DOCE VENENO - SPIN-OFF de Doce Tentação

Capítulo 9.

Capítulo 9 - Bônus Nicolas.

Quando voltei para o Brasil, eu não tinha ideia do que me esperava. Eu estava bem, em cuidar de Vanessa e me dedicar em fazê-la se sentir feliz e amada.

Mas quando eu a vi, as coisas mudaram.

Mônica sempre foi uma menininha para mim, alguém que eu tinha que cuidar. Mas nesses quase quatro anos, em que estive fora, ela se transformou em uma mulher linda. Uma mulher que me prendia a atenção e me fazia ficar preso em pensamentos.

Às vezes, eu me pegava pensando no que havia me dito anos atrás. A forma em como juntou coragem, para dizer que me amava, quando tinha apenas dezesseis anos, e a forma estúpida em que me afastei e fugi. Fico imaginando, como as coisas seriam, se eu tivesse aceitado seus sentimentos naquela época. As coisas poderiam ter dado certo? Nós dois ainda estaríamos juntos?

Suspiro e olho Vanessa ao meu lado, folheando uma revista.

Isso era injusto com ela. Eu sei. E Mônica já cansou de me dizer isso. Mas ninguém entende de verdade o que tínhamos.

Vanessa é uma amiga muito especial para mim, e eu simplesmente não fui capaz de vê-la sofrer sem fazer nada. Nosso relacionamento sempre foi baseado na minha vontade e empenho em protegê-la, cuidar dela. Eu não queria que se sentisse sozinha, não quando está passando por tanta coisa. Não quando está esperando a morte chegar.

-O que foi? - pergunta ela, tocando meu braço.

Olho seus olhos, que para todos podem parecer entediados, mas que sei que estão apenas cansados e sem esperança e lhe dou um sorriso.

-Nada. - digo a ela. - Só estava pensando no jantar de hoje a noite.

Vanessa suspira e arruma o cabelo atrás da orelha.

-Você sente alguma coisa por ela? - pergunta parecendo magoada.

- Não. Nada disso. - digo tocando sua mão. - Ela é minha prima, só estou preocupado em saber como é o namorado dela...

Vanessa me observa em dúvida e então larga a revista.

- Ele me pareceu cuidar bem dela. - diz ela. - ele foi muito bom com ela no acampamento.

Minha memória me puxa para as lembranças daquele dia e me sinto irritado. Eu não queria esse tipo de resposta. Esse cara, esse tal de Kurts, não era certo para ela. O jeito em que se pôs entre nós dois me faz querer quebrar a cara dele. Ele estava no meu caminho.

Não.

Eu percebo com pesar. Eu mesmo estou no meu caminho. Eu fui o único que a rejeitou e que voltou noivo.

As coisas podiam estar resolvidas entre nós, se eu apenas tivesse deixado Vanessa com sua família.

Quando meus olhos encontram o rosto de Vanessa me observando, me recrimino. Como eu podia pensar isso? Eu tinha uma vida inteira pela frente, ela tinha o quê? Meses? Talvez nem isso. O médico havia nos dito, quando levei Vanessa a uma consulta depois de ter desmaiado no banheiro, que a contagem de hemácias estava muito baixa, que Vanessa podia partir a qualquer momento.

- Eu acho que ele deve ser bom. - concordo com ela, tentando tirar aquela dúvida de seus olhos.

Vanessa se aninha ao meu lado no sofá e suspira, aceitando minha resposta.

Afago seus cabelos, sabendo que desde a consulta, ela estava mais do que aflita. Eram tantos problemas ao mesmo tempo. Eu sei a tristeza que ela carrega, pela família ser distante e a irmã estar sempre longe. Eu queria, muito, que ela tivesse mais tempo, para acertar tudo o que precisava.

- Tudo vai dar certo. - digo à ela, plantando um beijo no topo de sua cabeça.

-Estou com tanto medo. - diz ela em um sussurro.