquela voz atrás de mim.

Francisco- O que faz aqui um dos meus heróis preferidos da cidade.
Podia sentir o deboche nas suas palavras.

Diogo- Bom dia para si também doutor Francisco.

Francisco- Bom dia, que bom humor que está hoje.

Ele aproximou se de mim e falou baixo.


Francisco- Se tivesses visto o meu amigo André não estarias assim, ainda há pouco saiu daqui.

Diogo- Ele está cá?

Francisco- Sim, ele veio fazer uns exames por conta das dores de cabeça constantes.

Diogo- Mas ele está bem? Já se recorda de quem é?

Francisco- Ainda não se lembra e espero que sim, que ele esteja bem, mas diz-me não sábias que ele está cá a viver á quase duas semanas? Pensei que soubesses.

Podia ver a ironia no seu rosto então puxei ele para um canto.

Diogo- Dá me a morada se faz favor.

Francisco- Não sei se posso, talvez ele não queira isso, mas acho estranho ele não te ter procurado pois ele disse que iria o fazer.

Diogo- A morada!

Francisco- Pois é verdade ele desistiu quando te viu com uma mulher loira lá no teu trabalho ele não queria atrapalhar o vosso momento.

Diogo- Era apenas a ama da minha filha.

Francisco- Eu não tenho essa intimidade com as amas. (risos)

Porque ele agia desta forma, gostava de irritar-me porque, e além disso não faz sentido o André não me procurar por causa de ter visto a Jéssica.

Diogo- Coitada da mulher que atura-te, tu és insuportável.

Francisco- Não é mulher é homem, e um homem grande e com coragem, para lutar por quem ama.

Diogo- O que queres dizer com isso?

Francisco- Nada não.

Ele pega num papel e numa caneta e escreve a morada e entrega-me.

Francisco- Aí tens, porém é bom que sejas uma boa pessoa com ele se não eu dou cabo de ti.

Diogo- Oh que medo.

Francisco- É bom que tenhas, pois já matei antes e sou capaz de matar outra vez.

Ele não era grande porem o seu olhar ficou sinistro confesso que um arrepio passou-me pela espinha, como se o que ele disse fosse verdade.

Diogo- Só quero a amizade dele mais nada.

Francisco- O aviso está dado.

A sua postura voltou novamente ao normal sem o ar sério.

Francisco- Fica bem e bom trabalho.






Espero que gostem não deixem de comentar e favoritar isto motiva-me bastante.

Alma GêmeaOnde histórias criam vida. Descubra agora