Capítulo 02 - Os Anjos de Deus

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Centro do Rio de Janeiro, 31 de Agosto de 1822

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Centro do Rio de Janeiro, 31 de Agosto de 1822...

A dupla de viajantes do tempo estava escondida no galpão quando a Guarda Real de Polícia invadiu o lugar e Hélio desapareceu repentinamente. Nádia e Danyel recuaram para os fundos do armazém, enquanto procuravam outra saída dali, mantendo-se sempre escondidos atrás de grandes caixas de madeira empilhadas umas sobre as outras. Nos fundos, eles visualizaram um garoto negro vestido como um maltrapilho que não parecia ter mais do que dez anos de idade e se espremia entre dois grandes baús para permanecer incógnito, mas sem muito sucesso, pois seu medo o fazia suspirar alto o suficiente para ser percebido por um dos soldados que não demorou a investigar com sua arma em punho.

- Agora te peguei, negrinho! – Berrou o militar agarrando o rapaz pela gola da camisa puída, puxando-o para fora de seu esconderijo e apontando-lhe seu arcabuz sem nenhuma compaixão.

Nádia se esgueirou por trás do soldado e lhe aplicou um golpe marcial muito veloz que a permitiu tomar a arma de seu inimigo para si ao mesmo tempo em que o derrubava no chão. O policial do século XIX sentiu a dor do impacto e logo focou no cano de sua arma que agora estava apontada para o seu rosto, entrando em choque ao ver que tinha sido uma mulher de pele morena e cabelos parte loiros parte escuros que tinha feito aquilo com ele. Danyel se aproximou com uma expressão de reprovação a tempo de ver sua companheira desmaiar o adversário com uma coronhada na testa e, logo em seguida, fez sinal para que todos fugissem por uma porta de serviço que estava nos fundos.

No exterior do armazém o garoto começou a correr apavorado e os dois tiveram pouca opção a não ser persegui-lo. O cientista não estava em forma e logo se viu ficando para trás, enquanto sua companheira parecia uma atleta, correndo incansavelmente por ruelas de paralelepípedo atrás do rapaz que tentou de todo jeito despistá-la.

O garoto se desviou por entre carroças, carruagens e cavaleiros até entrar num beco e achou que estava livre, mas foi surpreendido pela jovem que o agarrou e o imprensou contra uma parede de tijolos expostos.

Ambos estavam ofegantes, mas o jovem fechou o rosto com uma expressão de súplica de quem já esperava por uma surra, enquanto mantinha o olhar resignado de quem já estava acostumado a ser agredido.

- Você não vai bater nele, vai? – Perguntou Danyel que acabara de adentrar no beco completamente esbaforido, apoiando as mãos nos joelhos enquanto tentava respirar.

- Olha os bolsos dele! – Ordenou a agente com um ar autoritário.

O cientista protestou com o olhar de início, mas se relembrando de tudo que estava em jogo, conferiu os bolsos do menino onde encontrou algumas cartas e moedas em cuproníquel cuja unidade monetária eram Contos de Réis.

- Essas cartas têm endereço de remetente no Reino de Portugal, provavelmente estavam na minha bolsa. - Resmungou Danyel analisando todas as correspondências e soltando um suspiro frustrado quando percebeu que nenhuma delas era aquela que precisava. Em seguida, voltou-se para o rapaz e disse num tom gentil. – Ei, garoto. Vamos te soltar e vou te devolver tudo que eu peguei se você me disser com quem está a minha bolsa. Uma das cartas que estavam lá dentro é muito importante, já o resto das coisas, inclusive o dinheiro, pode ficar com vocês.

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