SUAS CONSEQUÊNCIAS EM MIM - Spin-Off Trilogia dos Irmãos Amâncio

21 - O MEU HUMOR MAIS SEM HUMOR

Aí vem a grande revelação!!!

Nos acompanhem no instagram oficial dos "irmãos":  ana.romances . Já temos muitas novidades!!! 

~~~~~~~~~~~~

— Falar da escala de esforço de Borg é muito fácil... Agora me responda qual é a ação do músculo deltóide médio?

— O do ombro? Abdução, oras...

Bufei em desprezo.

— Tá, essa foi óbvia... Fale-me quais são as inserções, proximal e distal.

Pensou um pouco, quando disse:

— Clavícula e Úmero.

— Ah, qual é? Você pode responder melhor do que isso... Seja mais específica.

— Ai, Jadir, deixa de ser chato — ouvi da Estela. Logo respondi, inocente:

— A Natalie precisa saber anatomia para fazer o que está fazendo, e eu nem cheguei na parte da biomecânica ainda. — Voltei-me, presunçoso - quase que de forma acusatória, para a interrogada: — É bom que você tenha interesse por física.

Estávamos todos à mesa, no jardim, decorada com esmero - até flores tinha, na tentativa de amenizar o clima terrível que eu tentava desfazer. Cada um concentrado em sua conversa particular e eu tentando me focar na minha.

Enquanto me olhavam sisudas, em especial a Estela, eu fazia um esforço imenso para não rir. Pouco antes da Natalie e do Natiel chegarem a ouvi perguntando ao Adriel se roncava. Com certeza ficou conjecturando quando perguntei se ele estava dormindo melhor. Intrigas inocentes não afetam ninguém! Na verdade, podem ser bem divertidas. Enfim, não tivemos tempo de nos aprofundar nem teríamos tão logo, pois o mais importante seria revelado em breve. Aliviei essa tensão mais uma vez ao voltar para a Natalie:

— Fale-me do vasto medial. Em que plano e eixo ele age? E suas fibras oblíquas, o que fazem?

— É sério? — perguntou a Natalie, desacreditada.

— O que são fibras oblíquas? - se interpôs, outra vez, a projétil japonesa.

Dei de ombros.

Fora o último ano, eu havia me empenhado o suficiente, enquanto estudante, na faculdade. Fui monitor em algumas disciplinas, inclusive. Mas, era inevitável não pensar que eu me mantinha mais ocupado em outras tarefas, do que na atividade em si, e mesmo em cuidar da minha relação com a Natalie; afinal, boa parte dos anos em que estive estudando Fisioterapia, eu estava com ela... ou quase. Sempre foi muito difícil me concentrar em uma única "tarefa". Eu zombava desafiando, mas o eterno desafiado seria eu. Contudo, eu agradecia por, aparentemente, não haver qualquer resquício de mágoa da parte dela naquele dia, seja pelos anos afrontosos em que estivemos juntos, ou pela última vez em que nos encontramos e eu a denunciei ao Natiel. Porém, eu confesso que sempre que eu via a Natalie desde o acidente dela na academia eu a estudava a fim de me certificar de que não guardasse rancor por mim. O senhor sabe pai, ela teria muitos motivos para isso. Mais do que qualquer um naquela mesa.

— Bem, eu devo dizer que eu sentia muita falta de estar com vocês — Daniel começou, se levantando, chamando a atenção de todos. — Toda a minha vida, até pouco tempo — olhou para a Victória com afeição, atenta e sentada ao seu lado, e prosseguiu, — se baseou no único objetivo em cuidar dos meus irmãos. Eu não tinha tempo, nem queria parar pra pensar, que algum dia isso tudo mudaria. Jamais pensei que nossa família se ampliaria e que isso seria positivo. Não! Mais do que isso... Não há definição suficiente para descrever o quão feliz eu me sinto por vê-los bem, realizados, com uma vivacidade da qual nunca havia visto, nem imaginei ser possível. E para mim também...