XII - Alívio

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POV Noah Urrea

Eram exatamente 21:39 do dia 23 de julho, quando eu recebi uma ligação de Heyoon, uma antiga amiga do tempo da escola. Fazia anos que não nos falávamos e por isso estranhei sua ligação, mas atendi mesmo assim.

Ligação ON

- Noah? - escutei sua voz mais madura do que me lembrava do outro lado e o tom de preocupação chamou minha atenção e me deixou atento.

- oi Heyoon, quanto tempo, está tudo bem? - perguntei estranhando sua ligação.

- oi, desculpa te ligar de repente depois de tantos anos sem nos falarmos, mas eu preciso tentar impedir que Sina faça a maior burrada da vida Dela. - Heyoon falou e quando eu escutei o nome de Sina fiquei alerta. Se Heyoon que era a melhor amiga de sina desde sempre havia me ligado para falar sobre uma decisão ruim dela, provavelmente ela já sabia de tudo e o que eu mais temia estava prestes a acontecer.

- o que está acontecendo? - perguntei já preocupado.

- eu acabei de falar com a Sina e ela pode até me odiar depois disso, mas não posso deixar ela desistir sem ao menos tentar. - ela disse e suspirou com pesar. - eu já sei da história toda, sei que ela está grávida de você e sinceramente acho que isso é coisa de Deus, vocês dois praticamente nasceram para ficar juntos e essa criança que foi gerada de uma forma inesperada é a prova disso, só que Sina tem muito medo Noah, você sabe que ela nunca quis filhos e o fato dela não se dar bem com crianças não é o único motivo. Ter um bebê não é nada fácil e principalmente quando você nunca nem pensou nessa hipótese. - ela falou tudo de uma vez e a ligação ficou muda por um tempo. - Amanhã as sete horas ela vai para uma clínica fazer o aborto, mas não é isso que o coração Dela manda ela fazer, mas sim a sua razão e o medo que a domina, por isso você precisa aparecer lá e convencê-la a mudar de ideia.

- eu já tentei fazer isso, mas ela não quer saber! - disse agoniado em pensar que meu filho poderia nunca nascer.

- pois vai ter de tentar mais uma vez, ela está confusa e a cabeça Dela está um furacão, você pode até achar que ela odeia o mundo, mas dentro do coração Dela existe mais compaixão do que você pode imaginar, o tempo fez ela mudar muito, mas lá no fundo ainda existe aquela Sininho por quem um dia você já foi já apaixonado, - ela disse e eu pensei "nunca deixei de ser". - por isso você precisa ir até lá e impedir que ela faça a maior burrada da vida Dela, um filho é algo muito precioso para se deixar ser esquecido. Vocês não planejaram isso, mas tem coisas que só são para ser! - ela terminou de falar e eu senti um estalo de esperança em meu coração, tudo que eu mais queria era que Sina tivesse nosso filho.

- mas eu não sei o endereço! - falei lembrando desse detalhe de repente.

- eu sei! - ela falou e logo me passou o endereço.

*************
No dia seguinte...

Eu tinha acabado de estacionar na frente daquela clínica e eu sentia uma certa repulsa em pensar no tanto de vidas que foram impedidas de ser vividas. É claro que eu sabia que cada caso era um caso, mas isso ainda não mudava os fatos.

Adentrei o local e avistei uma fila de mulheres sentadas à espera do seu "livramento", Entre elas estava Sina sentada com a cabeça apoiada nas mãos que estavam apoiadas nas pernas. Me aproximei da fila e aquelas mulheres me olhavam com uma feição estranha.
Quando cheguei na frente de Sina, me agachei na sua frente e beijei sua cabeça, uma garota que parecia ter mais ou menos 17 anos sorriu Minimamente para mim e eu retribui rapidamente, depois voltei minha atenção a Sina que me encarava com os olhos arregalados.

- como você sabia que eu estaria aqui? - ela perguntou com a voz trêmula e limpou uma lágrima que escorria do seu rosto.

- tenho meus contatos. - disse simplesmente e ela continuou me encarando.

- o que está fazendo aqui? - ela perguntou Ainda atônita.

- vim te impedir de fazer essa besteira, eu sei que você nunca quis filhos, mas você já está grávida, é uma adulta responsável e bem estabilizada financeiramente, podemos não estar juntos, mas conseguimos criar essa criança se quisermos, não posso deixar que você tire a vida desse serzinho sem ao menos dá-lo uma chance de viver. E já te disse, que se você não quiser mais criá-lo quando o tiver, eu posso fazer isso, mesmo que depois você sinta vontade de vê-lo, só não tire a vida dele! Nós podemos dar um jeito de fazer isso acontecer Sina, você não está sozinha, eu to aqui com você! - disse e ela me encarou atentamente o tempo inteiro, até que fez algo que eu jamais esperava nesse momento, ela me abraçou forte, escondeu seu rosto na curva do meu pescoço e começou a chorar baixinho.

Retribui seu abraço e afaguei suas costas Ainda surpreso por sua reação, ela parecia tão frágil, completamente diferente de semanas atras quando ela parecia irredutível em relação ao aborto.

- eu não sei se eu posso cuidar dessa criança Noah, mas eu vou me odiar para sempre se fizer isso, você precisa me prometer que se eu tiver esse bebê você vai cuidar dele e vai dar todo o amor que você pode, o amor de um pai e de uma mãe. - ela falou com a respiração mais calma e eu demorei um tempo para processar suas palavras, mas assim que consegui absorver o que ela havia dito meu coração se encheu de alegria.

- é claro que te prometo Sina. Eu vou ser melhor pai que essa criança pode ter, só não faz isso por favor! Se você quiser vê-la eu não me importo, mas repito, só não tire a vida dele! - falei suplicando e sorrindo, eu estava tão feliz.

- o bebê é seu! - ela disse e eu não me contive e à abracei apertado sem conter a alegria que estava sentindo.

- você não vai se arrepender de ter decidido isso, não me importo de dividir ele com você ou de fazer com que você não precise vê-lo nunca, você quem decide. Eu estou disposto a tornar isso o mais confortável possível para você. - disse e apertei ela Ainda mais no abraço.

Todas as mulheres que estavam no consultório esperando pela sua vez nos olhavam, umas inexpressivas, algumas sorrindo para cena e outras chorando, cada uma ali tinha seus próprios motivos para estar aqui, era uma situação complicada.

Me separei de Sina e quando estávamos prestes a sair do consultório, uma única porta branca que existia naquela sala se abriu e uma mulher saiu de lá chorando e um homem todo de branco chamou o próximo nome.

- Sina Maria Deinert! - ele chamou e eu senti uma fisgada no coração ao pensar que se tivesse chegado um pouco mais tarde estaria tudo acabado.

- pode chamar a próxima, ela desistiu! - disse com um sorriso de orelha a orelha e o homem suspirou e chamou a próxima paciente como se isso fosse algo que acontecesse frequentemente.

Depois disso eu fui com Sina até onde meu carro estava e nós voltamos para a casa Dela silenciosamente, mas tudo que eu conseguia pensar era no alívio que eu estava sentindo.

"Quando é para ser o destino da um jeito!

Just Us - Noart/Sinoah✨Onde histórias criam vida. Descubra agora