Ana Amélia se tornou órfã muito cedo e por causa de uma guerra entre lobos e bruxos ela encontrou um menino lobo abandonado que se tornou seu irmão.
Eles cresceram e a vida em terras humanas se tornou difícil, e a única alternativa foi voltar para...
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Quando achei que não poderíamos subir mais ele parou em um pequeno planalto, colocando as mãos para trás e me ajudou a descer. Meus joelhos tremeram incertos e segurei firme por um tempo nos braços de Ajax que estavam ainda lá por mim, na minha cintura, o qual não se moveu, mesmo eu o aperando forte. O vento era muito mais violento lá em cima, eu me sentia levemente tonta, mas conseguia ouvir muitos mais pássaros por perto. O som de suas assas batendo e passando por cima de nós em um voo rasante.
—Pode abrir os olhos, não estamos perto da beirada, a lua está enorme e brilhante, as estrelas parecem quase alcançáveis, se você esticar sua mão eu acho que você consegue encostar em uma. Eu sei que eu consigo.
Eu o fiz assim que senti a mão de Ajax colocar a mão por cima da minha. Abri os olhos e o vi sorrindo para mim, seu cabelo balançava com o vento. A lua estava realmente mais brilhante e muito maior. Eu tinha chego ao topo do mundo, subido acima das nuvens, visto um mundo que poucos puderam ver. As estrelas ocupavam mais espaço no céu do que as pessoas já tinham ocupada na terra, algumas quase pereciam encostar nas nuvens que estavam surpreendentemente abaixo de nós. Alguns pontinhos brilhantes bem pequenos passaram flutuando pelo meu rosto.
—Olha, Ajax, parecem pedaços da luz do sol! — Disse tentando esticar minha mão para pegar um deles. —Será que de manhã todos se juntam para formar o sol novamente? —Eu apertei a mão de Ajax. — Faz um pedido. — Ele riu, apenas me olhando enquanto eu falava empolgada e desejava que um dia eu tivesse tantas pessoas queridas na vida que desse pra encher o céu, como as estrelas faziam. —
—Sabia que eu vou ser a única pessoa no mundo inteiro, na história do universo todo que vai ter exatamente essa mesma visão? —Abri os braços e tentei novamente pegar um dos pedaços do sol para mim. A terra era mágica mesma, nunca tinha visto aquilo antes. Eu fechei os olhos e suspirei feliz. —Os fatos nunca mais serão os mesmos. As pessoas e as circunstâncias vão inegavelmente mudar e exatamente essa mesma visão, vista pelos meus olhos, somente eu vou ter tido, para sempre.
Reabri os olhos andando até a caverna. Contemplei que apesar de menor que a outra era, por esse motivo, mais aconchegante, ouvia o barulho da fonte de água borbulhando, atravessando as pedras do chão, para chegar quente a superfície, tornando o ar mais quente e úmido. Vários daqueles pedaços da luz do sol voavam ao redor da pequena lagoa de água, que se abria no final e escorria para fora da caverna, iluminando o lugar como pequenas velas e refletindo seu brilho na água.
Me distrai encantada com aquelas pequenas luzes, não percebendo que Ajax tinha estendido dois montes separados de cobertas, forrando o chão, um pouco mais liso que as paredes da caverna, fazendo um tapete macio e quente. Ele me indicou um deles e se deitou. Assim que o fez eu tirei meus sapatos e o imitei, me deitando de frente para ele.
