Rejeição.

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Me espreguicei criando coragem para começar o dia. Meu colchão parecia tão duro e ao abrir os olhos rapidamente, pude perceber que meu quarto adquiriu uma cor e mobília diferentes. Eu estava na sala, no chão. Bailey! Levantei com uma velocidade recorde e minha cabeça girou, fechei os olhos novamente e inspirei e expirei pela boca até que senti a regularidade de meus batimentos e aquele latejar nas têmporas que se dissipava aos poucos.

O lugar ao meu lado estava vazio, a casa silenciosa demais. Ergui-me com dificuldade e me dirigi a cozinha, pus a cafeteira para trabalhar e então comecei minha higiene diária. Enquanto a água quente relaxava meus músculos na banheira, minha mente estava cheia dele. Aquele rosto de traços únicos, os olhos acesos, o sorriso sincero, aquele corpo, droga! Deixei-me afundar na água por alguns segundos, quem sabe alguma clareza retornasse aos meus pensamentos, o problema era que aquele rosto estava entranhado em meu consciente. Ele me beijou novamente ou fora só um sonho? Talvez um desejo reprimido que se materializou em meu estado de semi sonolência, eu poderia ficar aqui arrumando mil desculpas e direções para o que aconteceu, mas eu sabia da verdade, sabia que estava deixando as coisas irem longe demais.

Eu o desejava, senti ciúmes e agora sentia o quê? Sua falta? Acho que é cedo demais pra isso, talvez a companhia de Bailey me agradasse a ponto de confundir meus sentimentos, talvez o fato de ele ser absurdamente lindo e de nossa recente proximidade, contribuísse para que as coisas se embaralhassem mais em minha cabeça. Apesar de tudo, decidi vê-lo, iria agradecer pelos cuidados, iria agir com indiferença, algo que modéstia a parte sei fazer bem. E depois o mundo real me espera, com o meu sei lá o quê e assim poderia preservar a amizade que estávamos construindo.

Hoje fazia quatorze graus, e acreditem, isso era motivo suficiente para usar aquelas roupas lindas e leves que ficam mofadas de tanto tempo enfurnadas no guarda roupa. Pus um jeans escuro e uma blusa de manga decotada em um tom de pêssego que combinava com a cor de minhas bochechas, busquei um tênis simples de cadarço, na cor branca com detalhes pretos e uma trança resolveu o problema de meus cabelos, tomei um gole do café preto e antes que a ansiedade terminasse por me fazer vomitar, corri até a casa dos May, ignorando minha metade racional que dizia para ficar quietinha em casa.

Depois de algumas batidas, Vanessa abriu a porta toda sorrisos, não porque me viu, ela já parecia estar contente e seu sorriso só alargou um pouco mais quando me avistou.

- Joalin querida.

- Olá Vanessa. - Minha voz estava uns três tons mais aguda.

- Entre, acabei de preparar um chá, me faça companhia. - Ela me deu passagem e entrei me sentindo acanhada.

- Está sozinha? - Comentei, revirei os olhos pra mim mesma, repreendendo-me por não conter minha curiosidade.

- Ah sim, ao menos Bailey almoçou comigo. Sente-se.

Almoço? Eu e minha mania estúpida de não verificar as horas. Saquei discretamente o celular de meu bolso e este marcava exatas uma e vinte e cinco da tarde. Fiz uma careta para a tela.

- Algum problema? - Ela pôs uma xícara fumegante na minha frente, balancei a cabeça com um sorriso afetado. - Então, como foi a noite?

- Como? - Meu coração disparou, ela sabia de alguma coisa? Ai Deus, queria ser uma Ema e enfiar a cara num buraco nesse exato momento.

- Não precisa ficar assim Joalin, sua mãe me contou da brincadeira de mal gosto que estão fazendo com você, por isso pedi ao Bailey para dormir lá. Só quero saber se foi tranquilo, fiquei preocupada sabe.

- Foi... Tudo bem, nem vi ele sair pela manhã. - Desconversei.

- Ele chegou bem cedo em casa. - Tomei um gole de chá para me acalmar. - Ele me disse que tudo tranquilo, mas, Bailey dorme igual uma pedra, então...

𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞  ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷Where stories live. Discover now