SUAS CONSEQUÊNCIAS EM MIM - Spin-Off Trilogia dos Irmãos Amâncio

22 - UNINDO A DESUNIÃO

Esse é um capítulo cumprido e bem revelador...

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Apesar de casados há quase dois anos, Adriel continuava contendo suas falas, e mesmo suas reações, diante da Estela. Muitas vezes ele apenas concordava ou discordava com gestos de cabeça na presença de outras pessoas, mas aquela situação exigiria bem mais do que isso.

Eu estava recebendo uma ligação da Tânia e, enquanto caminhávamos para a sala de estar, lhe retornei com uma mensagem dizendo que eu me atrasaria; mas que eu iria com certeza.

— Ora, o que há de errado? — ouvi da insana da Estela, ao chegarmos. — É muito normal que algo assim aconteça em um casamento... Poderia ter acontecido comigo também. Não seria lindo, Adriel?

Não consegui disfarçar a risada abafada, não apenas por me lembrar do que eu havia predito a Victória, mas pela cara vexada do Adriel e do espanto imediato com raiva do Natiel, se voltando para a ela. Foi como eu previ, embora tenha sido bem melhor ver ao vivo. Épico!

Antes que pudessem falar qualquer coisa, pigarreei ainda com bom humor, e lembrei:

— A Victória está precisando de vocês, meninas. Vão lá para que o Daniel possa vir... — Sozinha ele não a deixaria.

— Dez minutos — reforçou a doidivanas e chamou pela Natalie, que precisou quase ser arrastada.

O sujeito da touca ainda forçava mais sua expressão irritada ao vê-las sair, quando disse entredentes para o irmão:

— Você precisa controlar essa...

— Natiel! — chamei-lhe a atenção, já recomposto. Estela era o estopim para sua explosão e, podia apostar, ela havia feito de propósito. Por isso e por tudo eu a havia apelidado de projétil do Japão. Será que toda essa turma junta vai dar certo? Quero muito ver isso...

Ao ouvir os passos do integrante faltante ao grupo, expirei ao dizer:

— Cavalheiros, caso se sintam melhor, discutam entre si em pé ou sentados... Eu vou me sentar, como bom sedentário que sou. Não liguem para mim.

Recostando numa poltrona, fingi me focar em um ponto invisível num ângulo diferente de onde estavam, mas os observava com a minha visão periférica.

— Como isso pôde acontecer, Daniel? — ouvi do Natiel, me ignorando quase que totalmente — Você, mais do que ninguém, deveria saber dos riscos...

— Talvez a Victória nem tenha forças para levar essa gestação — interrompi, ainda sem fitá-los diretamente, como que não querendo nada. — Mas, aposto que vai...

— Natiel, as coisas não são simples assim — era o Daniel. — Eu realmente não pensei que pudesse acontecer. Minha surpresa foi tão grande quanto a sua quando eu soube.

— Ao menos a Victória vai ter companhia — falei debochado. — Ninguém merece viver praticamente sozinha e sempre presa.

Percebi o incômodo do futuro papai e seu ofegar. Eu me divertia com o perigo... Peguei um chiclete para mascar. Ao menos massagearia minha temporomandibular e me deixaria um pouco mais relaxado, sem que eu precisasse fingir tanto.

— Olha Daniel, eu jamais pensei que tamanha irresponsabilidade viria logo de você... O que sempre teve a cabeça no lugar. O que aconteceu, irmão? Perdeu o juízo? Nem mesmo eu...