XVI

31 2 0
                                    


- Não partas. - respondeu o rei, que estava orgulhoso de ter um súdito. - Não partas e eu te faço ministro!

 - Ministro de quê? 

- Da... da justiça! 

 - Mas não há ninguém a julgar! 

- Quem sabe? - disse o rei. - Ainda não dei a volta no meu reino. Estou muito velho, não tenho lugar para carruagem, e andar cansa-me muito. 

- Oh! Mas eu já vi. - disse o príncipe que se inclinou para dar ainda uma olhadela do outro lado do planeta. - Não consigo ver ninguém...  

- Tu julgarás a ti mesmo. - respondeu-lhe o rei. - É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.  

- Mas eu posso julgar-me a mim próprio em qualquer lugar. - replicou o principezinho.- Não preciso, para isso, ficar morando aqui.  

- Ah! - disse o rei. - eu tenho quase certeza de que há um velho rato no meu planeta. Eu o escuto de noite. Tu poderás julgar esse rato. Tu o condenarás à morte de vez em quando, assim a sua vida dependerá da tua justiça. Mas tu o perdoarás cada vez, para economizá-lo.Pois só temos um. 

- Eu... - respondeu o principezinho. - eu não gosto de condenar à morte, e acho que vou mesmo embora. 

- Não. - disse o rei.  

Mas o principezinho, tendo acabado os preparativos, não quis afligir o velho monarca: 

- Se Vossa Majestade deseja ser prontamente obedecido, poderá dar-me uma ordem razoável. Poderia ordenar-me, por exemplo, que partisse em menos de um minuto. Parece-me que as condições são favoráveis. 

Como o rei não disse nada, o principezinho hesitou um pouco; depois suspirou e partiu. 

- Eu te faço meu embaixador! - apressou-se o rei em gritar.Tinha um ar de grande autoridade.  

As pessoas grandes são muito esquisitas, pensava, durante a viagem, o principezinho. 




(17)

_____________________________

The Little PrinceOnde histórias criam vida. Descubra agora