XX - Risco

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POV Noah Urrea

A ligação de Sina me deixou automaticamente desesperado, não tive nem tempo de comunicar nada a Savannah, mas me encaminhei no mesmo momento para o apartamento de Sina.

Quando eu cheguei lá senti vontade de sair quebrando tudo ao constatar que a porta estava trancada, coincidentemente quando eu precisava que estivesse aberta. Sem muita escolha e movido pelo medo e desespero, forcei a porta até arromba-la, fazendo um barulho estrondoso, só que isso estava longe de ser um problema para mim naquele momento.

Corri até o seu quarto e não a encontrei por lá, procurando no banheiro encontrei sina e senti  todo meu sangue congelar ao me deparar com ela desfalecida no chão do banheiro, completamente rodeada de sangue. Meu coração parou de bater por um momento, e apesar de meu estado caótico, eu sabia que não havia tempo para ambulância, então peguei Sina em meus braços e a enrolei em uma toalha para cobri-la ao menos um pouco, levando ela para o banco de trás do meu carro em seguida.

Dei partida no carro e arranquei de lá tentando não deixar que todos os pensamentos tortuosos que cercavam minha mente viessem a tona naquele momento, eu só queria conseguir acreditar que tudo iria ficar bem.

Em alguns minutos já estávamos no hospital onde Sina fazia seu pré- natal e eu realmente esperava que a médica dela estivesse lá para atende-la.

Estacionei o carro de qualquer jeito e enrolei a toalha melhor ao redor dela antes de retirá-la do carro. Entrei no hospital as pressas e acho que transpareci bem meu desespero ao anunciar "ALGUÉM ME AJUDA, ELA ESTÁ PERDENDO MUITO SANGUE" no meio do hospital, já chorando por todo o medo acumulado dentro de mim, eu não podia perder eles.

Quando eles levaram ela para dentro, não permitiram que eu entrasse e eu me vi completamente perdido no meio do hospital onde todos me olhavam, alguns com empatia outros com ignorância.

Depois de 1h ainda não haviam dito nada e por isso resolvi ligar para a mãe dela,ela merecia saber e estar com ela neste momento. Ao pegar meu celular me deparei com uma série de ligações não atendias de Savannah, praguejei mentalmente por ter esquecido de avisa-lá em meio a todo esse caos.

Disquei seu número e ela atendeu na segunda chamada.

Ligação on

- o que merda aconteceu?! Faz 1 hora que estou tentando falar com você, foi algum desejo idiota de novo?! - Savannah atendeu a ligação furiosa, me deixando raivoso simultaneamente por tamanho desdém utilizado por ela ao se referir aos desejos de Sina.

- Será que você consegue deixar de ser tão ignorante e babaca ao menos uma vez na vida?! Quantas vezes vou ter que lhe explicar que eu tenho um filho a caminho e ele é minha prioridade, querendo ou não Sina faz parte desse pacote e você precisa aceitar isso de uma vez por todas, afinal desde o início sabia qual era a situação geral da coisa. - despejei tudo que desejava em cima dela, deixando a ligação muda por um tempo.

- você quer vir dormir aqui então?! - ela falou com a voz baixa de modo cauteloso, mudando completamente o tom de sua abordagem.

- não Savannah, infelizmente eu não faltei o nosso encontro por mais um desejo "idiota", Sina caiu no chuveiro e eu estou no hospital com ela. - falei suspirando. Eu estava cansado.

- aí meu Deus, não acredito, estou indo para aí agora, você não... - não a deixei terminar.

- não precisa vir, eu sei que você não gosta dela e querendo ou não esse não é um bom momento para você estar aqui, Sina vai precisar de todo meu apoio quando eu finalmente poder vê-la. Não vou conseguir te dar atenção. - lá no fundo eu esperava que isso acontecesse rápido, e que eles ficassem bem.

- eu posso ir te fazer companhia, e... - tentou novamente.

- não é um bom momento! Amanhã a gente se fala. - disse e desliguei.

Ligação off

Após isso liguei para a mãe dela tentando minimizar a situação para não deixá-la super preocupada ou coisa do tipo, mas eu tenho certeza que minha voz embargada não deixou um sinal de "tranquilidade" em relação a situação, afinal a vida do meu filho e de Sina estava em jogo agora e eu era um inútil que não podia fazer nada para impedir isso.

Mais 1 hora se passou e agora a família dela já estava aqui, todos estávamos sedentos por informação, mas ninguém vinha até nós. Explicar o pouco que eu sabia da situação para sofya e Alex só piorou tudo, todos nós estávamos desesperados por informações. Em algum momento eu também havia ligado para o Lamar e logo ele e Heyoon chegaram e se colocaram ao dispor para tentar nos acalmar.

- Eu não entendo porque tanta demora, eu vou enlouquecer. - Desabafei suspirando, eu me sentia perdido.

- Fica calmo cara, vai dar tudo certo, o hospital ta cheio, devem estar demorando por isso. - Lamar, que estava sentado ao meu lado, falou tentando me acalmar.

- Eu não consigo parar de pensar no jeito que encontrei ela Lamar, era muito sangue, cada minuto que passa eu só me convenço de que deve ser mais grave do que eu imagino. É a porra da pior coisa que podia acontecer na minha vida! - Lamar nem sabia o que falar, e eu não o culpava, isso tudo era uma puta loucura e tava todo mundo nervoso e preocupado demais para ser realmente util.

Depois de muito me torturar cheguei a conclusão não devia ter envolvido Sina nisso, talvez devesse ter deixado ela fazer o aborto, ou sei lá, ela não merece nada disso, afinal ela nunca quis estar nessa situação. Se algo acontecesse a ela a culpa seria completamente minha, por ter insistido tanto para ela continuar com a gravidez pensando apenas no que eu queria quando isso implicava muito mais na vida dela do que na minha. Era até irônico ter esse pensamento agora e eu só conseguia me achar um completo babaca por não ter pensado e aceitado os motivos dela desde o início.

Suspirei fundo pela milésima vez naquela noite e senti uma mão segurar a minha.

- eles vão ficar bem Noah, você vai ver! - a mãe dela falou me olhando e apertando minha mão em uma tentativa de reconforto, mas a única coisa que tiraria aquele aperto que eu estava sentindo em meu coração era ter a certeza de que ela está realmente bem.

- eu espero. - terminei de falar e me dei conta da pessoa que estava em nossa frente.

- parentes de Sina Maria Deinert? - um homem fardado chegou até a recepção com uma prancheta e ao ouvir o nome de Sina eu me levantei em um pulo.

- como ela está? - perguntei me aproximando.

- a médica dela gostaria de falar com vocês em particular, qual o seu grau de parentesco com a paciente? - o enfermeiro questionou.

- eu sou o pai do bebê dela e eles são os pais e a irmã dela, e esse é um casal de amigos. - disse louco para saber ao menos alguma coisa.

- Então o pai do bebê e um familiar da paciente, me acompanhem por favor! - disse e saiu, nós seguimos atrás dele.

Tudo que eu queria era ouvir que estava tudo bem, mas lá no fundo eu não conseguia me convencer de que aquilo que eu vi no banheiro era menos do que eu imaginava.

"Amar é correr riscos, mas acreditar que tudo vai dar certo no final."

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Ai gente, ficou eu com pena do Noah, acho que isso com a sina foi um acaso da vida, não foi culpa dele. O que vocês acham?

Just Us - Noart/Sinoah✨Where stories live. Discover now