Capítulo 2

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Ashley sabia que estava com os olhos abertos, mas não entendia o que estava acontecendo. Sabia que tinham pessoas em volta, e que alguém estava falando com ela, mas não conseguia responder. Já tinha sentido essa sensação antes, e reconheceu que estava se recuperando de uma anestesia geral. E com essa consciência, conseguiu aos poucos prestar atenção nas vozes e nas pessoas. Se assustou um pouco ao ver o enfermeiro, incrivelmente alto e forte, com olhos felinos, amarelos como o Sol.

-Moça, consegue me ouvir?

-Acho que não estou enxergando muito bem... – Só poderia ser. Como poderia estar vendo um homem com olhos de gato?

-Acompanhe a luz da lanterna – Fez o que ele disse – Seus reflexos estão bons. Está enxergando turvo ou está vendo 2 de mim? – Prestou mais atenção no rosto dele, e viu que tinha as feições diferentes, com as maças do rosto volumosas e o nariz engraçado, mas era bonito. Seu cabelo era de um amarelo rajado, como os gatos que costuma-se ver normalmente. É um Nova Espécie?

-Estava vendo embaçado, mas já passou.

-Isso é bom – A ajudou a ficar sentada, ajeitando a cama a uma altura confortável. Agora via outros homens grandes e fortes ali no corredor. Se assustou ao ouvir um rugido vindo de algum canto daquele prédio, e então um barulho agudo de grito, que mais pareceu que alguém tinha pisado acidentalmente em um cão. Alguns gritos de ordem e mais do rugido. Então um silêncio que chegou a ser assustador. O enfermeiro foi até a porta, tentando ver o que estava acontecendo – Eu volto já – Saiu. Se inclinou na cama, também querendo saber o que estava acontecendo. Viu uma garrafinha de água ali próxima a sua cama, e pegou para beber.

Um mulher loira de cabelos cacheados entrou no quarto. Usava um jaleco, ao contrário do enfermeiro que usava um pijama cirúrgico. Ela fechou a porta, abafando os sons do lado de fora. Lhe abriu um sorriso simpático antes de começar a falar.

-Oi Ashley. Eu sou a doutora Trisha, e estou tratando de você. Como se sente?

-Estou bem. Aquele enfermeiro era um Nova Espécie? Onde eu estou?

-Você está no hospital de Homeland, sede da ONE.

-Por que? – Ela também avaliou seus reflexos com uma pequena lanterna.

-Pode abrir a boca por favor? – Fez o que ela pediu – Se lembra do que aconteceu? – Entregou de novo a garrafinha d'água – É bom que fique hidratada. Está com soro, mas sua boca parece bem seca.

-Obrigada – Bebeu mais um pouco – Lembro de um pobre coitado todo machucado. Estava de coleira e... Ele também era um Nova Espécie, não é?! Ele está bem?

-Ele... Vai ficar bem agora.

-Por que ele estava machucado daquele jeito? Não faz sentido... Eles não eram experiências que valiam centenas de milhares de dólares?! Por que alguém o machucaria assim? De onde ele fugiu? Já pegaram o responsável por aquela barbaridade?

-Ei, fique calma, por favor. Eu explicarei tudo, mas preciso saber o que aconteceu naquele celeiro em que o encontrou – Respirou fundo, tentando se acalmar, bebendo um pouco mais.

-Recebi um chamado do velho senhor Rick. Já estava acostumada a lidar com seus chamados falsos, e tinha um pouco mais de paciência com ele. Ele disse que um animal grande assustou seu cachorro, e ele atirou. Vi marcas de sangue na terra que levavam até o celeiro. Não era muito sangue, mas tinha o machucado. Quando entrei lá, vi algo se mexendo no escuro, e acabei atirando também. Eu não vi que era uma pessoa, ou não teria... – Suspirou – Eu sinto muito.

-Ei, está tudo bem. Fez o que qualquer policial faria. E você só acertou um tiro de raspão na perna. Ele vai ficar bem.

-Que bom que não andava praticando tiro – Acabou sorrindo com a médica.

Fear - Novas Espécies (Livro 3)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz