Quadro 13 - Os meios não justificam os fins

525 50 198
                                    


Pensem em uma autora nervosa com um capítulo.

Pois é, sou eu neste momento.

Estou com medo da reação de vocês, mas dizem que quem tá na chuva é pra se molhar, então vamos lá heheehee

Boa leitura e depois me deixem saber se gostaram. :)



*******************************


O que é arte? A arte nasce da alegria e da dor, especialmente da dor. Ela cresce a partir de vidas humanas. — (Edvard Munch)


POV PETE

Senti o cheiro de café fresco e meu estômago automaticamente roncou. Um som que eu ainda estava me habituando, uma vez que não me lembrava quando eu sentira fome a esse ponto, mas que se tornava cada vez mais corriqueiro nos últimos meses.

Adentrei o espaço cheio de eletrodomésticos brancos que minha mãe amava e que contrastavam com os tons em creme das paredes e piso, encontrando ambos os meus progenitores na mesa, sentados lado a lado. Meu pai vestia uma camisa social azul clara e os cabelos tão parecidos com os meus estavam perfeitamente penteados para trás, deixando alguns poucos fios brancos a mostra.

Pareciam absortos em uma conversa, com sorrisos e olhares cúmplices trocados. Isso era muito comum em uma época em que eu era muito jovem, onde a cozinha vivia preenchida por correria e felicidade. E novamente, fiquei me perguntando que direito eu tinha de estar ali.

— Bom dia. — anunciei minha chegada e vi os dois levantarem a cabeça ao mesmo tempo e me encararem com espanto. Eu entendia a reação deles, afinal evitava a todo custo estar à mesa com eles para não deixá-los desconfortáveis. As coisas nunca mais foram as mesmas entre nós.

— Bom dia, querido! — minha mãe, se recuperando de seu torpor, sorriu de orelha a orelha e meu pai, apesar de mais contido, fez o mesmo.

— Bom dia, filho. — a voz rouca do meu pai parecia contente. Ele apontou para a cadeira a sua frente. — Tome café conosco. Sua mãe caprichou hoje.

— Acho que eu estava adivinhando que você apareceria. — a voz da mulher estava animada enquanto ela levantava e depois de contornar a mesa, foi até o armário onde pegou mais uma xícara, a colocando no local onde meu pai havia apontado. — Fiz bolo de cenoura.

Meu estômago voltou a fazer barulho, mas eu não sabia se era uma boa ideia me sentar com eles. Encolhi os ombros.

— Eu... — comecei, mas meu pai me cortou.

— Filho, é apenas um café. — seu tom de voz me fez encará-lo e sua feição gentil e calma me desmontou por completo. — Por favor.

Fiquei alternando meu olhar entre as duas pessoas, com medo de estar interpretando errado a linguagem corporal convidativa e protetora que eles passavam. Era como receber um abraço quente do cobertor mais felpudo e quentinho do mundo. E ah, como eu sentia falta disso.

Talvez não fizesse mal arriscar em me sentir próximo dos meus pais novamente.

— Tudo bem. — respondi e me acomodei na cadeira que me fora indicada, cortando um pedaço generoso daquele bolo, levando a boca logo em seguida e tendo plena consciência das minhas bochechas estufadas enquanto eu mastigava. A senhora deu uma risadinha.

In Your EyesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora