CAP 8

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Lucius me ajudou a subir para a caverna, não tanto assim, falando que era parte do meu treinamento. Assim que me limpei no lago de água quente da caverna, troquei minha roupa suada, recoloquei minha capa branca, que estava ao lado, com o cheiro de Ajax. Encontrei com Bárbara agachada na base da montanha, falando com um menininho de cabelos marrons em formato de cuia. Ela parecia estar perdendo a discussão.

—Sua mãe já vem e ela não vai ficar feliz se souber que eu fiquei com você por cinco minutos e perdemos sua manta. Você ainda não se transformou, sente um pouco de frio ainda.

—Eu não quero usar aquilo, tia Bá. —Ele parecia ter uns quatro anos e falava com uma vozinha muito fofa, os pezinhos gordinhos dele afundavam na neve e as vezes saiam por que ele ficava balançando de um lado para o outro. Ele levantou as mãozinhas. — Me pega no colo, tia Bá.

—Miguel do meu coração. Minhas costas tão doendo e se eu te pegar no colo eu caiu desmontada. Tudo bem? —Ele parou de se mexer e concordou olhando pra baixo, ficando quieto. —

—Tudo bem, tia Bá. —A vozinha dele saiu tão baixinha. —

—Cheguei. —Abracei Bárbara e me abaixei pra olhar o menininho nos olhos. — Oi, meu nome é Ana Amélia, e o seu?

—Miguel, Luna. —Ele sussurrou, sem levantar o olhar. —

—Pode me chamar de Amélia mesmo. Você quer colo? —Estendi meus braços e ele abriu um sorriso pulando no calor do meu abraço, ele realmente estava mais frio que a Bárbara, mas ainda um pouco mais quente do que eu, afinal de contas ele era uma criança lobo. Me levantei com ele, seus bracinhos apertaram meu pescoço e sua cabeça se inclinou para se deitar no meu ombro, fechei a minha capa ao redor de nós dois, cobrindo a cabeça dele, mas verificando se ele respirava. —

—Vamos brincar de cabaninha, tia Amélia? Legal! —Ele comemorou, fechando os olhos e abraçando meu pescoço. —

—Obrigada. —Bárbara agradeceu se alongando. — Hoje eu fui massacrada no treino, parece que um lobo passou por cima de mim. Vamos, me segue que eu mostro o caminho. —

—Por que ele está mais frio que você, é normal?

—Como assim? Ele está normal pra uma criança da idade dele, que ainda não libertou o lobo. —Ah, então é melhor proteger ele mesmo. Apertei ele mais contra mim e passei a mão pelas costas dele. —

—Quantos anos você tem, querido? —Abri uma frestinha da capa pra conversar com ele. Em poucos anos ele deveria já conseguir virar um lobinho e sair correndo por aí. —

—Tenho um tantão. Olha. —Ele levantou o dedinho indicador pra mim e tentou levantar outros da outra mão. — Assim ó.

—Você tem três anos? —Ele parecia mais velho. —

—Ele tem doze ciclo de lua. Fez a pouco tempo. —Olho pra Bárbara que pulava um galho de árvore que tinha caído na neve. Faço o mesmo devagar. —

—Doze ciclos de lua? E isso seria?

—A lua tem quatro fazes que duram 4 semanas completas. Isso é um ciclo completo. —Então cada ciclo seria ao equivalente a um mês e como ele tinha apenas doze meses completos ele tinha apenas um ano. Espero que ninguém pergunte minha idade, minhas habilidades de conta acabaram. —

—Mas você é tão grande. —Faço cócegas nele com meu nariz. Um pequeno bebê cheiroso. Ele ri e tentar puxar a capa para se esconder. —

—Eu corro com os meninos grandes. Os que tem lobo e como tudo que mamãe me manda.

A lenda de AjaxOnde histórias criam vida. Descubra agora