Capítulo 39

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Paula🌙

Tô sentindo falta de algumas coisas minhas.

Tinha umas fotos minha na antiga casa da minha avó e uns quadros pequenos.
Queria colocar na minha casa.

Tomei um banho, me vesti, peguei uma bolsa e dinheiro.

Ia saindo do morro quando uma moto barulhenta passa do meu lado e para na minha frente.

Vitinho : Indo pra onde morena? - Parou e eu revirei os olhos.

Paula : Rodar bolsinha! - Ele riu.

Vitinho : Sou cliente, bora? - Neguei.

Paula : Mentira, tô colando na barra. - Ele riu.

Vitinho : Pô, novinha. Qual é? Te levo lá! - Olhei pra ele desconfiada que ria.

Paula : Não é arriscado? - Concordou. - E se tu for preso?

Vitinho : Tô afim de adrenalina e não da em nada, mané! - Subi na garupa e a gente saiu da favela.

Saudades de ver tudo isso!

Vitinho : Aonde é? - Expliquei o caminho todo.

Cheguei na casa minha avó e tava tudo do mesmo jeitinho. Ai que dor no coração!

Paula : Vem, entra.

Peguei a chave que ficava dentro de um vaso de flor.

Paula : Tem uma cadeira ali. Puxa e senta. - Entrei e ele ficou na porta.

Vitinho : Tô bem em pé. - Fez pose de durão.

Esse moleque é muito gato, na moral.

Subi pra pegar as coisas e tinha uma caixa já com tudo separado.

Só não pude pegar porque não cabia mais tanta coisa. Então deixei essas pra quando eu voltasse.

Vitinho : Quer ajuda? - Concordei e ele puxou a caixa fácil.

Paula : Tem um quadro ali dentro do outro quarto pega pra mim! - Ele assentiu.

Ele subiu pra pegar e logo escutei ele gritando.

Vitinho : Não tô achando, caralho!

Garoto lerdo!

Paula : Tu é muito burro! - Ele riu.

Subi lá, entrei no quarto e peguei o quadro virado.

Vitinho: Ah, mas tava nesse quarto aí, pô! Tu não explicou. - Olhei pra ele cínica.

Paula : Foi nele que eu disse, caralho! - Ele riu mandando dedo. - Tô tão fofa... Olha só..-  Virei o quadro e a expressão dele mudou.

Vitinho : Qual o nome dele? - Perguntou seco e apontou pro meu pai.

Paula : Fábio! - Falei sem graça.

Vitinho : Completo caralho.

Paula : Fábio Fernandes De Melo. - Um ódio que ficou transparente no rosto do Vitor que eu não entendi.

Vitinho : Trabalhava de quê? - Demorei um tempo pra responder, não tava entendendo nada. - Fala porra, tô falando contigo! - Gritou batendo na porta fazendo eu me assustar.

Paula : Ele... era policial. - Falei gaguejando.

Vitinho : Policial Fernandes? - Concordei nervosa. - Tu é filha do desgraçado do Fernandes e não me disse nada? - Gritou. -  Ele matou o meu pai! O meu pai. - Repetiu e meus olhos se encheram de água.

Eu quis muito chorar, eu não sabia disso.

Vitinho : Jurei pela minha vida que eu ia vingar a morte dele. Sabe o que é crescer sem um pai presente? - Neguei com os olhos ainda cheios de água.

Sim, eu sabia. Meu pai morreu cedo também. Mas eu tava paralisada e não conseguia nem me mover.

Vitinho : Deveria te matar. Mas tu não tem culpa. Sinto nojo de tu porra. - Gritou de novo.

Paula: Eu não tenho culpa. Eu não sabia! - Tentei gritar e ele colocou a mão na minha boca.

Vitinho : Tem culpa por ser filha de um lixo! E cala a porra da boca! - Tirou a mão e eu tentei falar de novo.

Paula : Eu não tenho culpa! Eu também cresci sem um pai. - Cheguei perto dele.

Vitinho : Não chega perto de mim, porra! - Me empurrou e eu caí.

Ele saiu e me deixou sozinha. Filha da puta!

Tudo Aconteceu. (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now