Capítulo 22 - First time

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Noah Urrea


Preparar um casamento, além de muito desapego ao dinheiro, requer extrema paciência. Você nunca acha que existem tantos detalhes e coisas para escolher, a menos que seja o noivo. Minha mãe e a mão da Any estão num ritmo frenético, coordenando tudo e exigindo do cerimonial que cada coisa esteja perfeita. E ela também. Desde o dia que a conheci soube que ela sonhava e ter um casamento de princesa e eu não poderia dar menos que a melhor festa a ela.
Até agora a melhor parte foi escolher o lugar da festa e provar as comidas. O bolo, por mais que Sina tenha dado a ideia de que tivesse quinze camadas, vai ser simples, apenas com três e bem tradicional, branco com enfeite de noivinhos em cima. E claro, Matteo vai fazer parte do enfeite também, mas ele só vai saber no dia.
É bem exaustivo correr com as coisas do ultimo ano da faculdade e as do casamento ao mesmo tempo.  Mas eu tive consciência disso quando fiz o pedido a Any e também quando decidimos casar no final desse ano. Trabalhar na empresa dos meus pais ajuda muito, já que consigo fazer meus próprios horários e conciliar tudo, mas a ajuda maior nesse momento veio de um anjo chamado Wendy Urrea, que parece estar mais ansiosa para que eu case, do que eu mesmo. Sei que ela está orgulhosa por me ver construindo uma família e mais ainda por me ver feliz outra vez.
Any esta se mudando gradativamente aqui para casa. Aos poucos está trazendo as coisas dela e estamos organizando o espaço. Meu apartamento tem um tamanho que comporta tranquilamente três pessoas e não estamos nadando no dinheiro para comprar uma casa agora, que já temos os gastos da festa. Minha cama virou oficialmente nossa. Meu armário ganhou vestidos, lingeries, sapatos de salto, pijamas femininos e as roupas simples do estilo que ela tem. Ainda faltam várias coisas, mas aos poucos estamos nos ajeitando.
Coloquei Matteo para dormir enquanto Any tomava banho. Liguei a televisão, voltei para a cama e procurei alguma coisa no catalogo da Netflix, e senti o perfume de hidratante corporal feminino que emanava do banheiro do quarto. Pouco tempo depois tive a bela visão da minha noiva vestido apenas a parte de baixo da lingerie e sua costumeira regata de pijama.
Ela rodou a cama e deitou ao meu lado, acompanhei seus passos com o olhar. Apaixono-me por ela todos os dias. Não tenho a intenção de cair em uma mesmice, por isso todos os dias fico admirando-a e relembrando os motivos pelos quais ele é a mulher da minha vida.
- Já escolheu alguma coisa ou está só passeando pela lista de filmes, amor?
- Olhei a lista toda e tenho a impressão de que já assistimos a todos os filmes bons.
- Com a quantia de opções, duvido muito que já tenhamos visto tudo, mas se quiser, podemos ver uma série ou algum documentário. Tem alguns muito bons sobre as fases do crescimento das crianças. Aprendi muito sobre como lidar melhor com meus pequenos através deles.
- Você não precisa de muito, amor. As crianças te amam. – passei pela lista de documentários que ela indicou e o título “primeiras vezes” me chamou a atenção. Não pelo conteúdo, que provavelmente falaria sobre como as crianças aprendem, mas sim porque percebi que eu e Any nunca conversamos sobre como foram nossas primeiras relações. É lógico que não tenho a necessidade de saber isso, mas confesso que fiquei curioso – Amor, posso te fazer uma pergunta, digamos assim, invasiva?
- Que pergunta, Noah? – ela me encarou receosa e eu puxei seu corpo para mais perto.
- Nunca conversamos sobre nossas primeiras vezes. – passei meu polegar pela extensão do seu braço – Fiquei curioso pra saber como foi a sua. Não precisa detalhar, é só uma curiosidade. – ela riu do modo como expliquei.
- Fala você primeiro. – a voz dela saiu dengosa e seus olhos esperaram minha resposta.
- Foi boa. Com a Bianca. Aos dezesseis anos. E isso você já imaginava. Eu estava apaixonado, então posso dizer que não foi só por pressão ou curiosidade. Agora você.
- Também foi boa. E eu também estava apaixonada, então fluiu perfeitamente bem.
- Com quantos anos?
- Tinha acabado de fazer vinte. – olhei fixo para ela que escondeu o rosto, provavelmente corado, no travesseiro.
- Sério? – já passou mais de um ano que isso aconteceu e ela nunca tocou nesse assunto – Por que não me contou?
- Não achei que fosse preciso. Se você soubesse, teria sido diferente.
- É claro que teria. Não teria acontecido naquele momento, depois de um dos meus surtos. Teria sido mais especial. Quem sabe num lugar diferente.
- E quem disse que não foi? Quem disse que a nossa cama não é um bom lugar? Acho que só o fato de eu estar a chamando de nossa, já resume tudo. – ela acariciou meu rosto.
- Você merecia algo mais romântico, Any. – com certeza ela merecia ter uma primeira vez mais romântica que a que aconteceu. Que foi incrível, incrível mesmo, mas poderia ter sido algo mais digno do que ela merecia – Nossa lua-de-mel vai ter tudo que você sonhou pra compensar.
- Não preciso de muito. Só você já me basta.
- Assim você acaba comigo. – juntei nossos lábios de forma calma, mas o clima estava para mais que isso. No geral não somos um casal ao estilo cinquenta tons de cinza, na verdade somos bem diferente disso, mas sexo é algo muito normal e comum na nossa rotina, ainda que no quarto ao lado tenha uma criança de seis anos dormindo. Adaptamos nossa rotina de casal a isso.
- Esse seu papinho de primeira vez visava chegar nisso não é? – ela arqueou uma sobrancelha quando rolei meu corpo para cima do dela.
- Talvez. – sorri de canto levando as mãos para dentro da blusa dela.
 
- Paaaaaaaai. – ouvi o grito de Matteo, enquanto ainda tentava recuperar o fôlego. Ao meu lado, Any respirava com certa dificuldade também e uma camada de suor cobria seu corpo.
- Já vou filho. – gritei em resposta. Matteo raramente acordava durante a noite. No geral isso só acontecia quando ele estava com febre ou algum resfriado.
- Posso dormir aqui? – levei um susto ao perceber o quão perto a voz dele estava e reparar a presença dele do lado de fora do quarto, no corredor.
- Há quanto tempo está ai, Matteo? – Any puxou um lençol e se cobriu com a maior rapidez da história. Eu fiz o mesmo.
- Acabei de chegar. – ele disse ainda parado. Any acendeu a luz do criado mudo e conseguimos ver a figura dele sentada no corredor – Posso dormir com vocês? – perguntou segurando o travesseiro na mão.
- Teve um pesadelo, filho? – discretamente puxei minha calça que estava no pé da cama e vesti. Levantei e fui até ele.
- Eu acordei pra ver se não tinham monstros. – ele disse olhando para todos os lados e reparei a pequena lanterna em sua mão direita – Ouvi alguns barulhos. – olhei para Any que mordeu os lábios segurando o riso – Não ouviram nada?
- Eu, ouvi uma coisinha ou outra. – falei, chamado a atenção de Matteo enquanto Any também vestia uma roupa.
- Então é melhor eu ficar aqui, porque vocês podem precisar da ajuda de um super herói, caso os monstros apareçam. – concordei com ele. Obrigada vida por essa criança ainda ser pequena o suficiente para não saber o que são esses barulhos.
Coloquei Matteo na cama e Any deitou de novo depois de lavar o rosto e vestir um pijama. Ele se ajeitou entre nós, resmungou algumas coisas sobre monstros e super heróis e logo dormiu.
- Acha que ele viu alguma coisa? – não sabíamos quanto tempo ele ficou ali.
- Não. Pelo que conheço dele, se tivesse visto, estaria fazendo perguntas até agora. – ela sussurrou em resposta.
- Essa foi por muito pouco. – falei olhando meu filho dormir tranquilamente.
- Bem vindo ao mundo das descobertas.
 

The One - Adaptação Noany. [✔]Onde histórias criam vida. Descubra agora