Quadro 14 - Todas as pessoas precisam ficar sozinhas por um tempo

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Oieeee! Ainda tem alguém aqui? Kkk

Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar. – (Vincent Van Gogh)

POV AE

Ele tinha um irmão gêmeo. Alguém tão idêntico que se a heterocromia não existisse, seria impossível diferenciá-los.

Folheei o álbum mais devagar que o normal, me prendendo nas fotos que eles tiraram juntos. A cada nova imagem, o retumbar do meu coração aumentava a ponto de senti-lo me machucar.

— Iguais, não é? — ouvi a voz de Putcha, mas não pude encará-la, permanecendo com os olhos presos em Pete e seu irmão. — Eles eram inseparáveis. Onde Pitchaya estivesse, Pete estaria.

"Pitchaya"

Algumas lembranças surgiram dos raros momentos em que Pete o mencionou, chamando-o simplesmente de "Pi'. Provavelmente um apelido carinhoso.

— Eu não sabia que ele tinha um irmão. — falei debilmente. Sentia meu corpo pesado e a mente girar rapidamente.

— Pete não fala sobre ele. Na verdade, não fala sobre nada. Mas sei que ele chora pelos quatro cantos dessa casa quando seu pai e eu não estamos. — tirei os olhos das fotos e encarei o rosto da mulher que tinha uma expressão triste. — É quase como se ele estivesse buscando o irmão em todos os lugares. — contudo, rapidamente sua expressão mudou e quando me dei conta ela estava segurando minhas mãos nas suas, em um aperto firme e intenso. — Mas Pete parece estar bem melhor e eu tenho certeza que é por sua causa, Ae. Ele sai e sorri com mais frequência e até participa de algumas refeições. É quase como se você tivesse se tornado o novo irmão e melhor amigo dele.

— Irmão. — dizer aquela palavra foi uma tarefa difícil. Era como se eu tivesse engolido pregos.

Pete me via como um irmão. Alguém em quem ele podia confiar para cuidar e protegê-lo, contar seus segredos, embora o maior deles não tivesse sido ele a me revelar. Ele nutria um sentimento puro de irmandade e somente isso por mim.

Enquanto isso eu não parava de pensar em nosso beijo. Queria sim continuar sendo seu porto seguro e demonstrar isso todos os dias, mas não somente com abraços ou palavras de encorajamento. Não poderia me enganar achando que conseguiria envolvê-lo em meus braços sem querer roubar um beijo daqueles lábios rosados logo em seguida. Meu corpo não me permitia ser tão casto.

Pensar nisso me fez sentir sujo e enojado. Não pelo que sentia, mas por saber que meu corpo achava que Pete poderia dar reciprocidade a ele e nem essa revelação conseguiu esfriar o que queimava em meu peito.

Para completar, lá estava a mãe dele, me dizendo que Pete havia encontrado um bom substituto de Pitchaya. Era por isso que ele relutou tanto em me contar? Achava que eu iria me sentir incomodado por viver na sombra do seu gêmeo?

— Você está trazendo meu filho de volta para mim, Ae, e eu agradeço imensamente por isso. — os olhos de Putcha resplandeciam e eu sabia que seu sentimento era sincero. Contudo, eu não conseguia me sentir totalmente feliz.

Eu estava ajudando alguém a voltar a viver plenamente, mas no processo meu coração havia sido partido. Pete me dispensou sem nem me dar a chance de lhe mostrar todo o amor que eu tinha para oferecer.

Qual era o meu propósito ali então?

Entrei naquela casa disposto a sair dali apenas quando Pete estivesse ciente de como eu me sentia, mas depois de tudo o que vi e ouvi, concluí que eu nem ao menos deveria ter aceitado aquele convite.

Forcei um sorriso para a mulher.

— Estou contente por ter ajudado. — e não era mentira, mas eu sabia que meu rosto não transmitia os sentimentos que queria. Não conseguia mais estar naquela casa e por isso, soltei suas mãos, pousando o álbum na mesa de centro. — Senhora, eu preciso ir embora.

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