Bato na porta e.. sem respostas. Então giro a maçaneta e está aberta.. Ao entrar, tenho uma das visão que bagunça minha cabeça. Meu coração fica acelerado ao ver... tudo isso.
– Meu.. – falo baixo ao perceber tudo. E eu sei que você quer logo que eu comece a descrever cada detalhe.. então..
O quarto todo está enfeitado de led azul. Mesmo com a luz apagada, a visão ainda é boa, como se o led substituísse algumas velas, e posso ver cada coisinha em seu lugar.. a cama inteira está cheia de cobertores, edredões e almofadinhas.. dá pra sentir o conforto daqui. Tem algumas coisinhas em cima da cama também, como alguns chocolates que eu gosto, um docinho de morango e chocolate numa travessa de vidro pequena, e algumas flores juntinhas num mini buquê.. tudo que eu peço agora é que isso não seja uma trollagem pro canal de alguém, eu só quero que isso seja real.
Começo a sorrir enquanto vou andando pelo quarto e observando tudo.. na cama tem uma pequena caixinha e... ah, não vou criar expectativas de nada.. só sei que não consigo parar de sorrir, tudo está tão organizadinho.. não é aquela organização com pétalas de rosa, velas, fotos e balões.. quem fez isso saiu do clichê porque sabe que é disso que eu gostaria.. de led e chocolates. A porta do banheiro se abre e Victor sai, sem camisa e com cabelo molhado, e se assusta quando me vê. Ele olha pro relógio do celular.
– Vocês não iriam chegar mais... tarde? – ele diz e eu fico sem saber o que dizer, só segurando a risada.
– É.. o Vini pediu pra que.. eu.. – digo apontando pra todas as coisas e tentando formular as frases, mas ele conseguiu me deixar sem palavras.. – eu tô aqui, Victor.
– Eu sei.. – ele diz e vem até mim, lentamente. Victor olha pra mim por alguns instantes e me abraça, bem forte. Por mais que eu estivesse esperando por aquele abraço, eu fiquei sem reação, apenas retribui de volta o abraço. – Era pra ser uma surpresa.. mas você chegou um pouco antes. – ele diz fazendo uma cara de preocupado e eu sorrio.
– E posso saber o porquê dessa surpresa..? Você não fala comigo faz tantos.. dias. – digo olhando pra baixo pra não ter que encarar a cara de pau dele.
– Eu usei todo esse tempo pra pensar em tudo, colocar as coisas no lugar, entender o que eu tava sentindo, o que eu devia fazer.. senta aqui. – ele aponta pra cama, e eu sento no meio dela, e ele se senta de frente pra mim. – Bárbara, eu.. eu mudei depois que ficamos próximos. Pra ser sincero, eu tô com muito medo de tudo isso ter sido em vão e você não gostar.. mas de qualquer maneira, eu preciso dizer tudo pra você.
– Eu.. gostei. – falo sorrindo e ele segura minha mão.
– No dia que você viajou, eu fiquei com uma menina.. numa festa que eu e o Crusher fomos. – ele confessa e eu só não fico em choque porque é a cara do Crusher botar pilha nisso tudo. – E eu realmente queria tirar você da cabeça por alguns segundos e.. não deu. Pra você ter noção, até a menina que eu fiquei pediu pra eu correr atrás de você. Sério, depois te explico isso – faço cara de surpresa e ele começa a rir, como assim a menina deu conselhos amorosos pro Victor?
Ele faz uma pausa, como se quisesse pensar em tudo que está acontecendo, e me olha, fazendo carinho na minha mão.
– Eu vou falar o que, Bárbara? Você sabe. Eu gosto de você. Eu quero.. estar com você.. Esse tempo serviu pra mostrar o quanto eu sinto sua falta, o quanto eu me importo com a gente e eu não ligo se você não gosta de mim, não ligo se você me vê como apenas um amigo seu. Eu queria que você pudesse ver da maneira que eu vejo, sabe? Você é boa demais pra ser verdade.. você conseguiu me conquistar, vou fazer o quê, Bárbara Passos? Eu tentei não ligar, mas você se encaixou melhor em mim do que meu moletom preferido.
Ele continua dizendo todas as palavras, que entram pelos meus ouvidos e vão diretamente pro meu coração.. e ficam se repetindo na minha mente.. o que tá acontecendo comigo, Victor? Por que você tem esse efeito sobre mim?
– Eu só não te peço em namoro agora, porque sei que você diria não. – ele diz e concordo com a cabeça, mas com peso na consciência de saber que é verdade. – Porque se não fosse por esse mínimo detalhe, agora você estaria ouvindo um carro de som bem brega e o Bradoock cantando uma música fofinha. E talvez diria não por causa disso também. – eu começo a rir ao imaginar Bradoock cantando ~super~ afinado. – Mas é isso, me desculpa por ser tão idiota e ficar insistindo em você, mas saiba que você tem uma puta parcela de culpa nisso.. só se olhar no espelho que vai entender o porquê de tudo isso.
– Você.. vai me deixar falar? Ou ainda tem mais? – pergunto rindo e ele fica quieto. – Victor você.. tá certo, eu não aceitaria.. porque eu ainda quero que a gente tenha chance de.. – fico quieta por um momento, e pensando em tudo que o Victor já fez por mim, tudo o que ele não só disse, como demonstrou. Eu gosto dele, gosto da presença dele. Por que razão eu deveria continuar me esquivando de "nós"? Eu realmente tenho que ser tão durona a esse ponto? – Na real, quer saber? Eu aceitaria sim..
– Oi? – ele faz uma cara de surpreso. – Eu.. ouvi o que eu acabei de ouvir?
– É, pensando bem, eu gosto de você também. Eu senti sua falta em Vegas.. quando cheguei aqui, o que eu mais queria era poder te abraçar..
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