Paizão : Vi tu beijando a mina. - Apareceu atrás de mim e eu olhei pra ele.
Vitinho : Nem fala, deu mó b.o! - Ele riu. - Tô com umas paradas com outra maluca aí!
Paizão : E tu gosta de quem, caralho? - Eu ri.
Vitinho : Nem sei o quê eu to sentindo, papo reto! - Sentei e ele negou.
Paizão : Tem que correr atrás do quê tu quer mané, pode deixar a mina fugir só por orgulho não! Nem por outras que não vão te dar futuro. Aí, elas só querem teu dinheiro e ostentação, fica esperto! - Assenti.
Vitinho : Ela é mó diferente, procede? Ela não tem medo, ela me enfrenta, enquanto as outras quando eu olho já baixam a cabeça. Eu gosto pra caralho do jeito dela. Mas ontem ela falou uns bagulho pra mim que eu tô puto pra caralho!
Paizão : Tá gamado na mina, fala tu! - Bateu de leve no meu ombro.
Vitinho : Que gamado rapá? Sou bandido! - Ele negou.
Paizão : Da em alguma coisa? Se liga!
Vitinho: Tem outra parada também que eu não contei pra ninguém. - Ele me olhou e puxou um verdinho esperando eu falar. - Se tua muié ver, vai ser bagulho feio. - Apontei pro verdinho.
Paizão : Fica mec! - Assenti.
Vitinho : Fui na casa da Vó dela com ela um dias desses e descobri que o pai dela era policial.
Paizão : E daí? Era? - Concordei dizendo que ele tinha morrido. - Porra!
Vitinho : Foi ele que matou meu pai. - Cocei a cabeça e a expressão dele mudou.
Paizão : Vou matar! Aonde é a casa dela? - Se levantou colocando o verde em cima da mesa.
Vitinho : Po, senta aí! - Segurei ele forçando a sentar na cadeira e ele se soltou.
Paizão : Não caralho! Fala logo! - Gritou e eu me levantei também.
Vitinho : Aquieta a porra do cu aí! - Encarei ele.
Paizão : Tu não fez nada? - Olhou pra mim e eu neguei.
Vitinho : Ela não tem culpa! - Sentei e falei calmo.
Ele sentou e tentou se acalmar. Conhecia bem ele... É aquele tipo de pessoa que age pela emoção.
Paizão : Isso tu tem razão... - Abaixou o tom de voz.
Vitinho : Vou colar ali. Tenho que ver bagulho do baile - Sai.
Fui andando pra quadra e vi os moleques jogando bola.
Ta maluco? Minha cabeça ta a milhão.
Gustavinho : E aí tio, vamo jogar bola? - Chegou soado.
Vitinho : Agora não dá fiot e sai de perto que eu tô fumando. - Nem olhei pra ele e continuei bolando.
Gustavinho : Deixa eu fumar também, tio? - Olhei pra ele.
Vitinho : Tá maluco caralho? Tem que estudar, jae? - Dei um tapa na cabeça dele.
Paula : Já vimos que tu se dá bem com criança! - A voz da desgraçada surge atrás de mim.
Vitinho : Não fode! - Falei sem olhar pra ela.
Paula : A gente pode conversar com maturidade? - Sentou do meu lado.
Vitinho : Também to querendo da uns papo em tu. - Dei uns tragos.
Paula : Tu tem algo com aquela piranha de esquina? - Neguei. - Tá, mas por quê tu tava na casa dela? - Revirei os olhos.
Vitinho : Fui lá só bater uns lero com ela e rolou, procede? Nem te devo satisfação, pô!
Não tinha pra quê eu mentir pra morena, tô leve e sereno.
Paula : Então vai tomar no cu! - Gritou.
Vitinho : Vamo conversar com maturidade? - Debochou.
Paula : Tu é muito idiota! - Ri.
Vitinho : A gente fica as vezes, né?
Paula : Isso significa que a gente tem alguma coisa? - Mudou o tom de voz.
Vitinho : Uns ficas? - Ela respirou fundo.
Paula : Se não quer assumir, é por quê tem outras no contato. Olhou pra baixo debochando.
Vitinho : O que ninguém sabe, ninguém estraga, morena! - Cantei.
Paula : Então vai ser assim? Você fica com quem você quiser e eu também? - Assenti e ela saiu puta.
Acho que era efeito da droga e mesmo assim eu ainda to puto com ela.
Brotei na casa do Chapa e vi os bagulhos do baile.
Vitinho : Tudo no esquema? - Ele assentiu.