Capítulo 01 - Perdidos no Ontem

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Local e Data Desconhecidos...

A mente de Danyel divagava por vários lugares ao mesmo tempo ao ponto de que ele era incapaz de focar em nada a não ser o resplandecente brilho ciano que cegava sua vista, mas que aos poucos ia diminuindo até se tornar o azul do céu onde poucas nuvens branquinhas podiam ser vistas. O cientista estava desorientado e logo o conteúdo de seu estômago se rebelou, forçando-o a correr para a beira de um lugar que dava para a água e vomitar tudo que tinha comido horas antes.

O homem finalmente pôde descansar e se sentar. Em uma olhada ao seu redor, viu-se em estranhos trajes militares, mas não deu atenção a isso, pois sua cabeça ainda estava zonza. Repentinamente, um garoto o empurrou para o lado enquanto o outro usava uma navalha para cortar a alça de sua bolsa de couro e ambos fugiram correndo com ela sem dar-lhe qualquer chance de defesa.

Danyel se levantou apressado, ainda tonto, e teria caído na água se não tivesse sido segurado por uma dama num longo vestido branco, rendado e com uma ampla saia armada. Ele a olhou com estranhamento, mas logo reconheceu Nádia naqueles curiosos trajes antigos.

- Não acredito que você parou para vomitar e os trombadinhas te roubaram! – Protestou a moça com um ar enfezado. – Bom, temos problemas maiores do que isso, porque ou acabamos no cenário de uma novela de época ou voltamos bem mais do que trinta minutos!

O físico quântico apertou os olhos e finalmente tentou prestar atenção no que estava a sua volta, ficando terrivelmente pálido. Ele reconhecia aquele lugar vagamente como a Praça XV no Rio de Janeiro, cidade onde tinha sido nascido e criado, porém, ainda assim, era muito diferente de qualquer recordação sua.

O enorme prédio branco de arquitetura colonial era a única coisa familiar ali, sendo uma construção de três andares que lembrava um amplo casarão com paredes brancas e colunas de pedra crua unidas umas às outras com óleo de baleia, assim como grandes janelas de batente esverdeado. Em seguida, ele olhou para o chão de terra batida e, na distante rua de paralelepípedo a sua frente onde escravos negros passavam sem camisa, carregando sacas de pesos inimagináveis, assim como cavalos, burros e carruagens transitavam. Olhando para trás, percebeu-se num porto e não tão distante de si havia escadas que desciam e desembocavam no mar, assim como uma caravela aportada num dos cais.

- Estamos no Paço Imperial, quer dizer, talvez ele ainda nem se chame assim... – Resmungou Danyel voltando-se para sua companheira com ar preocupado. – O Paço... – Ele apontou para o casarão. – Foi construído na metade do século XVIII e o piso só vai ser asfaltado no início do século XX. Logo, podemos estar em qualquer data entre essas duas.

Nádia ensaiou dizer alguma coisa, mas gritos histéricos a interromperam e, quando a dupla se virou para olhar do que se tratava, viram duas damas de companhia apontando desesperadas para eles enquanto berravam qualquer coisa ininteligível à distância.

Projeto OntemWhere stories live. Discover now