Capítulo 6

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ELIZABETH D'EVILL

O beijo me enlouquecera. A pressão de seus lábios sobre os meus é de uma sensação maravilhosa, poder desfrutar de seu gosto. A invasão em minha boca e o gemido que escapou de minha garganta foram experiências novas, nunca fui beijada dessa forma. Sim, quero me casar com este homem. Imagine poder desfrutar de seus beijos por tempo ilimitado?

Suas mãos agarraram fortemente minha cintura e mantiveram-me cativa de seu corpo. Meus joelhos fraquejavam e buscando amparo segurei-me firmemente em seu casaco. Seu cheiro de sabonete e algo mais natural, másculo e próprio dele me conduzem a um estado de embriaguez.

Seus dentes capturaram meu lábio inferior, dando um leve puxão antes de retomar o contato de nossos lábios. Meus pulmões gritam por ar, mas quem liga? Eu poderia passar o dia sendo beijada por ele de bom grado.

-Lilibeth! Lilibeth! - A voz de Charlie soa ao longe, obrigando-nos a interromper o que estamos fazendo. Sempre acreditei que amava minha família, mas agora questiono-me sobre sua real importância.

Eu verdadeiramente tentei, porém meus dedos se recusaram a soltar o casaco de Daniel, assim como suas mãos não abandonaram minha cintura. Encarei seus olhos escuros tentando recuperar o fôlego assim como ele e quando voltei a escutar os chamados de minha irmã simplesmente apoiei a testa em seu peito largo, seu braços me rodearam e ficamos ali, abraçados.

Não me importo se Charlie ver a cena, posso pagá-la depois por seu silêncio.

-Lilibeth? - Sua voz, mesmo que rouca e ofegante, soa em tom risonho, quase zombeteiro.

-Todos temos um apelido. - Volto a encará-lo, sem a mínima intenção de me afastar de seus braços - Posso tomar isso como um "sim" para minha proposta, senhor?

-É muito bom negociar com você, senhorita. - Recebi um último beijo na testa antes de nos afastarmos e Charlotte surgir entre as árvores.

-Eu estava a procurando! - Apoia-se ofegante contra um tronco enquanto busca por ar - Papai está chegando, a carruagem acabou de entrar na vila. O mensageiro veio na frente para nos avisar.

-Papai? Pensei que eles levariam mais três dias para vir.

-Sabe como mamãe é. - A caçula revira os olhos, do mesmo modo que nossa mãe faz quando é tomada pela impaciência - Apresse-se, Vic e Harry estão loucos a procurando. Isaac não lhe encontrou na biblioteca.

-Estou indo. - Viro-me para Daniel - Nos vemos depois, milorde?

-Claro, milady. Temos detalhes a acertar do nosso acordo.

-Sim. - Ele se aproxima o suficiente para conseguir falar baixo em meu ouvido - Consegue encontrar-me aqui à noite?

-Que horas?

-Meia-noite?

-Estarei aqui.

Volto correndo com Charlie na direção da casa de nossa irmã, foi impossível esconder o sorriso de felicidade em meu rosto. Quando entramos por uma porta lateral tudo estava um completo caos, os criados apressavam-se de um lado para o outro da casa carregando lençóis, pratarias, flores e tudo necessário para que a recepção de minha família seja perfeita.

-Por Deus, onde você estava? Ficamos loucos a sua procura! - Vic vem em nossa direção, sendo seguida por Harry e Isaac.

Meu irmão mantinha sua tradicional expressão neutra enquanto meu cunhado mantinha olhos de águia em seu esposa, minha irmã ostenta uma barriga grande demais para seu tamanho e acredito que secretamente Isaac tenha medo que o peso a faça tombar. Talvez seja por isso que tenha solicitado que viéssemos o mais depressa possível, o que justifica a presença de meus irmãos e a minha neste momento.

Papai tinha coisas a resolver em nossa propriedade, não planejando ausentar-se por muito tempo e Anthony vive ocupado com documentações na capital. Meu irmão mais velho iria com a esposa e com a filha pequena para a casa dos meus pais antes de se encaminharem para cá.

-Acordei cedo, pareceu-me uma boa ideia caminhar. Charlie me disse que eles estão chegando.

-Estão, confesso que os esperava para daqui alguns dias. - Harry come calmamente um biscoito enquanto nossa irmã mantém-se perigosamente agitada ao seu lado.

-Querida, eles chegarão em dez a quinze minutos, sente-se um pouco para descansar.

-Isaac, preciso assegurar que tudo estará na mais perfeita ordem. Não é momento para sentar.

-Vic, seus tornozelos estão inchados. Obedeça seu marido e aguardem todos na sala de visitas, eu mesma supervisionarei os preparativos.

-Tens certeza?

-É claro, nãos e preocupe tanto.

Meu irmão lança um olhar desconfiado em minha direção antes de seguir Victoria e Isaac até a sala de visitas, deixando-me sozinha com Charlie.

-Quando contará a todos a novidade?

-Logo, preciso conversar com ele primeiro, temos muitos detalhes do plano para acertar.

-O que preciso fazer por enquanto?

-Mantenha todos ocupados naquela sala e por favor mantenha minha versão da caminhada.

-Eu cobrei o suficiente para fazer isso, será fácil.

-Ótimo, por que não creio que Harry tenha acreditado tanto assim e sabe como é perigoso a desconfiança aumentar quando ele se juntar ao Tony.

-Deixe-os comigo, vá supervisionar o serviço antes que Vic tenha o bebê antes da hora.

-Charlie, não sei como as coisas seguirão com o decorrer do dia, mas precisarei de sua ajuda hoje.

-Conte-me mais.

-Me encontrarei com ele esta noite, no início da madrugada, consegue encobrir tudo para mim?

-Ficará devendo-me um favor.

-Feito.

-Ótimo!

É tão difícil contar apenas com o suporte de Charlie, não que seja pouca coisa, a pequena diabinha sabe fazer coisas inimagináveis. Todavia seria ótimo ter Vic como uma aliada, o problema é que a gravidez transformou-a em uma mulher muito temperamental e nada confiável para situações como esta.

Estou ansiosa para encontrar-me com Daniel, será que nos beijaremos outra vez? Não, não. Estou exagerando, ele aceitou minha proposta maluca, mas não passa disso. O próprio homem disse que teremos nossos próprios espaços pessoais e isso me leva a pensar em outras coisas que eu gostaria de ter falado, porém no momento de nervosismo - como sempre - acabei esquecendo.

Não quero ser traída, esse é um ponto absurdamente importante para mim, além do mais necessitamos trabalhar em sua autoestima, mesmo que eu só consigamos atuar nessa questão quando estivermos casados de fato. Ter uma paixão adolescente no homem pode ter influenciado em minha proposta, mas ele não precisa saber disso, certo? Certíssimo!

Mal precisei verificar os afazeres, a governanta se responsabilizara sobre tudo e quando garantiu-me que tudo estava em ordem pude tranquilizar minha irmã. Exatos sete minutos depois estamos aqui, parados diante da entrada observando a carruagem para e todos começarem a sair.

Papai é o primeiro a surgir e assim que ajuda mamãe a saltar, ambos correm em nossa direção para nos cumprimentar. Anthony ficou para trás, ajudando a esposa e a filha em suas decidas, estou surpresa. Pensei que ele não viria.

-Veja só você! - Mamãe acaricia a barriga de Vic enquanto eu e Charlie recebemos calorosos beijos de papai.

-Isaac. - Tony o cumprimenta, após um abraço em Harry.

-Tony.

-Como minha irmã tem passado?

-Vivendo como uma rainha.

-Ótimo, isso é realmente muito bom.

-Não seja tolo. - Vic os interrompe - Estamos legalmente casados, Anthony, não há nada que você posso fazer a respeito.

-Minha irmã, sempre há algo para se fazer a respeito.

Imagine quando Tony descobrir que serei deflorada por meu noivo secreto.

Capitão Irresistível - Os D'evill 03Where stories live. Discover now