Capítulo 21 - Bad dreams

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Noah Urrea

Acordei suando frio. Um nó havia se formado em minha garganta e meu coração batia compulsivamente. Demorei alguns segundos para me dar conta de que tinha sido apenas um pesadelo. Tudo pareceu tão real que me assustei.
Any dormia ao meu lado. Observo o subir e descer de seu peito, coberto apenas pela fina camada de tecido da camisola. Nessas horas, ter ela ao meu lado é imprescindível. Levo minha boca até seu ombro descoberto e deposito um beijo leve, sem nenhuma intenção de acordá-la.
Corri até o quarto de Matteo e me tranquilizei ao vê-lo num sono pesado, abraçado a um carro de pelúcia que ganhou da Any. Fui até a cama e o cobri, depois passei as mãos em seu cabelo encaracolado, ainda tentando acalmar minha respiração acelerada, por conta das minhas preocupações e sonhos que andam me assombrando. O pior pesadelo de um pai é imaginar que estão tirando um filho dos seus braços. Essa é a constante imagem mental que passa pela minha cabeça nessa semana todas as vezes que eu durmo.
Mas essa não é a única coisa que me aflige. Nos últimos dias tenho a impressão de que estou sendo seguido. E não é paranóia da minha cabeça. Um carro preto seguiu o meu desde a faculdade até a empresa, e outro dia, me seguiu até aqui. Não posso fazer uma denuncia, não nesse momento, acabaria com as minhas chances de vencer o processo, mas estou preocupado com isso. Pedi a um segurança da empresa que vigiasse Any e Matteo de longe apenas para ter certeza de que eles ficaram bem.
Volto ao meu quarto. Entro no banheiro e lavo o rosto com água fria. Hoje é o grande dia. O dia em que a vida do meu filho vai estar nas mãos de um juiz.
Pela escuridão que ainda se vê pela janela, imagino que falta algum tempo para que o despertador toque no horário de todos os dias. Mas me nego a deitar na cama outra vez. Não conseguirei dormir e isso só vai me deixar mais ansioso. E se com alguma sorte eu dormir, terei os mesmo pesadelos e não quero preocupar ninguém. É só mais hoje. Hoje tudo isso iria acabar de uma vez por todas.
Muitas vezes quando eu tinha crises de ansiedade, tomava banhos noturnos para me acalmar. A água caindo sobre mim tinha um poder de me deixar um pouco mais relaxado. Fechei a porta do banheiro com cuidado, não queria que o barulho do chuveiro acordasse Karol, já que o sono dela era leve.
Tirei minha calça de moletom, a única peça que eu vestia, e entrei no box, ligando o chuveiro em uma temperatura agradável ao corpo. Nem tão quente, nem tão fria. Fechei os olhos e repeti varias vezes na minha mente que depois de hoje, tudo se encaminharia bem. Que sairíamos do tribunal comemorando e que em alguns meses, Matteo estaria entrando em uma igreja com as alianças do casamento.
Por mais que tudo conspire para que a guarda dele permaneça comigo, todas as falhas que cometi durante esses anos latejam pela minha mente. E a falha mais grave, foi ter caído no jogo de André e ter bebido daquela maneira em um local público. Qualquer pessoa que me visse naquele estado pensaria que não tenho capacidade para cuidar de uma criança. Mas foi apenas um deslize, seres humanos cometem deslizes o tempo inteiro e eu espero com todas as forças que isso não tenha chegado até os ouvidos do juizado e que não interfira no processo.
Saio dos meus pensamentos ao ouvir o box se abrindo e sinto mãos no meu abdome.
- A cama fica vazia demais sem você. – ela diz me dando um beijo de leve nas costas.
- Não queria te acordar. – a voz dela indicava muito sono.
- Pesadelo? – pergunta fazendo massagem nos meus ombros.
- Sim. – respondo aproveitando o toque dela na minha pele.
- Fez bem em vir tomar banho, os pensamentos de desfazem por um tempo.
- Não está adiantando. Estou nervoso, amor. – confessei em um pedido escondido de ajuda e me virei de frente para ela. Para a minha noiva.
- Também estou. – ela disse fitando meus olhos – Não tive uma das minhas melhores noites de sono.
- Digo o mesmo. – puxei seu corpo e a beijei com necessidade, ela era meu ponto de fuga, meu escape, me concentrar nela me fazia esquecer, ao menos por alguns minutos, todo resto – Você precisa dormir. Não podemos estar com cara de cansaço na audiência. – falo terminando o beijo.
- Não vou descansar sabendo que essa sua cabeça está martelando coisas negativas sobre o assunto. Vou ficar aqui. A água está boa e sua companhia também. – não podia a amar mais do que a amo. Mesmo caindo de sono ela estava ali.
Continuamos ali por mais alguns minutos. Não fizemos nada demais, apenas beijos e caricias. Não era o momento para mais que isso. Assim que voltou para cama ela logo pegou no sono outra vez.
Busquei Matteo e o trouxe para passar o resto da noite conosco. Ele resmungou algumas coisas ao ser colocado na cama fria, mas também se rendeu ao sono e se aconchegou em mim.
 

The One - Adaptação Noany. [✔]Onde histórias criam vida. Descubra agora