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Boa leitura! 📖
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Desço as escadas, vejo a minha mãe sentada no sofá olhando pro nada e me sento ao lado dela ganhando sua atenção.

Verônica: Quero que seja sincero comigo.- diz com o semblante sério e eu assinto.- Alguma vez já fiz com que se sinta inseguro?- pergunta apreensiva e eu fico desconfortável.
João Gabriel: Mãe, isso não importa.- digo pegando a mão dela.
Verônica: É claro que importa, João Gabriel. Eu nunca dei muita importância à isso, mas pode ser uma coisa grave. Insegurança é sério, e eu não posso deixar isso passar.- acaricia meu cabelo.- Foi por insegurança que não me contou que gosta de cantar?
João Gabriel: A senhora iria se empolgar, e eu não sou tão bom.- confesso e ela beija minha bochecha.
Verônica: Você é ótimo em tudo que faz. Sua voz é maravilhosa, isso é um dom, Gabe.- sorri e eu sorrio levemente.- Quero que converse comigo sempre que se sentir assim. Sempre. Tenho que dar a devida importância à isso.
João Gabriel: Isso não vai funcionar.- afirmo me encostando no sofá e desvio meu olhar pro teto.
Verônica: Porque não?
João Gabriel: Porque eu sinto isso praticamente todos os dias, à todo o tempo.- desabafo depois de tanto tempo guardando isso.
Verônica: E nunca me disse porque tinha medo.- constata e eu afirmo com a cabeça.- Gabe, isso começou à muito tempo?- pergunta receosa, eu mordo o meu lábio inferior e ela respira fundo.- Vamos começar a falar mais sobre isso, tudo bem?- desvio meu olhar pra ela.
João Gabriel: Mãe, a senhora é muito participativa na minha vida, o seu trabalho não interfere em nada, e nós temos bastante tempo juntos, conversamos muito.- vejo a apreensão no semblante dela e tento tirar isso.

[...]

4:00 AM. 4:00 da madrugada. Talvez eu tenha um relógio psicológico. Mais uma vez acordo às 4:00 da madrugada em ponto. Eu sinto a minha cabeça tão pesada, sinto como se tivesse um milhão de coisas pra pensar, mas nenhuma delas consegue tomar minha total atenção. O que Deus quer com isso? O que eu tenho que aprender? O que eu tenho que fazer?
Me levanto com calma, minha mãe ouve à quilômetros de distância, caminho por todo o meu quarto e paro em frente ao espelho do meu guarda-roupa. Eu tento evitar, mas não consigo, eu só vejo alguém que mesmo sendo bonito por fora, não vai conseguir ter alguém por perto por muito tempo, todos correm, não é uma escolha minha. Deus continua ao meu lado porque É bom, não desampara ninguém, mas, as pessoas ao meu redor não são obrigadas a ficar, e eu nem quero isso. Pego o meu violão, tiro o mesmo da capa e vou pra sacada do meu quarto. Me sento no chão, coloco meu violão no colo e olho pro céu enquanto começo a tocar.

João Gabriel: Estou longe de casa à tanto tempo
E com tempo se aprende
Tão inútil é o orgulho
Passageiro é o mundo
E que importância têm os medos?
Se serão irrelevantes com o tempo
Viver é só o ensaio de uma vida eterna
Nesta vida eu nada ganho
Meu vazio é do Teu tamanho
Eu só queria voar
Tudo pra trás deixar
Eu só queria voar
Tudo pra trás deixar
Saudade do que nunca vi
Vontade do que nunca senti
Porque pararam de falar do céu?
Estamos pensando muito nesta vida daqui
Você não me deu asas pois sabia
Que aqui eu não iria ficar
Ao conhecer as coisas lá do alto
Pra terra não se quer mais olhar
Eu só queria voar
Tudo pra trás deixar
Eu só queria voar
Tudo pra trás deixar
Só Você sabe cuidar tão bem de mim
Só Você me amará tão bem assim
Só Você sabe cuidar tão bem de mim
Só Você me amará tão bem assim.

Deixo meu violão de lado, respiro fundo, meus olhos estão ardendo, minha respiração está desregular, sinto uma brisa leve soprar na minha sacada e sinto que ganho refrigério que meu coração precisa. Me encosto no parapeito de vidro, olho pra rua e arregalo os olhos ao ver a Kira me observando na calçada. Ela sorri de lado enquanto acena e depois some em um estranho nevoeiro, esfrego meus olhos e depois a procuro pela rua mas não a encontro. Tento segurar o choque, ela estava ali, me observando.

Deus e seus propósitosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora